sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

PONTO-E-VÍRGULA

Extraído da gramática de Pasquale Cipro Neto.


AS ORAÇÕES COORDENADAS E A PONTUAÇÃO
Separam-se por vírgula as orações coordenadas assindéticas e as orações coordenadas
sindéticas, com exceção das introduzidas pela conjunção e que não tenham sujeito
diferente do da oração anterior:
Alguns reclamam, um ou outro protesta, ninguém reivindica.
A exploração racional dos recursos naturais pode ser lucrativa, logo deve ser
incentivada num país pobre e subdesenvolvido.
A queimada de florestas nativas representa grande desperdício, mas continua a ser
praticada neste país.
No caso das orações coordenadas introduzidas pela conjugação e, devem-se anotar os
mesmos procedimentos aplicados aos termos coordenados de um período simples, ou
seja:
a) quando a conjunção surge apenas entre a penúltima e a última oração de uma
sequência, não se emprega vírgula:
Apresentei meus argumentos e fiz minhas exigências.
Participei da reunião, levei meu relatório. Apresentei meus pontos de vista e minhas
exigências.
b) quando a conjunção e é repetida, introduzindo várias orações de uma sequência, deve
ser sempre precedida de vírgula:
O menino girava em volta da mãe, e vinha, e torna a ir , e ainda mais uma vez voltava, e
se afastava, e ameaçava falar o que queria, e fazia meia volta…
c) a vírgula também deve ser usada quando a conjunção une orações que possuem
sujeitos diferentes:
O presidente convocou os ministros, e o Congresso começou a trabalhar.
Também o ponto-e-vírgula pode ser utilizado na pontuação das orações coordenadas,
especialmente com as orações adversativas e com as conclusivas:
Aja como quiser; mas não me impeça de pensar.
Os problemas se avolumam num ritmo alucinante; portanto é preciso adotar
providências cócientes com rapidez.
O uso do ponto-e-vírgula pode ocorrer também entre orações assindéticas que tenham
nítido valor adversativo ou conclusivo:
Fiz o possível para demovê- los daquela idéia; não consegui absolutamente nada.
Os livros são raros; e preciso conservá-los com todo o cuidado.
O ponto-e-vírgula é obrigatório para separar coordenadas sindéticas adversativas ou
conclusivas que não sejam iniciarias pela conjunção. Note que, nesses casos, as
conjunções deslocadas devem ser isoladas por vírgulas:
Uns lutam, criam; outros, porém, só sabem explorar.
O país investe pouco em educação; não há, portanto, perspectiva de eliminar o atraso.

Para enfatizar a oração coordenada adversativa, alguns preferem separá-la da anterior
por ponto final. Mas convém reservar esse recurso para momentos especiais, evitando
transformá-lo num cacoete lingüístico.
O ponto-e-vírgula permite organizar blocos de orações coordenadas que estabelecem
contraste:
Uns avançam os sinais vermelhos, oprimem os pedestres nas faixas de segurança,
estacionam em fila dupla e ostentam pose de bons cidadãos; outros nascem na miséria,
crescem nas ruas, vendem goma de mascar nas esquinas e acabam recebendo destaque
nas reportagens policiais.
O ponto-e-vírgula deve ser usado para separar os membros de uma enumeração:
Numa eleição, é preciso levar em conta:
a) o perfil ideológico e o programa de cada partido;
b) a atuação dos membros do partido em gestões anteriores;
c) a qualidade individual dos candidatos do partido.

ORAÇÕES SUBORDINADAS ADVERBIAIS

Extraído da gramática de Pasquale Cipro Neto.


