Os textos abaixo foram extraídos das Obras de Amaro de Roboredo da sua Gramática de latim, para o desapercebido, parece que o texto abaixo esta em latim, mas não é não, é português mesmo, falado e escrito por volta de 1600. A leitura abaixo é interessante para que possamos fazer uma comparação sobre o português do passado e o falado hoje e assim possamos perceber a evolução da língua. Este fenomeno não ocorre somente no Português, mas em todos os idiomas:
A diligencia, que algüs teverão em acrescentar a Grammatica para que não ficasse diminuta, teverão outros em a diminuir, para que não fosse superflua (…). Fugindo pois extremos quanto pude, elegi do muito, o necessario, & de muitos o melhor, mais breve, & facil (Roboredo 1615: “Prologo”, ¶ 3 r.).
Por se não saber primeiro a língua Materna per arte, vão na Latina Mestres, & Discípulos morrendo com ambas juntas (…). Pode ser que seja eu o primeiro, que rompa o mato da minha Materna, como melhor soffrerem suas muitas irregularidades; exposto aos encontros de muitos que quererão defender suas Orthographias, cujas raizes ignoradas serão patentes na Grammatica: Et nos manum ferulae subduximus (Idem 2007: “Prologo”, b. 1v. [18])
Facil fora screver a arte em latim, mas absurd[u]m est scientiam simul, & modum scientiæ quærere, di[z Ari]stoteles, & Soares acerca do mesmo lugar (Ibidem: f. 64 v.);
Ninguem aprende hoje grammatica pelas que stão scrittas em latim, por mais que o discipu[lo] quebre a cabeça repetindo infinitas vezes o que não [ent]ende, senão da boca do mestre, que tambem quebra a [su]a em lhe querer meterna memoria as significações das p[a]lavras, & o conceito das regras (Ibidem: f. 65 r.).
O methodo he o mais facil, que me occorreo, ainda que largo por tocar com clareza cousas novas, & satisfazer a velhas, sem o que não seria a novidade bem acceita: porque o que stà acqui[rido em] boa fee per longo tempo, hedifficultoso deixar em breve: porq o discípulo decòre soomente os artigos apontados com esta dicção, Discipulo, & o mestre explique os que mostra esta, Mestre, para que fiquem entendidos: porq nem o discipulo deve decorar tudo, nem a arte ser falta delle (Idem 1615: “Prologo”, ¶ 3 r.).
O trabalho empregarà na muita explicação de livros, em que consiste tudo, & dos quaes aprendemos hoje a lingua Latina. Donde primeiro se ha de resolver, que compor: & logo hüa, & outra cousa reciprocamente, porque o que não sabe traduzir em lingua materna a oração, que o mestre lhe resolve em suas partes naturaes, [não sa]be traduzir a materna na latina, nem mutilala confo[r]me o uso, nem inteirala conforme a Grammatica (Ibidem: “Prologo”, ¶ 3 r.).
E por ser [a] primeira arte das liberaes, pareceo bem fazer com ella po[…]ria aas duas seguintes, para que a proporção de […]e ellas facilite ao principiante a aprensaõ. Se ao orador pois da a a Logica para a sua oração, invëção, & disposição, & a Rhetorica o ornamëto, tãbë ao grammatico para a sua lhe offerece esta arte as primeiras quatro [divi]soës de [i]nvenção, & as cinquo seguin[t]es de disposição, & [a] ultima para ornamento com [a] variedade de decli[n]ações, & figuras. E se algüs Rhetoricos meterã[o] na disposição a memoria, também lhe responde o artigo terceiro da divisaõ [qu]inta, onde começa nossa disposição. E se no fim de […] [tra]ttão a pronunciação daoração, tambem no fim do nosso ornato trattamos a pronunciação da dicção, & per conseguinte da mesma oração: la como orador, aqui como grammatico (Ibidem: “Prologo”, ¶ 4 r.).
A muitos, q se sabem não sa[be]m sair do que studarão, não pude bem per¬suadir a brevidade deste methodo: porem não faltando o trabalho do mestre(deixando ingenhos tam excellentes, & laboriosos, que em seis meses esgo¬tarão a Grammatica) os que em dez, ou doze a não perceberem, ou andao distrahidos, ou não studão, ou não teem ingenho natural para esta (Ibidem: “Prologo”, ¶ 3 v.);
O intento de tudo, não he publicação de nome vão em cousa tal, & que qual¬quer melhor fezera, mas o proveito do proximo a quem lembro se deseja grammatica, que se aproveite, & ao censurador, que antes da sentença leèa as repostas das objeições, que vão no fim: & se determina examinar affeito ao que studou, ou leo, não passe dàqui, porque vai o juizo suspeito, & [tu]do lhe descontentara: soomente fique sabendo, que [s]e pode per este caminho saber em hum anno, o que [per o]utros em tres, & quatro, no cabo dos quaes fi[c]ão os [stu]dantes sufficientes para começar, perdendo gastos[, g]astando tempo irrecuperavel (Ibidem: “Prologo”, ¶ 4 r.).
Participou este Methodo o aborrecimento do outro tambem apressado diri¬gido sô aa Latina, em que não fiz mais que provar a pena, & juntamenteas mordeduras. Porque lhe chamarom confuso, deminuto, instavel; nemquerião que se intitulasse verdadeiro, ainda que de sua verdade constasse. Arguião per hum dos argumentos de sua Logica, que he Enthimema de ante-cedente calado, assi: Eu não entendo este Methodo; logo elle não presta.O Antecedente por lhe tocar calarão: o Consequente por perjudicar, publicavão (Idem 2007: “Prologo”, a 2 r. [11]).
