o escriba Valdemir Mota de Menezes leu o texto abaixo na GRAMÁTICA E INTERPRETAÇÃO DE
TEXTOS da PROFESSORA: DAYHANE ESCOBAR e aprendeu ainda mais as regras da língua portuguesa
10) Conjunções e locuções conjuntivas
Conjunção é a palavra que liga duas orações ou, em poucos casos, dois elementos de mesma natureza. Pode-se entender também como a palavra que introduz uma oração, que pode ser coordenada ou subordinada.
É sumamente importante para a interpretação e a compreensão de textos o conhecimento das conjunções e locuções correspondentes.
Da mesma forma que as preposições, as conjunções não têm referentes propriamente ditos. Cumpre reconhecer o valor de cada uma, para que se entenda o sentido das orações em português e, consequentemente, do texto em que elas aparecem.
Conjunções coordenativas
São as que iniciam orações coordenadas. Podem ser:
1) Aditivas: estabelecem uma adição, somam coisas ou orações de mesmo valor.
Principais conjunções: e, nem, mas também, como também, senão também, como, bem como, quanto.
Ex.: Fechou a porta e foi tomar café.
Não trabalha nem estuda.
Tanto lê como escreve.
Não só pintava, mas também fazia versos.
Não somente lavou, como também escovou os cães.
2) Adversativas: estabelecem idéias opostas, contrastantes.
Principais conjunções: mas, porém, contudo, todavia, entretanto, no entanto, não obstante, senão, que.
Ex.: Correu muito, mas não se cansou.
As árvores cresceram, porém não estão bonitas.
Falou alto, todavia ninguém escutou.
Chegamos com os alimentos, no entanto não estavam com fome.
Não o culpo, senão a você.
Peça isso a outra pessoa, que não a mim.
Observações
a) Em todas as frases há ideia de oposição. Se a pessoa corre muito, deve ficar cansada. A palavra mas introduz uma oração que contraria isso. O mesmo ocorre com as outras conjunções e suas respectivas orações.
b) Às vezes, a palavra e, normalmente aditiva, assume valor adversativo.
Ex.: Fiz muito esforço e nada consegui, (mas nada consegui)
3) Conclusivas: estabelecem conclusões a partir do que foi dito inicialmente.
Principais conjunções: logo, portanto, por conseguinte, pois (colocada depois do verbo), por isso, então, assim, em vista disso.
Ex.: Chegou muito cedo, logo não perdeu o início do espetáculo.
Todos foram avisados, portanto não procedem as reclamações.
É bastante cuidadoso; consegue, pois, bons resultados.
Estava desanimado, por conseguinte deixou a empresa.
É trabalhador, então só pode ser honesto.
4) Alternativas: ligam idéias que se alternam ou mesmo se excluem.
Principais conjunções: ou, ou...ou, ora...ora, já...já, quer...quer.
Ex.: Faça sua parte, ou procure outro emprego.
Ora narrava, ora comentava.
“Já atravessa as florestas, já chega aos campos do Ipu.” (José de Alencar)
5) Explicativas: explicam ou justificam o que se diz na primeira oração.
Principais conjunções: porque, pois, que, porquanto.
Ex.: Chorou muito, porque os olhos estão inchados.
Choveu durante a madrugada, pois o chão está alagado.
Volte logo, que vai chover.
Era uma criança estudiosa, porquanto sempre tirava boas notas.
Observações
a) Essas conjunções também podem iniciar orações subordinadas causais, como veremos adiante.
b) Depois de imperativo, elas só podem ser coordenativas explicativas, como no terceiro exemplo.
Conjunções subordinativas
São as que iniciam as orações subordinadas. Podem ser:
1) Causais: iniciam orações que indicam a causa do que está expresso na oração principal.
Principais conjunções: porque, pois, que, porquanto, já que, uma vez que, como, visto que, visto como.
Ex.: O gato miou porque pisei seu rabo.
Estava feliz pois encontrou a bola.
Triste que estava, não quis passear.
Já que me pediram, vou continuar.
Visto que vai chover, sairemos agora mesmo.
Como fazia frio, pegou o agasalho.
2) Condicionais: introduzem orações que estabelecem uma condição para que ocorra o que está expresso na oração principal.
Principais conjunções: se, caso, desde que, a menos que, salvo se, sem que, contanto que, dado que, uma vez que.
Ex.: Explicarei a situação, se isso for importante para todos.
Caso me solicitem, escreverei uma nova carta.
Você será aprovado, desde que se esforce mais.