ORAÇÕES SUBORDINADAS ADVERBIAIS
- nota da ledora: propaganda de Valisere: adolescente vestindo calcinha e sutiã,
mantendo um comportamento infantil, ( sentada à moda indígena-pernas cruzadas na
cadeira), e o seguinte texto: - Quando uma menina vira mulher, os homens viram
meninos.
- fim da nota.
Neste capítulo, você vai estudar a última parte do período composto por subordinação,
com as orações subordinadas adverbiais, isto é, aquelas que exercem a função de
adjunto adverbial do verbo da oração principal. No texto do anúncio acima, a oração
subordinada adverbial é "Quando uma menina vira mulher", que agrega uma
circunstância de tempo à oração principal.
1 INTRODUÇÃO
Você já sabe que uma oração subordinada adverbial exerce a função de adjunto
adverbial do verbo da oração principal. Observe:
Naquele momento, senti uma das maiores emoções de minha vida. Quando vi a Pietá,
senti uma das maiores emoções de minha vida.
No primeiro período, "naquele momento" e um adjunto adverbial de tempo, que
modifica a forma verbal senti. No segundo período, esse papel é exercido pela oração
"Quando vi a Pietá", que é, portanto, uma oraçao subordinada adverbial temporal. Essa
oração é desenvolvida, já que é introduzida por uma conjunção subordinativa (quando)
e apresenta uma forma verbal do modo indicativo (vi, do pretérito perfeito do
indicativo). Seria possível reduzi-la, obtendo algo como:
Ao ver a Pietá, senti uma das maiores emoções de minha vida.
"Ao ver a Pietá" é uma oração reduzida porque apresenta uma das formas nominais do
verbo (ver é infinitivo) e não é introduzida por conjunção subordinativa, mas sim por
uma preposição (a, combinada com o artigo o).

ADJUNTOS ADVERBIAIS

TEXTO EXTRAÍDO DA GRAMÁTICA DO PROFESSOR PASQUALE CIPRO NETO.


ASPECTOS SEMÂNTICOS: AS CIRCUNSTÂNCIAS
Ao estudar os adjuntos adverbiais, você viu que sua classificação é feita com base nas
circunstâncias que exprimem. Com as orações subordinadas adverbiais ocorre a mesma
coisa. A diferença fica por conta da quantidade: há apenas nove tipos de orações
subordinadas adverbiais, enquanto os adjuntos adverbiais são pelo menos quinze. As
orações adverbiais adquirem grande importância para a articulação adequada de idéias e
fatos e por isso são fundamentais num texto dissertativo, como você poderá constatar a
seguir.
Você fará agora um estudo pormenorizado das circunstâncias expressas pelas orações
subordinadas adverbiais. É importante compreender bem essas circunstâncias e observar
atentamente as conjunções e locuções conjuntivas utilizadas em cada caso.
CAUSA
A idéia de causa está diretamente ligada àquilo que provoca um determinado fato.
As orações subordinadas adverbiais que exprimem causa são chamadas causais.
A conjunção subordinativa mais utilizada para a expressão dessa circunstância é porque.
Outras conjunções e locuções conjuntivas muito utilizadas são como (sempre
introduzindo oração adverbial causal anteposta à principal), pois, lá que, uma vez que,
visto que. Observe:
As ruas ficaram alagadas porque a chuva foi muito forte.
Como ninguém se interessou pelo projeto, não houve outra alternativa a não ser cancela-lo.
Já que você não vai, eu não vou.
Por ter muito conhecimento (= Porque/Como tem muito conhecimento), é sempre
consultado. (reduzida de infinitivo)

CONSEQUENCIA


A idéia de conseqüência está ligada àquilo que é provocado por um determinado fato.
As orações subordinadas adverbiais consecutivas exprimem o efeito, a conseqüência
daquilo que se declara na oração principal. Essa circunstância é normalmente
introduzida pela conjunção que, quase sempre precedida, na oração principal, de termos
intensivos, como tão, tal, tanto, tamanho. Observe:
A chuva foi tão forte que em poucos minutos as ruas ficaram alagadas.
Tal era sua indignação que imediatamente se uniu aos manifestantes.
Sua fome era tanta que comeu com casca e tudo.
- nota da ledora:
OBSERVAÇÃO - É comum que o termo intensivo da oração principal fique
subentendido, como na popular estrutura. - Ele é feio que dói -. A intensidade, no caso,
é dada pela entonação, pelo modo de pronunciar a palavra feio: - ele é ffffeio que doi(
atenção: feio esta mesmo com quatro efes, no texto), ou seja, - Ele é tão feio que sua
feiúra chega a doer .
- fim da nota.