A diligencia, que algüs teverão em a[c]rescentar a Grammatica para que não ficasse diminuta, teverão outros em a diminuir, para que não fosse superflua, que discursos de mortaes carecem de [c]onsistencia. Fugindo pois extremos quanto pude, elegi do muito, o necessario, & de muitos o melhor, mais breve, & facil a quem imito. Este hè o Doutor Francisco Sanchez, a qu[e]m tambem seguirão os reformadores de Nibrissense no anno de nouenta, & oito, se elle não foi o principal (Idem 1615: “Prologo”, ¶ 3 r.).
As concordias, regencias, & partes da oração, & outras regras, ainda que em parte pareção fora do uso, saõ fundadas em philosophia: & assi servem para as outras linguas Grega, Hebraica, &c. Que não he pequeno atalho, pois soo com declinar, & conjugar advertindo as particularidades, que teverem de genero, & preteritos, se podem perceber, despois [da L]atina (Ibidem: “Prologo”, ¶ 3 v.).
As artes de accentuar, medir, & metrificar saõ tão conjuntas aa Grammatica, que muitos as fazem partes della: porque de concordar, & reger dicções, a entoalas, & medilas ha pouca distancia; assi como da oração solta aa ligada. Porem não saõ partes da grammatica, porque a Accentuaria he arte de entoar syllabas, & dicções, tem por fim hüa dicção bem entoada: a Mensuraria hè arte de medir syllabas, & dicções per pronunciações temporaes; seu fim hè a dicção bem medida: a Metrifica ensina a medir versos, tem por fim a oração ligada com certas m[e]didas, & certo numero dellas: a Accentuaria respeita a [or]ação solta, & rhythma: Mensuraria o pee, & metro: a Me[trifi]ca o verso, poema, & poesia, como fiïs remotos (Roboredo 1615: f. 48 v.).
Nest blog faço anotações dos meus estudos sobre a língua portuguesa. Não tenho intenção de ser melhor do que ninguém. Faço constantes referências de textos que já li de bons autores da nossa gramática portuguesa e quem sabe possa ajudar alguém que esteja perdido na internet a procura de conteúdo para estudar.(Toda glória seja dada a Deus -pelo escriba Valdemir Mota de Menezes)
domingo, 20 de dezembro de 2009
GRAMÁTICA
O Gramático do século XVII, Amaro de Roboredo já dizia que gramática era coisa pouco desinteressante e que as pessoas tendem a se ocuparem com outras coisas:
Por ser a Grammatica materia de pouca consideração, se não devem occupar os qu[e te]em carrego pu[bli]co de ensinar, & como sufficientes para cousas maiores se empregão nellas, como s[ão] Philosophia & Theologia, que levão atras si o entendimento. Porem algüs considerando os incommo[dos …] os mal entendidos, deixando maiores occupações […] odirão, descobrindo de entre terra suas raizes, & de entre toscos accidentes sua sustancia, como forão Cæsar Scaligero, Sanchez, Martinez, & outros que a deixarão tãto, maisperfeita, quanto a natureza mais imitada (…). E de taes autores, o que melhor me pareceo, sigo, cujas opiniões, se boas, não deviam perder por serem refe-ridas per hum rude: nem as de outros se falsas, melhoraremse por seremgavadas per muitos (Ibidem: ff. 57 r.-57 v.).
Por ser a Grammatica materia de pouca consideração, se não devem occupar os qu[e te]em carrego pu[bli]co de ensinar, & como sufficientes para cousas maiores se empregão nellas, como s[ão] Philosophia & Theologia, que levão atras si o entendimento. Porem algüs considerando os incommo[dos …] os mal entendidos, deixando maiores occupações […] odirão, descobrindo de entre terra suas raizes, & de entre toscos accidentes sua sustancia, como forão Cæsar Scaligero, Sanchez, Martinez, & outros que a deixarão tãto, maisperfeita, quanto a natureza mais imitada (…). E de taes autores, o que melhor me pareceo, sigo, cujas opiniões, se boas, não deviam perder por serem refe-ridas per hum rude: nem as de outros se falsas, melhoraremse por seremgavadas per muitos (Ibidem: ff. 57 r.-57 v.).
segunda-feira, 30 de novembro de 2009
DICIONÁRIO
Em depoimento para o jornal O Estado
de S.Paulo (na seção Antologia Pessoal, publicada aos domingos no Caderno
2 – Cultura), o poeta Régis Bonvicino, ao ser indagado sobre “que
livro mais o fez pensar”, respondeu, sem preâmbulos: “Os dicionários”.
O Estado de S.Paulo. 4/6/2006, p.D14.
Como cristão não poderia dar uma resposta semelhante à do poeta, pois a Bíblia que é a Palavra de Deus está infinitamente incomparável a qualquer outra obra literária, mas não podemos deixar de reconhecer que o dicionário é um importante amigo que muito pode fazer por nós, ensinando-nos o significado das palavras que falamos e muitas vezes não nos damos conta de qual é o sentido real dela.
Pelo menos temos cinco bons motivos para ler periodicamente o Dicionário de nossa língua pátria:
• certificar-se da existência de uma palavra
• confirmar o(s) sentido(s) da palavra procurada
• verificar sua ortografia
• buscar um sinônimo para ela
• observar seus usos mais freqüentes
Não concordamos com o ditado popular que o Dicionário é o pai dos burros, ao contrário, é o pai dos inteligentes. Toda pessoa inteligente procura consultar o dicionário com regularidade.
O dicionário ainda serve para ajudar-nos em usar corretamente uma conjugação, conhecer os sinônimos e antônimos, etimologia das palavras, significado dos nomes, origem das palavras, biografias, obras artísticas e saber qual a regência certa de um verbo.
Ler um dicionário exige uma atenção especial no que se refere as suas abreviações e símbolos que são introduzidos no meio da obra. É lógico que existem vários tipos de dicionários, e a pessoa deve usar um de acordo com o seu interesse, no mercado vendem dicionários técnicos próprios de certos segmentos de conhecimento como: Dicionário de Teologia, dicionário de Medicina, dicionário de Informática, dicionário bilingue e uma variedade indescritível.
de S.Paulo (na seção Antologia Pessoal, publicada aos domingos no Caderno
2 – Cultura), o poeta Régis Bonvicino, ao ser indagado sobre “que
livro mais o fez pensar”, respondeu, sem preâmbulos: “Os dicionários”.
