quinta-feira, 24 de setembro de 2009

TERMOS INTEGRANTES DA ORAÇÃO

Os dados abaixo foram extraídas do Manual de Língua Portuguesa deo professor Pasquale Cipro Neto.


- nota da ledora: na página, foto de Paulo César Faria, o PC do Governo Collor, no
jornal a Folha, com o seguinte texto:- 1989. Collor eleito. A Folha prevê 5 anos de
dúvidas e obscuridades. O concorrente prevê o resgate da moralidade no poder.
- fim da nota.

O processo expresso por um verbo nem sempre se encerra em si mesmo. O do verbo
prever, por exemplo, só fica satisfatoriamente caracterizado quando se apresenta
também o elemento que se prevê. Em outras palavras: prever não é simplesmente
prever, mas sim "prever algo". Para obter uma unidade de significação completa, é
necessário explicitar aquilo que se prevê, como no anúncio acima: "A Folha prevê 5
anos de dúvidas e obscuridades. O concorrente prevê o resgate da moralidade no poder."

Entre o verbo e os termos que com ele constituem uma unidade de significado existe
uma relação que recebe o nome de transitividade. Essa relação se baseia na significação
das palavras - o processo expresso pelo verbo transita do sujeito para o complemento do
verbo, como você já viu no capítulo anterior.
Essa relação de transitividade não é propriedade exclusiva dos verbos, pois também os
nomes podem ser transitivos. A importância dos complementos é tão grande quanto a
dos termos complementados: na realidade, o que é essencial para o funcionamento
apropriado da língua é a relação que se estabelece entre
uns e outros.
1 OS COMPLEMENTOS VERBAIS
Como você viu no capítulo anterior, os verbos nocionais podem ou não ser
acompanhados de complementos. Os verbos nocionais que não são acompanhados de
complementos são chamados de intransitivos. Os que apresentam complemento são
chamados de transitivos. Os transitivos, por sua vez, são subclassificados em transitivos
diretos, transitivos indiretos e transitivos diretos e indiretos.
Há dois tipos de complementos verbais: o objeto direto e o objeto indireto.
Chama-se objeto direto o complemento que se liga ao verbo sem preposição.
Chama-se objeto indireto o complemento que se liga ao verbo por meio de uma
preposição obrigatória. Para detectar esses complementos, podemos transformar a
oração num esquema em que surgem os pronomes indefinidos algo e alguém.
Observe:
Ocorreu um fato surpreendente ontem à noite.
O verbo ocorrer não requer complemento; seu processo se esgota no sujeito: o fato
simplesmente ocorre. Esse verbo é, portanto, intransitivo.
"Solto a voz nas estradas" (Milton Nascimento)
Soltar algo: o verbo soltar faz-se acompanhar de um complemento, que se liga a ele sem
preposição obrigatória; é, portanto, um verbo transitivo direto. "A voz" é objeto direto.
O país necessita de grandes investimentos em saúde e educação.
Necessitar de algo: o verbo necessitar faz-se acompanhar de um complemento
introduzido por preposição obrigatória; é, portanto, um verbo transitivo indireto.
"De grandes investimentos em saúde e educação" é objeto indireto.

Informei os preços dos produtos aos clientes interessados.
Informar algo a alguém: o verbo informar faz-se acompanhar de um complemento que
se liga a ele sem preposição obrigatória e de outro introduzido por preposição
obrigatória; é, portanto, um verbo transitivo direto e indireto. "Os preços dos produtos"
é objeto direto; "aos clientes interessados" é objeto indireto.

Sob a ótica da morfossintaxe, pode-se dizer que os complementos verbais são assim
como o sujeito, funções substantivas da oração: em todas as orações acima, os núcleos
dos objetos diretos e indiretos são substantivos (voz, investimentos, preços, clientes).
Além dos substantivos, podem desempenhar essas funções os pronomes e numerais
substantivos e qualquer palavra substantivada.

- nota da ledora: propaganda de biscoito, apresentando a foto de uma velha senhora com
traços fisionômicos orientais, com a boca aberta, e o seguinte texto, no espaço escuro da
boca: - Eu quero o meu biscoito de volta, vira logo a página e devolva para mim
- fim da nota.

Na fala acima, vimos dois objetos diretos: "meu biscoito" e "a página". Em ambos, o
núcleo do objeto é um substantivo: biscoito e página. Há um terceiro objeto direto ("o
biscoito'; implícito), que complementa o verbo devolver.