CONDIÇÃO


Condição é aquilo que se impõe como necessário para a realização ou não de um fato.
As orações subordinadas adverbiais condicionais exprimem o que deve ou não ocorrer
para que se realize ou deixe de se realizar o fato expresso na oração principal. A
conjunção mais utilizada para introduzir essas orações é se; além dela, podem-se utilizar
caso, contanto que, desde que, salvo se, exceto se, a menos que, sem que, uma vez que
(seguida do verbo no subjuntivo). Observe:
Uma vez que você aceite a proposta, assinaremos o contrato.
Caso você se case, convide-me para a festa.
Não saia sem que eu permita.
Se o regulamento do campeonato for bem elaborado, certamente o melhor time será
o campeão.
Conhecendo os alunos ( = Se conhecesse os alunos), o professor não os teria punido.
(oração reduzida de gerúndio)


CONCESSÃO

A idéia de concessão está diretamente ligada à idéia de contraste, de quebra de
expectativa. De fato, quando se taz uma concessão, não se faz o que é esperado, o que é
normal. As orações adverbiais que exprimem concessão são chamadas concessivas. A
conjunção mais empregada para expressar essa relação é embora; além dela, podem ser
usadas a conjunção conquanto e as locuções ainda que, ainda quando, mesmo que, se
bem que, apesar de que. Observe:
Embora fizesse calor; levei agasalho.
Conquanto a economia tenha crescido, pelo menos metade da população continua à
margem do mercado de consumo. Foi aprovado sem estudar (= sem que
estudasse / embora não estudasse). (reduzida de infinitivo)
- nota da ledora: quadro de destaque na página;

OBSERVAÇÃO

A locução posto que é dada nos dicionários como equivalente a embora, ou seja, é
indicada como concessiva: aprovado, posto que não estudasse". Na linguagem corrente,
no Brasil, esse emprego não se verifica. Tem-se entanto, o uso dessa locução para idéia
de explicação ou causa, como em um poema de Vinicius de Moraes, "Soneto de
fidelidade", em que há uma célebre passagem que diz:

"Que não seja imortal, posto que é
chama, mas que seja infinito enquanto dure".

É evidente que o poeta não usou a locução
posto que com o sentido que está nos dicionários.
- fim do quadro.

- nota da ledora: quadrinho de desenho, representando pai e filha, no sofá. A menina
brinca com uma boneca. O pai diz: - apesar de ser muito madura, minha filha ainda
gosta de brincar de boneca. - dirigindo-se a filha diz, marotamente: - que boneca linda,
filha. Qual o nome dela? A menina com um olhar freudiano, ou quem sabe pensando
como não sobrou muito, de inteligência útil, no pai-curuja, que parece embasbacado -
responde: - É a Jane. Ela é cheia de problemas. Casou cedo, virgem, se apaixonou pelo
primo, deixou o marido… - o pai aparenta estar apatetado.
- fim da nota.


Apesar de ser muito madura (1o. quadrinho) é subordinada adverbial concessiva, pois
estabelece contraste com a oração principal Mas como o leitor descobre no último
quadrinho, a garotinha brinca de boneca de um modo nada inocente…


COMPARAÇÃO
As orações subordinadas adverbiais comparativas contêm fato ou ser comparado a fato
ou ser mencionado na oração principal. A conjunção mais empregada para expressar
comparação é como; além dela, utilizam-se com muita freqúência as estruturas que
formam o grau comparativo dos adjetivos e dos advérbios: tão... como (quanto), mais
(do) que, menos (do) que. Observe:
Ele dorme como um urso (dorme).
Sua sensibilidade é tão afinada quanto sua inteligência (é).
Como se pode perceber nos exemplos acima, é comum a omissão do verbo nas orações
subordinadas adverbiais comparativas. Isso só não ocorre quando se comparam ações
diferentes ("Ela fala mais do que faz." - nesse caso, compara-se o falar e o fazer).


CONFORMIDADE


As orações subordinadas adverbiais conformativas indicam idéia de conformidade, ou
seja, exprimem uma regra, um caminho, um modelo adotado para a execução do que se
declara na oração principal. A conjunção típica para exprimir essa circunstância é
conforme; além dela, utilizam-se como, consoante e segundo (todas com o mesmo valor
de conforme).