O Estado de S.Paulo. 4/6/2006, p.D14.
Como cristão não poderia dar uma resposta semelhante à do poeta, pois a Bíblia que é a Palavra de Deus está infinitamente incomparável a qualquer outra obra literária, mas não podemos deixar de reconhecer que o dicionário é um importante amigo que muito pode fazer por nós, ensinando-nos o significado das palavras que falamos e muitas vezes não nos damos conta de qual é o sentido real dela.
Pelo menos temos cinco bons motivos para ler periodicamente o Dicionário de nossa língua pátria:
• certificar-se da existência de uma palavra
• confirmar o(s) sentido(s) da palavra procurada
• verificar sua ortografia
• buscar um sinônimo para ela
• observar seus usos mais freqüentes
Não concordamos com o ditado popular que o Dicionário é o pai dos burros, ao contrário, é o pai dos inteligentes. Toda pessoa inteligente procura consultar o dicionário com regularidade.
O dicionário ainda serve para ajudar-nos em usar corretamente uma conjugação, conhecer os sinônimos e antônimos, etimologia das palavras, significado dos nomes, origem das palavras, biografias, obras artísticas e saber qual a regência certa de um verbo.
Ler um dicionário exige uma atenção especial no que se refere as suas abreviações e símbolos que são introduzidos no meio da obra. É lógico que existem vários tipos de dicionários, e a pessoa deve usar um de acordo com o seu interesse, no mercado vendem dicionários técnicos próprios de certos segmentos de conhecimento como: Dicionário de Teologia, dicionário de Medicina, dicionário de Informática, dicionário bilingue e uma variedade indescritível.
SENTIDO DAS PALAVRAS
A palavra imagem, por exemplo, tem sentidos diferentes
nas frases abaixo – é só prestarmos um pouco de atenção
e, sem consultar o dicionário, perceberemos com que intenção
o autor a usou.
• A imagem da televisão estava tremida e não consegui ver muito bem o
gol que tanto esperei.
• Pendurada na parede, ao lado da estante, havia uma imagem de Nossa
Senhora.
• Sorriu ao ver a própria imagem no espelho.
• A imagem que guardei dela não é nada boa.
• Seus sonhos eram povoados de imagens aterradoras.
• À imagem do pai, vestia-se elegantemente.
• Comparar a mulher a uma flor já é uma imagem gasta.
nas frases abaixo – é só prestarmos um pouco de atenção
e, sem consultar o dicionário, perceberemos com que intenção
o autor a usou.
• A imagem da televisão estava tremida e não consegui ver muito bem o
gol que tanto esperei.
• Pendurada na parede, ao lado da estante, havia uma imagem de Nossa
Senhora.
• Sorriu ao ver a própria imagem no espelho.
• A imagem que guardei dela não é nada boa.
• Seus sonhos eram povoados de imagens aterradoras.
• À imagem do pai, vestia-se elegantemente.
• Comparar a mulher a uma flor já é uma imagem gasta.
DISSERTAÇÃO
No curso de Produção de Textos da Unimes Virtual há uma profunda definição do que seja a dissertação sendo analisado o seu valor no tempo, seu objetivo e os temas abordados durante uma dissertação, abaixo copiamos esta lição:
O VALOR ATEMPORAL DA DISSERTAÇÃO
Já que a dissertação pretende expor verdades gerais válidas para muitos
fatos particulares, o tempo por excelência da dissertação é o presente no
seu valor atemporal, embora os outros também possam aparecer (como
o pretérito perfeito, em citações de fatos históricos, ou o imperfeito do
subjuntivo e o futuro do pretérito no levantamento de hipóteses).
Enquanto no texto narrativo a ordenação é temporal, a dissertação tem
uma ordenação que obedece às relações lógicas: analogia, pertinência,
causalidade, coexistência, correspondência, implicação etc.
Para que se possa planejar um texto dissertativo, deve-se ter clara a sua
estrutura que, como qualquer outra, constitui-se na relação que se estabelece
entre os diversos elementos que compõem um todo organizado que
sustenta o objeto (no caso, o texto) em seu conjunto. Tradicionalmente, a
estrutura do texto dissertativo é formada por três partes – a introdução, o
desenvolvimento e a conclusão –, que precisam estar fortemente articuladas
entre si.
Uma boa introdução deve apresentar a idéia central, o problema a ser examinado,
o objetivo do autor, dando uma noção ao leitor do que será desenvolvido
em seguida. Dessa forma, ela serve como uma motivação inicial,
uma orientação para quem lê, e como um controle para quem escreve,
impedindo-o de fugir do tema e de seus objetivos.
O desenvolvimento, por sua vez, deve trazer a análise do tema, a sua discussão,
a argumentação que sustenta o ponto de vista do autor acerca do
tema e do problema levantado. A função dessa parte é fazer a relação entre a introdução e a conclusão, orientando o raciocínio do leitor, levando-o
naturalmente até a conclusão.
No desenvolvimento deve haver três coisas: argumentação, exemplos e dados.
O autor deve ter sempre em mente aonde quer chegar para que seja possível
selecionar as idéias, argumentos, exemplos, dados mais importantes
que o levem de forma lógica e clara à conclusão desejada. Por isso, é
necessário não se desviar do tema, atendo-se à discussão inicial, nem
deixar idéias soltas, impedindo que se perceba o porquê de elas terem
sido mencionadas.
Pode-se dizer que a conclusão é a parte mais importante do texto, pois é o
ponto de chegada dele – tudo converge para esse momento em que a discussão
se fecha. Sintética, a conclusão rejeita a repetição de argumentos
e o uso de fórmulas feitas, de clichês, de frases vazias.