No caso dos pronomes pessoais do caso oblíquo, devemos relembrar que alguns deles
desempenham funções específicas:
a) Quando complementos verbais, os pronomes o, os, a, as atuam exclusivamente como
objetos diretos, enquanto lhe e lhes atuam exclusivamente como objetos indiretos.

Observe, nos pares de orações seguintes, como esses pronomes desempenham suas
funções:
- Informei os preços dos produtos aos clientes interessados.
Informei-os aos clientes interessados. (objeto direto)
- Informei os preços dos produtos aos clientes interessados.
Informei-lhes os preços dos produtos. (objeto indireto)

b) Os pronomes me, te, se, nos e vos podem atuar como objetos diretos ou indiretos, de
acordo com a transitividade verbal. Observe, nos pares de orações seguintes, o uso do
pronome me, extensivo a te, se, nos e vos:
Escolheram-me para representar a turma.
Escolher alguém: o verbo é transitivo direto; o pronome me é, portanto, objeto direto.
Não me pertencem os seus sonhos.
Pertencer a alguém: o verbo é transitivo indireto; o sujeito é "os seus sonhos"; o
pronome me é objeto indireto.
- nota da ledora: quadro de destaque na página
OBSERVAÇÕES
A transitividade de um verbo só pode ser efetivamente determinada num dado contexto.
Observe nas orações seguintes como um mesmo verbo pode apresentar transitividade
diferente de acordo com o contexto em que ocorre:
O pior já passou. (intransitivo)
Nos últimos anos, a Fiat passou a GM na preferência dos consumidores brasileiros.
(transitivo direto)
Você precisa passar a novidade aos colegas. (transitivo direto e indireto).

2. Em alguns casos, o objeto direto pode ser introduzido por preposição: é o chamado
objeto direto preposicionado. Nesses casos, o verbo é sempre transitivo direto, e seu
complemento é, obviamente, um objeto direto. A preposição é empregada por
necessidades expressivas ou por razões morfossintáticas, mas nunca porque o verbo a
exige (se isso ocorresse, o verbo seria transitivo indireto). Observe alguns casos de
objeto direto preposicionado, com os respectivos comentários:
- Cumpri com a minha palavra.
Cumprir algo: o verbo é transitivo direto.
A preposição com, estruturalmente dispensável, surge como elemento enfático e não
porque o verbo a exija.

- O novo horário incomoda a todos.
O novo horário incomoda a mim.
Incomodar alguém: o verbo é transitivo direto. A presença da preposição decorre do tipo
de pronome que atua como objeto direto: um pronome indefinido relativo a pessoa
(todos), que sempre admite a preposição, e um pronome pessoal oblíquo tônico (mim),
que exige a preposição.

- Notadamente aos mais desfavorecidos atingem essas medidas.
Atingir alguém: o verbo é, novamente, transitivo direto. A preposição é fundamental, no
caso, para evitar ambigúidade: os mais desfavorecidos são atingidos pelas medidas. Sem
a preposição, a expressão "os mais desfavorecidos" passaria a sujeito, o que alteraria
radicalmente o sentido da frase. Note o tom enfático da frase, típica de pronunciamentos
mais exaltados.

3. Por motivos expressivos, podem surgir os chamados objetos pleonásticos:
tanto o objeto direto, como o objeto indireto podem ser colocados em destaque, no
início da oração, sendo depois repetidos por um pronome pessoal na posição onde
deveriam naturalmente estar. Observe:
Suas músicas, ouço-as sempre com emoção.
"Suas músicas" é objeto direto; as é objeto direto pleonástico.
Aos filhos, dá-lhes o melhor de si.
"Aos filhos" é objeto indireto; lhes é objeto indireto pleonástico.

ATIVIDADES
1. Em cada grupo de frases, um mesmo verbo é utilizado com transitividade diferente.
Indique a transitividade verbal em cada oração.
a) Quem deve falar agora?
Não me falaste a verdade.
Sempre fala asneiras.
b) Só dois alunos faltaram ontem.
Faltou-me coragem naquele instante.
c) Alguns insetos transmitem doenças.
Transmita meus cumprimentos a seu irmão.
d) Ela vive a cantar.
É um poema que canta as glórias passadas do povo português.
Cantou suas mágoas a todos que o ouviam.