Observe:

Fiz o bolo conforme ensina a receita.
Consoante reza a Constituição, todos os cidadãos têm direitos iguais.
Segundo atesta recente relatório do Banco Mundial, o Brasil é o campeão
mundial de má distribuição de renda.


FINALIDADE

As orações subordinadas adverbiais finais exprimem a intenção, a finalidade do que se
declara na oração principal. Essa circunstância é normalmente expressa pela locução
conjuntiva a fim de que; além dela, utilizam-se a locução para que e, mais raramente, as
conjunções que e porque ( = para que). Observe:
Vim aqui a fim de que você me explicasse as questões.
Fez tudo porque eu não obtivesse bons resultados. (- para que eu não obtivesse...)
Suportou todo tipo de humilhação para obter o visto americano. (= para que obtivesse...)
(reduzida de infinitivo)

- nota da ledora: anúncio da seguradora Itaú: foto de neném, de aproximadamente 6
meses de idade, deitadinho de costas e nuzinho, apresentando o seguinte texto: -" Estão
usando mulher pelada até para vender seguro de vida "- referência a nudez da criança
que deve ser, objeto de amor maior e proteção, na figura de um filho, beneficiário de
seguro.
- fim da nota.

"Para vender seguro de vida" é uma oração subordinada adverbial final.


PROPORÇÃO

As orações subordinadas adverbiais proporcionais estabelecem relação de proporção ou
proporcionalidade entre o processo verbal nelas expresso e aquele declarado na oração
principal. Essa circunstância normalmente é indicada pela locução conjuntiva à
proporção que; além dela, utilizam-se à medida que e expressões como quanto mais,
quanto menos, tanto mais, tanto menos. Observe:
Quanto mais se aproxima o fim do mês, mais os bolsos ficam vazios.
Quanto mais te vejo, mais te desejo.
Á medida que se aproxima o fim do campeonato, aumenta o interesse da torcida pela
competição.
À proporção que se acumulam as dívidas, diminuem as possibilidades de que a empresa
sobreviva.



TEMPO



As orações subordinadas adverbiais temporais indicam basicamente idéia de tempo.
Exprimem fatos simultâneos, anteriores ou posteriores ao fato expresso na oração
principal, marcando o tempo em que se realizam. As conjunções e locuções conjuntivas
mais utilizadas são quando, enquanto, assim que, logo que, mal, sempre que, antes que,
depois que, desde que. Observe:
"Quando você foi embora, fez-se noite em meu viver." (Milton Nascimento & Fernando
Brant)
"Enquanto os homens exercem seus podres poderes, motos e fuscas avançam os sinais
vemelhos e perdem os verdes: somos uns boçais (Caetano Veloso)
Mal você saiu, ela chegou.
Terminada a festa, todos se retiraram. ( Quando terminou a festa) (reduzida de
particípio)
- nota da ledora: quadro de destaque na página
OBSERVAÇÃO
Mais importante do que aprender a classificar as orações subordinadas adverbiais é
interpretá-las adequadamente e utilizar as conjunções e locuções conjuntivas de maneira
eficiente. Por isso, é desaconselhável que você faça o que muita gente costuma indicar
como forma de "aprender as orações subordinadas adverbiais": "descabelar-se" para
decorar listas de conjunções e, com isso, conseguir dar um rótulo as orações.

Essa prática, além de fazer com que você se preocupe mais com nomenclaturas do que com o uso efetivo das estruturas lingüisticas, é inútil quando se consideram casos mais sutis de
construção de frases.

Observe, nas frases seguintes, o emprego da conjunção como em
diversos contextos: em cada um deles, ocorre uma oração subordinada adverbial
diferente. Como seria possível reconhecê-las se se partisse de uma lista de conjunções
"decoradas"? É melhor procurar compreender o que efetivamente está sendo declarado.
Como dizia o poeta, "a vida é a arte do encontro" (valor de conformidade)
Como não tenho dinheiro, não poderei participar da viagem. (valor de causa)
"E cai como uma lágrima de amor." (Antônio Carlos Jobim & Vinicius de Moraes)
(valor de comparação)


Há até casos em que a classificação depende do contexto: "Como o jornal noticiou, o
teatro ficou lotado". A oração subordinada adverbial pode ser causal ou conformativa,
dependendo do contexto.