DISSERTAÇÃO TEM TEMA
Para que tudo isso aconteça, é necessário que o texto trate, do começo
ao fim, do mesmo assunto, ou seja, daquilo a que ele se refere de modo
mais geral. No entanto, qualquer assunto pode ser enfocado sob vários
ângulos. À delimitação do assunto dá-se o nome de tema. A manutenção
do assunto e do tema, desde o início até o fim de um texto, vai garantir sua
unidade. Conforme já vimos quando trabalhamos a noção de texto.
TEMA E ASSUNTOS
O disco de massa é a adolescência (em amarelo), as coberturas de cada
fatia são possíveis temas: o adolescente e as drogas, o adolescente e as
novas tecnologias, a saúde dos adolescentes, o adolescente e a família, o
adolescente e suas tribos, sexo na adolescência, o adolescente e a leitura,
gravidez na adolescência (cada tema escrito de uma cor).
O VALOR ATEMPORAL DA DISSERTAÇÃO
Já que a dissertação pretende expor verdades gerais válidas para muitos
fatos particulares, o tempo por excelência da dissertação é o presente no
seu valor atemporal, embora os outros também possam aparecer (como
o pretérito perfeito, em citações de fatos históricos, ou o imperfeito do
subjuntivo e o futuro do pretérito no levantamento de hipóteses).
Enquanto no texto narrativo a ordenação é temporal, a dissertação tem
uma ordenação que obedece às relações lógicas: analogia, pertinência,
causalidade, coexistência, correspondência, implicação etc.
Para que se possa planejar um texto dissertativo, deve-se ter clara a sua
estrutura que, como qualquer outra, constitui-se na relação que se estabelece
entre os diversos elementos que compõem um todo organizado que
sustenta o objeto (no caso, o texto) em seu conjunto. Tradicionalmente, a
estrutura do texto dissertativo é formada por três partes – a introdução, o
desenvolvimento e a conclusão –, que precisam estar fortemente articuladas
entre si.
Uma boa introdução deve apresentar a idéia central, o problema a ser examinado,
o objetivo do autor, dando uma noção ao leitor do que será desenvolvido
em seguida. Dessa forma, ela serve como uma motivação inicial,
uma orientação para quem lê, e como um controle para quem escreve,
impedindo-o de fugir do tema e de seus objetivos.
O desenvolvimento, por sua vez, deve trazer a análise do tema, a sua discussão,
a argumentação que sustenta o ponto de vista do autor acerca do
tema e do problema levantado. A função dessa parte é fazer a relação entre a introdução e a conclusão, orientando o raciocínio do leitor, levando-o
naturalmente até a conclusão.
No desenvolvimento deve haver três coisas: argumentação, exemplos e dados.
O autor deve ter sempre em mente aonde quer chegar para que seja possível
selecionar as idéias, argumentos, exemplos, dados mais importantes
que o levem de forma lógica e clara à conclusão desejada. Por isso, é
necessário não se desviar do tema, atendo-se à discussão inicial, nem
deixar idéias soltas, impedindo que se perceba o porquê de elas terem
sido mencionadas.
Pode-se dizer que a conclusão é a parte mais importante do texto, pois é o
ponto de chegada dele – tudo converge para esse momento em que a discussão
se fecha. Sintética, a conclusão rejeita a repetição de argumentos
e o uso de fórmulas feitas, de clichês, de frases vazias.
DISSERTAÇÃO TEM TEMA
Para que tudo isso aconteça, é necessário que o texto trate, do começo
ao fim, do mesmo assunto, ou seja, daquilo a que ele se refere de modo
mais geral. No entanto, qualquer assunto pode ser enfocado sob vários
ângulos. À delimitação do assunto dá-se o nome de tema. A manutenção
do assunto e do tema, desde o início até o fim de um texto, vai garantir sua
unidade. Conforme já vimos quando trabalhamos a noção de texto.
TEMA E ASSUNTOS
O disco de massa é a adolescência (em amarelo), as coberturas de cada
fatia são possíveis temas: o adolescente e as drogas, o adolescente e as
novas tecnologias, a saúde dos adolescentes, o adolescente e a família, o
adolescente e suas tribos, sexo na adolescência, o adolescente e a leitura,
gravidez na adolescência (cada tema escrito de uma cor).
NARRAÇÃO
NARRAÇÃO E GRÁFICOS
Um gráfico pode conter narratividade, mesmo com símbolos e números, e quase nada de texto. A narração também pode ocorrer em forma de gráfico, aliás, esta é uma linguagem muito usual hoje em dia principalmente em palestras e na demonstração de resultados pelos administradores. Um gráfico geralmente contém elemento de mudança de estado, comparações de resultados em determinado período e como em uma narração ocorre o fenômeno da mudança e transformações de coisas e pessoas. Um gráfico é uma representação figurada de um comportamento de pessoas ou produtos, portanto, é uma narração sintetizada de uma fato.
Um gráfico pode conter narratividade, mesmo com símbolos e números, e quase nada de texto. A narração também pode ocorrer em forma de gráfico, aliás, esta é uma linguagem muito usual hoje em dia principalmente em palestras e na demonstração de resultados pelos administradores. Um gráfico geralmente contém elemento de mudança de estado, comparações de resultados em determinado período e como em uma narração ocorre o fenômeno da mudança e transformações de coisas e pessoas. Um gráfico é uma representação figurada de um comportamento de pessoas ou produtos, portanto, é uma narração sintetizada de uma fato.
DESCRIÇÃO
No curso de Produção de Textos da Universidade Metropolitana de Santos temos a seguinte definição do texto descritivo:
“A descrição em linguagem verbal pode ser entendida como um tipo de
texto em que, por meio da enumeração de pormenores, dados, características,
vai-se construindo a imagem verbal daquilo que se pretende retratar.
A construção dessa imagem, no entanto, depende das intenções do autor
e do objetivo do texto.
Há descrições que têm por objetivo informar, como acontece com um texto
que apresente, num livro de Geografia, a vegetação da Serra Gaúcha.