2. Classifique o termo destacado em cada uma das frases seguintes. Depois, substitua-o
por um pronome oblíquo átono.

a) Falta seriedade (a muitos homens públicos).
b) Diante da inevitável constatação, outra forma de entender a vida ocorreu (ao
respeitável poeta).
c) Muitos eleitores queriam demonstrar (sua indignação).
d) Ouço (música popular brasileira).
e) Comunico (a todos) meu pedido de demissão.
f) Comunico a todos (meu pedido de demissão).
g) Paguei (todos os meus débitos).
h) Paguei (a todos os meus credores).
i) Apresentei (nossas reivindicações) ao presidente da comissão.
j) Apresentei nossas reivindicações (ao presidente da comissão).

3. Compare cada par de frases e comente as diferenças de sentido existentes.
a) Comemos o pão.
Comemos do pão.
b) "Como beber dessa bebida amarga?"
Como beber essa bebida amarga?
c) Sacou a arma.
Sacou da arma.

4. Forme orações a partir dos elementos fornecidos em cada um dos itens seguintes.
Estabeleça as relações necessárias à obtenção de orações bem estruturadas.

a) Acontecer / fatos surpreendentes / lhe / durante a viagem à Europa.
b) Haver / poucos problemas / no seminário de ontem.
c) Comunicar /a imprensa / novo preço dos combustíveis/ ontem à noite.
d) Favorecer/ as novas regras de exploração do solo/ apenas alguns grupos empresariais.
e) Necessitar / investimento em educação pública/o país.
f) Apresentar / propostas de alteração constitucional / vários deputados / na sessão de
ontem / aos colegas.

2 COMPLEMENTO NOMINAL

A transitividade não é privilégio dos verbos: há também nomes (substantivos, adjetivos
e advérbios) transitivos. Isso significa que determinados substantivos, adjetivos e
advérbios se fazem acompanhar de complementos. Esses complementos são chamados
complementos nominais e são sempre introduzidos por uma preposição. Observe:
Espero que você tenha feito uma boa leitura do texto.
leitura é' nessa oração, núcleo do objeto direto da locução verbal "tenha feito".
Note que, nessa oração, fez-se a leitura de algo. leitura é, portanto, um nome transitivo,
e "do texto" é seu complemento nominal.
Você precisa ser fiel aos princípios do partido.
Fiel é, nessa oração, núcleo do predicativo do sujeito você. No caso, é preciso ser fiel a
algo. "Aos princípios do partido" complementa o adjetivo fiel; é, portanto, um
complemento nominal.

Ela mora perto de uma grande área industrial.
Perto é, nessa oração, o núcleo de um adjunto adverbial de lugar. Perceba que o
advérbio perto precisa de um complemento: perto de algo ou de alguém. "De uma
grande área industrial" é complemento nominal do advérbio perto.

Sob a ótica da morfossintaxe, pode-se dizer que o complemento nominal é mais uma
função substantiva da oração: nos casos citados acima, o núcleo dos complementos é
sempre um substantivo (texto, princípios, área). Pronomes e numerais substantivos,
assim como qualquer palavra substantivada, podem desempenhar essa função. Observe
o pronome lhe atuando como complemento nominal na oração seguinte:

Não posso ser-lhe fiel: já empenhei minha palavra com outra pessoa.
O pronome lhe tem o valor de a alguém (fiel a alguém: no caso, a você ou a ele/ela); é,
portanto, o complemento nominal do adjetivo fiel, que atua como núcleo do predicativo
do sujeito.

Observe que o complemento nominal não se relaciona diretamente com o verbo da
oração, e sim com um nome que pode desempenhar as mais diversas funções.
Isso significa que o complemento nominal sempre fará parte de um outro termo
sintático, subordinando-se a um nome que pertence a esse termo. Observe:

A realização do projeto é necessária à população carente.
(complemento nominal) do projeto
(complemento nomínal) à população carente
(sujeito) a realização do projeto
(núcleo) realização
(predicativo do sujeito) é necessária à população carente
(núcleo) necessária

- nota da ledora: quadrinhos do desenho Garfield. O dono do garfield diz pra ele: -
Garfield, precisamos conversar sobre essa sua obsessão com comida. Está ficando
incontrolável. A geladeira esta cheia de marcas de lábios. Sonolento, Garfield pensa: -
sou muito afetivo. Sabe?
- fim da nota.
Duas ocorrências de complemento nominal "obsessão com comida " e "cheia de marcas
de lábios ". No primeiro caso o nome transitivo é o substantivo obsessão; no 2o. caso, o
adjetivo cheia.