CLASSIFICACÃO DAS ORAÇÕES COORDENADAS SINDÉTICAS

TEXTO EXTRAÍDO DA GRAMÁTICA DO PROFESSOR PASQUALE CIPRO NETO.
CLASSIFICACÃO DAS ORAÇÕES COORDENADAS SINDÉTICAS


ADITIVAS


As coordenadas sindéticas aditivas normalmente indicam fatos ou acontecimentos
dispostos em sequência. A palavra aditiva é da mesma família da palavra adição, que,
como você sabe, significa "soma". Portanto, as coordenadas aditivas normalmente têm o
papel de somar, sem acrescentar outro matiz de significação. As conjunções
coordenativas aditivas típicas são e e nem (e + não):
Caetano Veloso canta e compõe muito bem.
Ela não trabalha nem estuda.


Como a conjunção nem tem o valor da expressão "e não", condena-se na língua culta a
forma e nem para introduzir orações aditivas.
A língua portuguesa dispõe também de estruturas correlativas para coordenar orações.
Essas estruturas, conhecidas como séries aditivas enfáticas, costumam ser usadas
quando se pretende enfatizar o conteúdo da segunda oração:

Caetano Veloso não só canta, mas também (ou como também) compõe muito bem.
Ele não só foi o melhor do time, mas também (ou como também) fez o gol da vitória.


ADVERSATIVAS


As orações coordenadas sintéticas adversativas exprimem fatos ou conceitos que se
opõem ao que se declara na oração coordenada anterior,
estabelecendo contraste ou compensação. A palavra adversativa é da mesma família da
palavra adversário, que, como você sabe, significa "opositor".

A conjunção coordenativa adversativa típica é mas; além dela, empregam-se porém, contudo, todavia, entretanto e as locuções no entanto, não obstante. Observe:

"Eu queria querer-te e amar o amor construirmos dulcíssima prisão, encontrar a mais
justa adequação, tudo métrica, rima, nunca dor, mas a vida é real e de viés."
(Caetano Veloso)
O Brasil tem potencial inesgotável; sua má administração, porém, tem produzido apenas
a sociedade mais injusta do planeta.
O time jogou muito bem, entretanto não conseguiu a vitória.


Em textos clássicos, é possível encontrar a conjunção entanto, que hoje só é empregada
na locução no entanto. Quanto a esta locução, convém não imitar uma construção cada
vez mais comum tanto na língua falada como na escrita: - Lutamos muito, mas, no
entanto, não conseguimos o que queríamos. Mas e no entanto se equivalem; portanto,
- basta usar uma das duas.


ALTERNATIVAS

A palavra alternativa é da mesma família das palavras alternância, alternar. É óbvio,
pois, que as orações coordenadas sindéticas alternativas exprimem fatos ou conceitos
que se alternam ou que se excluem mutuamente. Essa relação é normalmente expressa
pela conjunção ou (que pode surgir isolada ou em pares); além dela, empregam-se os
pares ora...
ora...ora…, ja... ja..., quer... quer... Observe:
Fale agora, ou cale-separa sempre.
Ora age com calma, ora trata a todos com muita aspereza.
Estarei lá quer você permita, quer você não permita.
Nesse último caso, o par quer... quer... está coordenando entre si duas orações que, na
verdade. expressam concessão em relação a "Estarei lá". É como se dissesse "Embora
você não permita, estarei la".


OBSERVAÇÃO
Na língua culta, não se aceita construções como : - Estarei la, quer chova ou faça sol -
ou Esta sempre alegre, seja dia de trabalho ou de festa. É necessário manter o
paralelismo, repetindo a conjunção - quer chova, quer faça sol -; seja dia de festa, seja
dia de trabalho.