Nesse caso, o autor procurará ser bastante objetivo, usando um vocabulário
específico, buscando a exatidão – predominará, nessa descrição, a
linguagem denotativa. Pertencem a este tipo, a descrição técnica e a científica,
nas quais a clareza e a precisão buscam uma comunicação eficaz,
objetiva e convincente, que não dê margem a interpretações variadas.”
“A descrição em linguagem verbal pode ser entendida como um tipo de
texto em que, por meio da enumeração de pormenores, dados, características,
vai-se construindo a imagem verbal daquilo que se pretende retratar.
A construção dessa imagem, no entanto, depende das intenções do autor
e do objetivo do texto.
Há descrições que têm por objetivo informar, como acontece com um texto
que apresente, num livro de Geografia, a vegetação da Serra Gaúcha.
Nesse caso, o autor procurará ser bastante objetivo, usando um vocabulário
específico, buscando a exatidão – predominará, nessa descrição, a
linguagem denotativa. Pertencem a este tipo, a descrição técnica e a científica,
nas quais a clareza e a precisão buscam uma comunicação eficaz,
objetiva e convincente, que não dê margem a interpretações variadas.”
domingo, 22 de novembro de 2009
EXPRESSÕES IDIOMÁTICAS
É AI QUE A PORCA TORCE O RABO
O que significa a porca torcer o rabo?
FURO DE REPORTAGEM
Por quê furo de reportagem?
CARA DE PAU
Por quê a pessoa que mente descaradamente é cara de pau?
ESTOUROU UM ESCÂNDALO
Por quê o escândalo estoura?
OS PROBLEMAS VIRAM BOLA DE NEVE
Por quê problema vira bola de neve e não uma gelatina, uma feijoada?
DEU A LUZ UM FILHO
Por quê a mulher dá a luz e não dá um fruto?
JOGADOR PERNA DE PAU
Por quê o jogador é perna de pau e não perna de ferro?
ELE É BICHA!
Por quê homossexual é bicha e não uma plantinha?
CONTOU UMA MENTIRA CABELUDA
Por quê uma mentira grande é cabeluda e não careca?
ELE ESTÁ COM A BOLA CHEIA
Por quê ser bem quisto é ser bola cheia?
A COISA ESTÁ PRETA PARA O SEU LADO
Por quê a má fase é associada a cor preta e não a cor rosa?
ESTA MULHER É UMA GATA
Por quê mulher bonita é comparada a gata e não a ema, foca ou outro bicho?
ESTA MULHER É UMA PERDIDA!
Por quê uma mulher que encontrou vários homens é uma perdida?
O que significa a porca torcer o rabo?
FURO DE REPORTAGEM
Por quê furo de reportagem?
CARA DE PAU
Por quê a pessoa que mente descaradamente é cara de pau?
ESTOUROU UM ESCÂNDALO
Por quê o escândalo estoura?
OS PROBLEMAS VIRAM BOLA DE NEVE
Por quê problema vira bola de neve e não uma gelatina, uma feijoada?
DEU A LUZ UM FILHO
Por quê a mulher dá a luz e não dá um fruto?
JOGADOR PERNA DE PAU
Por quê o jogador é perna de pau e não perna de ferro?
ELE É BICHA!
Por quê homossexual é bicha e não uma plantinha?
CONTOU UMA MENTIRA CABELUDA
Por quê uma mentira grande é cabeluda e não careca?
ELE ESTÁ COM A BOLA CHEIA
Por quê ser bem quisto é ser bola cheia?
A COISA ESTÁ PRETA PARA O SEU LADO
Por quê a má fase é associada a cor preta e não a cor rosa?
ESTA MULHER É UMA GATA
Por quê mulher bonita é comparada a gata e não a ema, foca ou outro bicho?
ESTA MULHER É UMA PERDIDA!
Por quê uma mulher que encontrou vários homens é uma perdida?
domingo, 15 de novembro de 2009
APRENDER OUTRA LINGUA
Aprender um novo idioma abre um mundo de literaturas que em sua maioria se encontra restrito àquela língua. Nos meus quarentas anos estudei algumas como Hebraico antigo, Grego Koiné, francês, Inglês, espanhol, árabe. Mas infelizmente hoje só consigo ler em espanhol e francês com certa dificuldade porque só na minha juventude é que me dediquei a estudar outras línguas.
Agora, na última década, com a internet e outros meios de comunicação este mundo de possibilidades está aberto e também pretendo aperfeiçoar em pelo menos duas delas para pensar em um futuro doutorado em arqueologia ou teologia.
Agora, na última década, com a internet e outros meios de comunicação este mundo de possibilidades está aberto e também pretendo aperfeiçoar em pelo menos duas delas para pensar em um futuro doutorado em arqueologia ou teologia.
GOSTAR DE LER
Gostar de ler é o que mais importa nesta busca individual pela busca do conhecimento. Lembro-me de Champollion, o "cara" que descobriu os significados dos hieróglifos, ele era autodidata e foi trabalhar em uma biblioteca... Com 14 anos já domina línguas extintas..
Assim tenho procurado educar minhas filhas de 10 e 9 anos que o amor a leitura é o segredo de uma vida liberta e independente de muitas coisas... Faço de tudo para que elas tenham prazer na leitura e tenho alcançado muito sucesso com a mais velha que nos intervalos na escola vai para a biblioteca e sempre me conta o que tem lido, a mais nova...dá mais trabalho, mas é com ela que preciso descobrir meios de faze-la se interessar pela leitura como prazer e não somente necessidade. Jamais como castigo.
Muito contribuiu na minha vida o hábito de ler gibis na infância, eu colecionava varias revistas em quadrinhos dos heróis da Marvel, depois com 15 anos já pegava o meu salário de office-boy e gastava parte dele com livros, nunca esqueço que um dos livros mais caro que comprei foi do arqueólogo alemão Walner Keller, autor do Best-seller: "...E A BÍBLIA TINHA RAZÃO..." custou o olho da cara... Principalmente para mim que ganhava menos que um salário mínimo.