ATIVIDADES

1. Reescreva as frases seguintes, substituindo os verbos destacados pelos nomes
correspondentes. Faça todas as adaptações necessárias à obtenção de frases bem estruturadas.
a) O Banco Central decidiu (intervir) no mercado do dólar.
b) O governo recusou-se a (negociar) com os grevistas.
c) O candidato garantiu que, se fosse eleito, (investiria) em saúde e educação.
d) Os empresários consideram melhor (suspender) as remessas de componentes
eletrônicos.

2. Aponte os complementos nominais presentes nas orações seguintes.
a) Ele nunca foi muito tolerante com os mais jovens.
b) Os investimentos em saúde e educação deveriam ser superiores a todos os outros.
c) Fique bem longe de mim!
d) Sou-lhe eternamente grato por tudo isso!
e) Sua dedicação aos pobres não passava de demagogia eleitoreira.
f) Os órgãos de preservação ambiental deveriam punir severamente os caçadores de
animais em extinção.

3 O AGENTE DA PASSIVA

Além da flexão de modo, tempo, pessoa e número, o verbo possui flexão de voz.
Essa flexão indica a relação que ocorre entre o sujeito de um verbo e o processo que
esse mesmo verbo expressa. Observe a oração seguinte:
O presidente aprovou as medidas econômicas.

O sujeito dessa oração é "o presidente"; "as medidas econômicas" é objeto direto da
forma verbal aprovou. "O presidente" é também o agente do processo verbal, ou seja, é
o termo que indica quem executa o processo expresso pelo verbo; "as medidas
econômicas" é o paciente desse mesmo processo verbal, pois é o termo que indica
aquilo ou aquele que sofre a ação expressa pelo verbo.

Note que estamos lidando com conceitos bastante diferentes: sujeito é o termo que
concorda em número e pessoa com o verbo; agente é quem pratica a ação expressa pelo
verbo. Objeto direto é o termo que complementa o verbo sem preposição obrigatória;
paciente é quem sofre a ação expressa pelo verbo. Na oração que estamos analisando, o
sujeito é também o agente do processo verbal:
isso ocorre porque o verbo está na voz ativa. Um verbo está na voz ativa quando o
sujeito é também o agente do processo verbal que esse verbo expressa.

Se for alterada a voz do verbo da oração inicial, surgirá a oração:
As medidas econômicas foram aprovadas pelo presidente.
O sujeito dessa oração é "as medidas econômicas". Esse sujeito é o paciente do processo
verbal. Um verbo apresenta sujeito paciente quando está na voz passiva. A locução
"foram aprovadas" é, portanto, uma forma passiva do verbo aprovar. Você já viu nos
capítulos dedicados aos verbos que a voz passiva formada com o verbo auxiliar ser é
chamada voz passiva analitica.

"Pelo presidente" é o termo que exprime quem pratica a ação nessa construção na voz
passiva. Esse termo é chamado, por isso, agente da passiva. O agente da passiva indica
quem pratica a ação quando o verbo está na voz passiva (no português atual, o agente da
passiva ocorre fundamentalmente na voz passiva analítica). É um termo sempre
introduzido por preposição (normalmente por e suas formas contraídas com artigos pelo,
pelos, pela, pelas -e com menor frequência de).

Sob a ótica da morfossintaxe, pode-se dizer que o agente da passiva é mais uma função
substantiva da oração: na oração que analisamos, seu núcleo é o substantivo presidente.
Também podem atuar como agentes da passiva pronomes e numerais substantivos, além
de outras palavras substantivadas.
Observe os agentes da passiva destacados nas orações seguintes:
Aquelas frutas foram colhidas por mim.
O poema é composto de dizeres populares.
Fui iludido por ambos.

Um comentário:

  1. Que ridículo misturar conhecimentos de língua portuguesa com política. Se pelo menos vc mostrasse os dois lados da moeda. Assim fica parecendo que os direitistas e pior os democrátas são santinhos. Faça então uma página sobre política, porque suponho que muitos dos visitantes de sua página tenham opiniões divergentes da sua. Didaticamente vc foi lastimável.

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