CONCLUSIVAS

A palavra conclusiva é da mesma família das palavras concluir, conclusão.
Evidentemente, as orações coordenadas sindéticas conclusivas expressam uma
conclusão lógica que se obtém a partir dos fatos ou conceitos expressos na oração
anterior. A conjunção mais empregada na língua falada é por isso. Na língua escrita,
aparecem outras, como logo, portanto e pois, esta obrigatoriamente posposta o verbo.
Também se usam então, assim e as locuções por conseguinte, de modo que, em vista
disso. Observe:

Não tenho dinheiro, portanto não posso pagar.
"Penso, logo existo."
Ela é paulista; é, pois, brasileira.
O time venceu, por isso está classificado.


EXPLICATIVAS


As orações coordenadas explicativas normalmente expressam a justificativa de uma
ordem, sugestão ou suposição. As conjunções mais usadas são que, porque e pois, esta
obrigatoriamente anteposta ao verbo. Observe:

" Deixe em paz meu coração, que ele é um pote até aqui de mágoa " (Chico Buarque)
Choveu durante a noite, porque as ruas estão molhadas.
Cumprimente-o, pois hoje é seu aniversário.

É preciso tomar cuidado para não confundir explicação com causa, ou seja, não se
devem confundir as orações coordenadas explicativas com as subordinadas adverbiais
causais. Uma explicação é sempre posterior ao fato que a gerou; uma causa é sempre
anterior à conseqüência resultante dela. Nas frases acima, é fácil perceber que não se
estão indicando causas, e sim se apresentando explicações:

no primeiro caso, alguém pede que o deixem em paz e explica por que está fazendo o
pedido; no segundo caso, alguém supõe que tenha chovido durante a noite e baseia sua
suposição no fato de as ruas estarem molhadas. Note, nesse segundo caso, que seria
absurdo pensar que as ruas molhadas são a causa da chuva - o que ocorre é exatamente
o inverso. Se o fato de as ruas estarem molhadas fosse a causa da chuva, estaria
resolvido o problema da seca no Brasil:
bastaria molhar as ruas das cidades do sertão.


- nota da ledora: desenho de quadrinhos.
1o. quadro - dois detetives observam um homem engravatado, e carregando uma pasta.
Um detetive diz ao outro: - Algo não me cheira bem, Tuminha! Vamos dar campana ao
elemento que ele deve ter culpa no cartório! - responde o outro: - positivo Tumão. Que
faro!.

2o. quadro:- Tuminha diz a Tumão: - Como é que você consegue farejar pistas deste
jeito?
3o. quadro: - Intuição Tuminha, pura intuição! - ao que responde Tuminha com um
chorinho: - snif! - complementação da nota - a intuição do Tumão advém do rastro de
pó branco que esta caindo da maleta do elemento suspeito, e deixando uma fileira de
rastro atrás dele.
- fim da nota.
No 1o. quadro, ocorre uma oração coordenada sindética explicativa: 'que ele deve ter
culpa no cartório'; infelizmente sem vírgula separando-a da oração precedente
- nota da ledora: quadro de destaque na página.


OBSERVAÇÕES
1. É preciso, no caso das coordenadas, levar em conta que a classificação depende
fundamentalmente da relação de sentido que se estabelece entre as orações. A
conjunção e, por exemplo, é sempre vista como aditiva. Num período como "Deus cura,
e o médico manda a conta.", é evidente que seu valor não é aditivo. O período, na
verdade, equivale a algo como "Deus cura, mas é o médico quem manda a conta.". Em
"Você me quer forte, e eu não sou forte mais.", ocorre o mesmo. A conjunção e equivale
a mas, portanto tem valor adversativo e assim deveria ser classificada.

Para a Nomenclatura Gramatical Brasileira, no entanto, vale a forma. A conjunção e é aditiva e fim. Nos vestibulares mais requintados, felizmente, essa visão limitada já está fora de moda. A classificação leva em conta o sentido efetivo.

2. Há orações coordenadas assíndéticas que possuem claramente valor de sindéticas,
porque apresentam um conectivo subentendido. Veja:
Fiz o possível para prevenir-lhes o perigo; ninguém quis ouvir-me.
Fale baixo: não sou surdo!
A terceira oração do primeiro período ("ninguém quis ouvir-me") e a segunda do
segundo ("não sou surdo"), apesar de formalmente assindéticas, já que não apresentam
conjunção, têm sentidos bem marcados: a primeira tem valor adversativo (equivale a
"mas ninguém quis ouvir-me"); a segunda, explicativo (equivale a "pois não sou
surdo").