Assim tenho procurado educar minhas filhas de 10 e 9 anos que o amor a leitura é o segredo de uma vida liberta e independente de muitas coisas... Faço de tudo para que elas tenham prazer na leitura e tenho alcançado muito sucesso com a mais velha que nos intervalos na escola vai para a biblioteca e sempre me conta o que tem lido, a mais nova...dá mais trabalho, mas é com ela que preciso descobrir meios de faze-la se interessar pela leitura como prazer e não somente necessidade. Jamais como castigo.
Muito contribuiu na minha vida o hábito de ler gibis na infância, eu colecionava varias revistas em quadrinhos dos heróis da Marvel, depois com 15 anos já pegava o meu salário de office-boy e gastava parte dele com livros, nunca esqueço que um dos livros mais caro que comprei foi do arqueólogo alemão Walner Keller, autor do Best-seller: "...E A BÍBLIA TINHA RAZÃO..." custou o olho da cara... Principalmente para mim que ganhava menos que um salário mínimo.
LEITURA NA PROFISSÃO
Realmente a vida é assim mesmo, dependendo do curso e da correnteza DA VIDA, tem vezes que estamos mais dedicados a leitura e em outras épocas nos dedicamos menos. Por força do meu trabalho, eu tenho que ler bastante, mas literatura específica, que são os autos de inquéritos policiais que na última década tem sido o meu trabalho.
O interessante no meu tipo de trabalho é que eu vou interagindo com o texto e participando nele à medida que o inquérito policial vai sendo movimentado, ora lavro termos, certidões, conclusos, juntadas, depoimentos, ora tenho que ler portarias, outros depoimentos, boletins de ocorrência, laudos técnicos científicos do Instituto de Criminalística, do Instituto Médico Legal e na movimentação do inquérito, como escrivão, estou em permanente sintonia com o delegado, promotor e juiz do feito.
Um inquérito policial nunca é igual a outro, porque as circunstâncias de cada crime são individuais e peculiares. Poucos trabalhos do mundo são capazes de nos dar uma visão ampla das intrigas humanas como o INQUÉRITO POLICIAL.Diariamente participo de interrogatórios onde somos desafiados a fazer perguntas para obter respostas verdadeiras e precisas e depois transformar isso em texto.
Mas o escrivão não é um mero digitador como a maioria das pessoas pensam, em 97% dos casos o texto é de livre lavra do escrivão, isso gera um milhão de possibilidades.. Um verbo diferente e o sentido muda completamente...
O interessante no meu tipo de trabalho é que eu vou interagindo com o texto e participando nele à medida que o inquérito policial vai sendo movimentado, ora lavro termos, certidões, conclusos, juntadas, depoimentos, ora tenho que ler portarias, outros depoimentos, boletins de ocorrência, laudos técnicos científicos do Instituto de Criminalística, do Instituto Médico Legal e na movimentação do inquérito, como escrivão, estou em permanente sintonia com o delegado, promotor e juiz do feito.
Um inquérito policial nunca é igual a outro, porque as circunstâncias de cada crime são individuais e peculiares. Poucos trabalhos do mundo são capazes de nos dar uma visão ampla das intrigas humanas como o INQUÉRITO POLICIAL.Diariamente participo de interrogatórios onde somos desafiados a fazer perguntas para obter respostas verdadeiras e precisas e depois transformar isso em texto.
Mas o escrivão não é um mero digitador como a maioria das pessoas pensam, em 97% dos casos o texto é de livre lavra do escrivão, isso gera um milhão de possibilidades.. Um verbo diferente e o sentido muda completamente...
O LEITOR
· QUE LEITOR TENHO SIDO?
· -R. Não estou satisfeito, mas tenho que admitir que tenho procurado fazer de uma a duas horas de leitura por dia este ano e isto me tem dado um ganho pessoal extraordinário, mas há um certo sacrifício na vida social.
· QUE LEITOR SOU?
· R. Sou chato com o escritor, contesto, sou crítico, não gosto de livro emprestado, porque um livro meu é todo rabiscado, anotado e cheio de sinais do tipo interrogação, algumas vezes até xingo o autor ao lado de certos parágrafos, outras vezes elogio. Já passei uma vergonha emprestando um livro meu quando cursava teologia, porque fiz uns comentários com termos "chulos" demais..
· QUE LEITOR QUERO SER?
· R. Estou sempre expandindo os assuntos que leio, estudando de tudo um pouco, cada vez mais quero um conhecimento diversificado, gostaria de ter conhecimentos em todas as áreas, com o advento da internet, tenho conseguido material infinito de saber, muitos livros tenho baixado pela internet e eu quero ser assim crescendo em sabedoria e conhecimento em todas as direções. Mas bom mesmo seria se eu conseguisse por em prática os milhares de bons conselhos que leio...
· -R. Não estou satisfeito, mas tenho que admitir que tenho procurado fazer de uma a duas horas de leitura por dia este ano e isto me tem dado um ganho pessoal extraordinário, mas há um certo sacrifício na vida social.
· QUE LEITOR SOU?
· R. Sou chato com o escritor, contesto, sou crítico, não gosto de livro emprestado, porque um livro meu é todo rabiscado, anotado e cheio de sinais do tipo interrogação, algumas vezes até xingo o autor ao lado de certos parágrafos, outras vezes elogio. Já passei uma vergonha emprestando um livro meu quando cursava teologia, porque fiz uns comentários com termos "chulos" demais..
· QUE LEITOR QUERO SER?
· R. Estou sempre expandindo os assuntos que leio, estudando de tudo um pouco, cada vez mais quero um conhecimento diversificado, gostaria de ter conhecimentos em todas as áreas, com o advento da internet, tenho conseguido material infinito de saber, muitos livros tenho baixado pela internet e eu quero ser assim crescendo em sabedoria e conhecimento em todas as direções. Mas bom mesmo seria se eu conseguisse por em prática os milhares de bons conselhos que leio...