Sem que digas a verdade, não poderemos prosseguir.
Contanto que todos participem da reunião, os projetos serão apresentados.
Uma vez que ele tente, poderá alcançar o objetivo.
3) Concessivas: começam orações com valor de concessão, isto é, idéia contrária à da oração principal. Cuidado especial com essas conjunções! Elas são bastante cobradas em questões de provas.
Principais conjunções: embora, ainda que, mesmo que, conquanto, posto que, se bem que, por mais que, por menos que, suposto que, apesar de que, sem que, que, nem que.
Ex.: Embora gritasse, não foi atendido.
Perderia a condução mesmo que acordasse cedo.
Conquanto estivesse com dores, esperou pacientemente.
Posto que me tenham convidado com insistência, não quis participar.
Por mais que tentem explicar, o caso continua confuso.
Sem que tenha grandes virtudes, é adorado por todos.
Doente que estivesse, participaria da maratona.
Fale, nem que seja por um minuto apenas.
4) Comparativas: introduzem orações com valor de comparação.
Principais conjunções: como, (do) que, qual, quanto, feito, que nem.
Ex.: Ele sempre foi ágil como o pai.
Maria estuda mais que a irmã. (ou do que)
Nada o entristecia tanto quanto o sofrimento de seu povo.
Estava parado feito uma estátua.
Rastejávamos que nem serpentes.
Ele agiu tal qual eu lhe pedira.
Observações
a) Geralmente o verbo da oração comparativa é o mesmo da principal e fica subentendido. É o que ocorre nos cinco primeiros exemplos.
b) As conjunções feito e que nem são de emprego coloquial.
5) Conformativas: principiam orações com valor de acordo em relação à principal.
Principais conjunções: conforme, segundo, consoante, como.
Ex.: Fiz tudo conforme me solicitaram.
Segundo nos contaram, o jogo foi anulado.
Pedro tomou uma decisão consoante determinava a sua consciência.
Carlos é inteligente como os pais sempre afirmaram.
6) Consecutivas: iniciam orações com valor de conseqüência.
Principais conjunções: que (depois de tão, tal, tanto, tamanho, claros ou ocultos), de sorte que, de maneira que, de modo que, de forma que.
Ex.: Falou tão alto que acordou o vizinho.
Gritava que era uma barbaridade. (Gritava tanto...)
Eu lhe expliquei tudo, de modo que não há motivos para discussão.
7) Proporcionais: começam orações que estabelecem uma proporção.
Principais conjunções: à proporção que, à medida que, ao passo que, quanto (em correlações do tipo quanto mais...mais, quanto menos...menos, quanto mais...menos, quanto menos...mais, quanto maior...maior, quanto menor...menor).
Ex.: Seremos todos felizes à proporção que amarmos.
À medida que o tempo passava, crescia a nossa expectativa.
O ar se tornava rarefeito ao passo que subíamos a montanha.
Quanto mais nos preocuparmos, mais ficaremos nervosos.
Quanto menos estudamos, menos progredimos.
Quanto maior for o preparo, maior será a oportunidade.
8) Finais: introduzem orações com valor de finalidade.
Principais conjunções: para que, a fim de que, que, porque.
Ex.: Fechou a porta para que os animais não entrassem.
Trarei minhas anotações a fim de que você me ajude.
Faço votos que sejas feliz. (= para que)
Esforcei-me porque tudo desse certo. (= para que)
9) Temporais: introduzem orações com valor de tempo.
Principais conjunções: quando, assim que, logo que, antes que, depois que, mal, apenas, que, desde que, enquanto.
Ex.: Cheguei quando eles estavam saindo.
Assim que anoiteceu, fomos para casa.
Sentiu-se aliviado depois que tomou o remédio.
Mal a casa foi reformada, a família se mudou.
Hoje, que não tenho tempo, chegaram as propostas.
Estávamos lá desde que ele começou a lecionar.
Enquanto o filho estudava, a mãe fazia comida.
10) Integrantes: são as únicas desprovidas de valor semântico; iniciam orações que completam o sentido da outra; tais orações são chamadas de subordinadas substantivas.
São apenas duas: que e se
Ex.: É bom que o problema seja logo resolvido..
Veja se ele já chegou.
Obs.:As palavras que e se, nos exemplos acima, iniciam orações que funcionam, respectivamente, como sujeito e objeto direto da oração principal.
Observações finais
a) Apesar de e em que pese a são locuções prepositivas com valor de concessão. Ligam palavras dentro de uma mesma oração ou introduzem orações reduzidas de infinitivo.