Por isso convém insistir em que você se preocupe mais com o uso efetivo das estruturas
linguísticas do que com discussões às vezes intermináveis sobre questões de mera
nomeclatura. - fim do quadro.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

ORAÇÕES COORDENADAS




FONTE: Gramática do professor Pasquale Cipro Neto

1 INTRODUÇÃO

As orações coordenadas são sintaticamente independentes; uma não exerce função
sintática em relação à outra. Note que na palavra coordenação existe o prefixo co-, que
indica "nivelamento, igualdade, companhia ; e o mesmo prefixo de cooperar, co-líder,
co-piloto. Na palavra subordinação existe o prefixo sub-, que indica posição inferior: a
oração subordinada é sintaticamente dependente da principal.

ORAÇÕES SINDÉTICAS E ASSINDÉTICAS


Você já sabe que num período composto por coordenação as orações são independentes
e sintaticamente equivalentes. Isso significa que as oraçôes coordenadas não agem como
se fossem termos de outra oração, nem têm um de seus termos na forma de oração.
Observe:
"Apita o árbitro, abrem-se as cortinas e começa o espetáculo." (Fiori Gigliotti)

Há três orações nesse período, organizadas a partir das formas verbais apita, abrem-se e
começa. Essas orações são sintaticamente equivalentes, já que nenhuma delas atua como termo sintático de outra. As orações são completas, não lhes falta nenhum termo. Não é difícil para você, que já conhece as orações subordinadas, perceber claramente isso.

Trata-se, portanto, de um período composto por coordenação - e as três orações que o
formam são coordenadas.

A conexão entre as duas primeiras orações é feita exclusivamente por uma pausa,
representada na escrita por uma vírgula. Entre a segunda e a terceira, é feita pela
conjunção e. As orações coordenadas que se ligam umas às outras apenas por
uma pausa, sem conjunção, são chamadas assindéticas. É o caso de "Apita o árbitro" e
"abrem-se as cortinas". As orações coordenadas introduzidas por uma conjunção são
chamadas sindéticas. Sindéticas e assindéticas são palavras de origem grega; a raiz é
syndeton, que significa "união". No exempIo acima, a oração "e começa o espetáculo" é
coordenada sindética, porque é introduzida pela conjunção e. Costuma-se chamar de
coordenada inicial a primeira oração de um período composto por coordenação.


A classificação de uma oração coordenada leva em conta fundamentalmente o aspecto
lógico-semântico da relação que se estabelece entre as orações. Você começa a perceber
isso já nos nomes das cinco coordenadas sindéticas, que podem ser sub-classificadas em
aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas e explicativas.

CONCORDÂNCIA IDEOLÓGICA

FONTE: Gramática do professor Pasquale Cipro Neto



Você pôde ler neste capítulo que muitas vezes os mecanismos de CONCORDÂNCIA
podem ser contaminados pela significação de palavras e expressões. Essa contaminação
às vezes faz a CONCORDÂNCIA formal e lógica ser substituida pela
CONCORDÂNCIA ideológica e psicológica. Em outras palavras: o falante às vezes é
levado a colocar um verbo ou adjetivo no plural ou no singular não porque o sujeito ou
substantivo tenha essa forma, mas sim porque significa isso. As vezes, a alteração diz
respeito à pessoa gramatical ou ao gênero gramatical.
A CONCORDÂNCIA ideológica é chamada de silepse. Ocorrem silepses de número,
gênero e pessoa.
A silepse de número ocorre particularmente quando o sujeito é um coletivo e o verbo
passa a concordar no plural:
O público chegou muito cedo. Como o sol era forte e o calor, intenso, começaram a
pedir aos bombeiros que jogassem água.
Você notou que o sujeito da primeira oração é público, singular com idéia de plural.
A forma verbal chegou está no singular. No período seguinte, o verbo passou para o
plural (começaram). Isso se explica pelo distanciamento e pela conseqüente perda da
força da forma da palavra público. Passa a prevalecer o seu significado, plural (as
pessoas, ou algo equivalente).