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
A ARTE DE ESCREVER
“Escrever é uma prática social que consiste, em boa medida, em escrever contra, sobre, a favor, ou, mais simplesmente, a partir de outros textos. Não há escrita sem polémica, retomada, citação, alusão etc. Ninguém escreve a partir do nada, ou a partir de si mesmo. (Artigo Primeiras Palavras Cintia Barretos, UNICAMP, 2001).”
MELHORAR A LEITURA E A ESCRITA
A leitura e a escrita pode ser melhorada partir do princípio pelo qual foi criado o exercício, ous seja, quanto mais você exercita, mais você vai melhorando sua performance. Os pais, professores e educadores devem trabalhar com seus filhos e alunos exercitando-os a ler e escrever regularmente. O método "céu e inferno" é muito útil, para o estimulo do aprediz. Recompensa por ter feito a lição e castigo como forma de reprovação pela preguiça de não ter feito exercício.
PRODUÇÃO DE TEXTO PROFISSIONAL
Muitos podem alegar que não precisam aprender tanto a dominar a língua, porque não pretende ser escritor. Puro engodo.. Pois a maioria das empresas e atividades exigem produção de textos, seja na comunicação interna na empresa, seja na produção de documentos, contratos, acordos, emissões de notas fiscais, recibos, cartas, mala-direta, boletos, expedientes, despachos, ordens, circulares, mandados, decretos, sentenças, portarias, e tantos outros textos.
CURSO DE LÍNGUA PORTUGUESA
Na maioria dos cursos de nível superior deveria ser obrigatório o estudo da língua portuguesa, pois a prática de redação e o domínio das normas cultas são fundamentais para os que trabalham ou irão trabalhar em setores da sociedade em que o uso da língua é primordial como exemplo podemos citar:
JORNALISMO
LICENCIATURAS
DIREITO
"Por outro lado, em inúmeras faculdades, o que se vê são pessoas, quase formadas, com dificuldade de escrever um texto. Esta dificuldade se explicita, quando o profissional tem de fazer uma pós-graduação, em que o exercício de escrita é uma constante; ou quando ele é solicitado a escrever um relatório, uma declaração, ou um outro documento na empresa. No momento em que estes questionamentos se colocam, pensamos por que estas pessoas, formadas por uma instituição, não conseguem escrever com certa tranqüilidade e atender às necessidades exigidas pelo mercado de trabalho ou pelas instituições de pós-graduação."(A Importância do Ato de Escrever no Ensino de Língua Portuguesa, Cintia Barretos)
COMODIDADE
Hoje em dia, boa parte dos textos são produzidos na forma de digitação e não mais na escrita manual, são iphone, celulares, notebook, computadores e muitos destes aparelhos eletrônicos com corretor ortográficos que têm dado a comodidade dos produtores de textos em "relaxar" e deixar o computador corrigir os erros. Mas devemos lembrar que nem sempre o corretor ortográfico consegue identificar todos os erros, além do que nem sempre este recurso esta ativado em todos os editores de textos. O MSN tem sido um show à parte, ali o escrever errado, sem coerência é o "legal". Quando estas pessas saem dos chats e do MSN e vão produzir textos de documentos, relatórios e redações escolares e universitárias, ai se vê a desgraça...
" Por que muitas frases parecem estar desconexas? Por que os erros de pontuação, de ortografia e de acentuação são freqüentes no nível universitário? Será por causa da pouca, ou nenhuma, leitura extra-escolar? Será pelas facilidades do computador, com seu corretor ortográfico e seus softwares de concordância e regência? Será pelo relaxamento dos chats e e-mails, que sucumbem as vírgulas, os acentos e fazem uso de neologismos?."(A Importância do Ato de Escrever no Ensino de Língua Portuguesa, Cintia Barretos)
CONCURSOS PÚBLICOS
A arte de escrever bem, obedecendo as normas da língua é tão importante que praticamente em todos os concursos públicos se exige dos candidatos conhecimentos da língua nacional. Pois muitas profissões, cargos e empregos estão vinculados com ouso contante da linguagem escrita como forma de comunicação.
ELABORAR TEXTOS
Os educadores de unma forma geral deve estimular o habito do aprendiz em elaborar texto. A medida que vai se passando lição aos alunos, sempre contendo textos para leitura, deve-se exigir do aluno como resposta a produção de um texto. Seja para o aluno fazer um comentario ou um resumo da obra que ele leu.
COESÃO E COERÊNCIA
"O enunciado não se constrói com um amontoado de palavras e orações. Elas se organizam segundo princípios gerais de dependência e independência sintática e semântica, recobertos por unidades melódicas e rítmicas que sedimentam estes princípios. (BECHARA, 2001)
Escrever, exige da pessoa que esta redigindo que ela consiga criar unidade no texto, sequencia das idéais, que as frases e orações tenham sentido. Um texto pode estar gramaticalmente correto, mas sem coesão alguma. São palavras sem sentido.
" A coerência está diretamente ligada à possibilidade de se estabelecer um sentido para o texto, ou seja, ela é o que faz com que o texto faça sentido para os usuários, devendo, portanto, ser entendida como um princípio de interpretabilidade, ligada à inteligibilidade do texto."(Koch, 2001, p.21)
CLAREZA DE IDÉIAS
Parece que a primeira razão para esse "sofrimento" está naquilo que é, ao mesmo tempo, causa e efeito da crise em que se encontra a comunicação escrita: a pouca eficácia do ensino de redação nas escolas e a falta de treinamento específico para a redação científica, decorrentes de total desprestígio em que caiu a língua escrita como meio eficiente de comunicação. Hoje, "falam" os números, os dados estatísticos, as fotos, os gráficos, os VTs. (Feitosa, 1991, p.12 )
O bom aluno deve aprender a expressar-se com clareza ao colocar suas idéias no papel em forma de texo. Vivemos em uma cultura audio-visual onde estes tipos de recursos tem propiciado novas formas de comunicações, mas não podemos esquecer de dominar os fundamentos da comunicação que é a clareza de idéias na produção de textos e no diáologo oral.