Ex.: Apesar do aviso de perigo, ele resolveu escalar a montanha.
Apesar de ventar muito, fomos para a pracinha.
Em que pese a vários pedidos do gerente, o caixa não fez serão.
Em que pese a ter treinado bem, foi colocado na reserva.
b) Algumas conjunções coordenativas às vezes ligam palavras dentro de uma mesma oração.
Ex. Carlos e Rodrigo são irmãos.
Não encontrei Sérgio nem Regina.
Comprarei uma casa ou um apartamento.
Casos especiais
Você deve ter percebido que algumas conjunções têm valores semânticos diversos. Vamos destacar algumas abaixo. A classificação de suas orações depende disso, porém o mais importante é o sentido da frase. Mas
a) Coordenativa adversativa
Ex.: Pediu, mas ninguém atendeu.
b) Coordenativa aditiva (seguida de também; eqüivale a como)
Ex.: Não só dá aulas, mas também escreve. (= Dá aulas e escreve)
a) Coordenativa aditiva
Ex.: Voltou e brincou com o cachorro.
b) Coordenativa adversativa
Ex.: Leu o livro, e não entendeu nada. (= mas)
Pois
a) Coordenativa conclusiva
Ex.: Trabalhou a tarde inteira; estava, pois, esgotado. (= portanto)
b) Coordenativa explicativa
Ex.: Traga o jornal, pois eu quero ler.
c) Subordinativa causal
Ex.: A planta secou pois não foi regada.
Como
a) Coordenativa aditiva
Ex.: Tanto ria como chorava. (= Ria e chorava)
b) Subordinativa causal
Ex.: Como passou mal, desistiu do passeio. (= Porque)
c) Subordinativa comparativa
Ex.: Era alto como um poste. (= que nem)
d) Subordinativa conformativa
Ex.: Alterei a programação, como o chefe determinara. (= conforme)
Porque
a) Coordenativa explicativa
Ex.: Não faça perguntas, porque ele ficará zangado.
b) Subordinativa causal
Ex.: As frutas caíram porque estavam maduras.
c) Subordinativa final
Ex.: Porque meu filho fosse feliz, fui para outra cidade. (= para que)
Uma vez que
a) Subordinativa causal
Ex.: Fiz aquela declaração uma vez que estava sendo pressionado. (= porque)
b) Subordinativa condicional
Ex.: Uma vez que mude de hábitos, poderá ser aceito no grupo. (= Se mudar de hábitos)
Se
a) Subordinativa condicional
Ex.: Se forem discretos, agradarão a todos. (= Caso sejam discretos)
b) Subordinativa integrante
Ex.: Diga-me se está na hora.
Desde que
a) Subordinativa condicional
Ex.: Desde que digam a verdade, não haverá problemas.
b) Subordinativa temporal
Ex.: Conheço aquela jovem desde que ela era um bebê.
Sem que
a) Subordinativa condicional
Ex.: Não será possível o acordo, sem que haja um debate equilibrado. (= se não houver...)
b) Subordinativa concessiva
Ex.: Sem que fizesse muito esforço, foi aprovado no concurso. (= Embora não fizesse...)
Porquanto
a) Coordenativa explicativa
Ex.: Ele deve ter chorado, porquanto seus olhos estão vermelhos.
b) Subordinativa causal
Ex.: Ficamos animados porquanto houve progresso no
tratamento.
Quanto
a) Coordenativa aditiva
Ex.: Eles tanto criticam quanto incentivam. (= Eles criticam e incentivam)
b) Subordinativa comparativa
Ex.: Ele se preocupa tanto quanto o médico.
Que
a) Coordenativa adversativa
Ex.: Diga tal coisa a outro, que não a ele. (= mas não a ele)
b) Coordenativa explicativa
Ex.: Faça as anotações, que você estudará melhor.
c) Subordinativa causal
Ex.: Nervoso que se encontrava, não conseguiu assinar o documento.
d) Subordinativa concessiva
Ex.: Sujo que estivesse, deitaria na poltrona. (= embora)
e) Subordinativa comparativa
Ex.: É mais trabalhador que o tio.
f) Subordinativa consecutiva
Ex.: Era tal seu medo que fugiu.
g) Subordinativa final
Ex.: Ele me fez um sinal que eu não dissesse nada. (= para que)
h) Subordinativa temporal
Ex.: Agora, que já tomaste o remédio, sairemos. (= quando)
I) Subordinativa integrante
Ex.: Queria que todos fossem felizes.