Outra forma de silepse de número ocorre quando se utiliza o chamado "plural de
modéstia", em que a pessoa que fala ou escreve refere-se a si mesma como nós.
Os adjetivos referentes ao falante surgem no singular:
Nossas músicas fazem muito sucesso lá, o que nos deixa satisfeito e comovido.
A silepse de gênero ocorre quando se troca o masculino pelo feminino ou vice-versa:
Vossa Excelência está frustrado?
Sua Santidade ficou impressionado com a acolhida.
Alguém está com saudades e quer que você vá vê-Ia.
São Paulo continua caótica, bárbara e violenta.
A silepse de pessoa é bastante comum quando quem fala ou escreve se inclui num
sujeito de terceira pessoa:
Os brasileiros decentes queremos que acabem a impunidade e os privilégios.
Todos sabemos quais as soluções de que o Brasil precisa.
Na língua coloquial, é comum a silepse de pessoa com a forma "a gente":
"A gente somos inútil."
No padrão culto, essa construção é inaceitável.

CONCORDÂNCIA NOMINAL

FONTE: Gramática do professor Pasquale Cipro Neto

REGRAS BÁSICAS

A CONCORDÂNCIA nominal se ocupa da relação entre os nomes, ou seja, entre as
classes de palavras que compõem o chamado grupo nominal (substantivos, adjetivos,
pronomes, artigos e numerais). Para estudar como essa relação se estabelece, é
necessário lembrar que adjetivos e palavras de valor adjetivo podem atuar como
adjuntos adnominais ou predicativos dos substantivos a que se referem. No estudo que
você fará a partir de agora, considere que o comportamento dos adjetivos é extensivo às
outras palavras de emprego adjetivo.
Quando atuam como adjuntos adnominais de um único substantivo, os adjetivos
concordam em gênero e número com esse substantivo:
Suas mãos frias denunciavam o que sentia naquele momento.
Quando atuam como adjuntos adnominais de dois ou mais substantivos, os adjetivos
antepostos devem concordar com o substantivo mais próximo. Quando estão pospostos
aos substantivos, os adjetivos pedem concordar com o substantivo mais próximo ou
com todos eles. Observe:
A empresa oferece perfeita localização e atendimento.
A empresa oferece perfeito atendimento e localização.
A empresa oferece localização e atendimento perfeitos.
A emprésa oferece localização e atendimento perfeito.
A empresa oferece atendimento e localização perfeita.
A empresa oferece atendimento e localização perfeitos.
A forma adotada no terceiro e no sexto exemplo é a mais clara, pois indica que o
adjetivo efetivamente se refere aos dois substantivos. Você notou que, nesses casos, o
adjetivo foi flexionado no plural masculino, que é o gênero predominante quando há
substantivos de gêneros diferentes.
O adjetivo anteposto a nomes próprios deve sempre concordar no plural:
O disco Tropicália 2 é uma obra-prima dos brilhantes Caetano Veloso e Gilberto Gil.






Quando um adjetivo atua como predicativo de um sujeito ou de um objeto compostos,
concorda com todos os núcleos desses termos. Se o predicativo do sujeito estiver
anteposto ao sujeito, pode concordar apenas com o núcleo mais próximo (coisa que
acontece também com o verbo da oração):
Mãe e filho são talentosos.
Marido e mulher são bem-educados.
Considero inteligentes a professora e a aluna.
Julguei desconexas sua atitude e suas palavras.
São vergonhosos a pobreza e o desamparo.
É vergonhosa a pobreza e o desamparo.

Quando um único substantivo é modificado por dois ou mais adjetivos no singular,
podem ser usadas as construções:
Admiro a cultura italiana e a francesa.
Admiro as culturas italiana e francesa.
A construção:
Estudo a cultura italiana e francesa. provocaria incerteza (trata-se de duas culturas
distintas ou de uma única, ítalo-francesa?). Por isso, deve ser evitada.
No caso de numerais ordinais antepostos a um único substantivo, podem ser usadas as
construções:
Convoquei os alunos da primeira e da segunda série
ou
Convoquei os alunos da primeira e segunda séries.