DOMÍNIO DA GRAMÁTICA
A arte de escrever exige o conhecimento da gramática, e dominar a gramática protugesa não é tarefa simples. Levamos a vida inteira estudando gramatica, desde a tenra idade até o final do ensino médio. A complexidade da nossa língua e a infinidade das palavras e seus sentidos, requer um estudo periódico e contínuo da nossa gramatica.
"Não se pode deixar de lembrar que o estudo gramatical é importante para a elaboração de um "bom" texto. Assim, para se escrever "bem" o texto deve-se saber utilizar, corretamente, os sinais de pontuação, deve-se saber ortografia, acentuação; deve-se saber o uso da crase; deve-se fazer as concordâncias verbal e nominal; deve-se saber regências verbal e nominal; além de se fazer um texto com os dois elementos mais importantes: coesão e coerência. Sem estes dois elementos, o texto perde a intenção de comunicação, ou melhor, de intercomunicação."(A Importância do Ato de Escrever no Ensino de Língua Portuguesa, Cintia Barretos)
LER PARA ESCREVER
Não adianta querer escrever sobre o que não sabe. Escrever é um ato de exteriorizar, enquanto a leitura é o ato de absorver, sugar, se alimentar intelectualmente. Ao meu ver, toda literatura é aproveitavel, porque mesmo que o texto seja inaproveitável, pelo menos serviu para exercitar nossa mente e a capaicadade de analisar as idéias do escritor.
Costumo lê até as fórmulas de shampoo, tudo que lemos devemos levar para o compartimento de triagem cerebral: Onde ali passa pelo crivo das seguintes perguntas:
- É verdade o que esta escrito?
- O que isto significa?
- Isso serve-me para quê?
- Por quê o autor escreveu isso?
A leitura exercita nossa capacidade de raciocinar e discernir as coisas. Acredito que para cada linha que escrevemos de um texto qualquer sobre qualquer assunto, tenhamos gasto uma hora lendo e ouvindo sobre aquilo. Só escreve quem já leu...
Harold Bloom disse:
Uma das funções da leitura é nos preparar para uma transformação, e a transformação final tem caráter universal. Considero aqui a leitura como hábito pessoal, e não como prática educativa. A maneira como lemos hoje, quando o fazemos sozinhos, manifesta uma relação contínua com o passado, a despeito da leitura atualmente praticada nas academias. Meu leitor ideal (e herói preferido) é Samuel Johnson, que bem conhecia e tão bem expressou as vantagens e desvantagens da leitura constante. Conforme qualquer outra atividade mental, a leitura, para Johnson, devia atender a uma preocupação central, ou seja, algo que "nos diz respeito, e que nos é útil". Sr. Francis Bacon, gestor de algumas da idéias postas em prática por Johnson, ofereceu o célebre conselho: "Não leia com o intuito de contradizer ou refutar, nem para acreditar ou concordar, tampouco para ter o que conversar, mas para refletir e avaliar". A Bacon e Johnson eu acrescentaria um terceiro sábio da leitura, inimigo ferrenho da História e de todos os Historicismos, Emerson, que afirmou: "Os melhores livros levam-nos à convicção de que a natureza que escreveu é a mesma que lê". Proponho uma fusão de Bacon, Johnson e Emerson, uma fórmula de leitura: encontrar algo que nos diga respeito, que possa ser utilizado como base para avaliar, refletir, que pareça ser fruto de uma natureza semelhante à nossa, e que seja livre da tirania do tempo. (2001, p. 17-8)
MELHORAR A LEITURA E A ESCRITA
A leitura e a escrita pode ser melhorada partir do princípio pelo qual foi criado o exercício, ous seja, quanto mais você exercita, mais você vai melhorando sua performance. Os pais, professores e educadores devem trabalhar com seus filhos e alunos exercitando-os a ler e escrever regularmente. O método "céu e inferno" é muito útil, para o estimulo do aprediz. Recompensa por ter feito a lição e castigo como forma de reprovação pela preguiça de não ter feito exercício.
PRODUÇÃO DE TEXTO PROFISSIONAL
Muitos podem alegar que não precisam aprender tanto a dominar a língua, porque não pretende ser escritor. Puro engodo.. Pois a maioria das empresas e atividades exigem produção de textos, seja na comunicação interna na empresa, seja na produção de documentos, contratos, acordos, emissões de notas fiscais, recibos, cartas, mala-direta, boletos, expedientes, despachos, ordens, circulares, mandados, decretos, sentenças, portarias, e tantos outros textos.
CURSO DE LÍNGUA PORTUGUESA
Na maioria dos cursos de nível superior deveria ser obrigatório o estudo da língua portuguesa, pois a prática de redação e o domínio das normas cultas são fundamentais para os que trabalham ou irão trabalhar em setores da sociedade em que o uso da língua é primordial como exemplo podemos citar:
JORNALISMO
LICENCIATURAS
DIREITO
"Por outro lado, em inúmeras faculdades, o que se vê são pessoas, quase formadas, com dificuldade de escrever um texto. Esta dificuldade se explicita, quando o profissional tem de fazer uma pós-graduação, em que o exercício de escrita é uma constante; ou quando ele é solicitado a escrever um relatório, uma declaração, ou um outro documento na empresa. No momento em que estes questionamentos se colocam, pensamos por que estas pessoas, formadas por uma instituição, não conseguem escrever com certa tranqüilidade e atender às necessidades exigidas pelo mercado de trabalho ou pelas instituições de pós-graduação."(A Importância do Ato de Escrever no Ensino de Língua Portuguesa, Cintia Barretos)
COMODIDADE
Hoje em dia, boa parte dos textos são produzidos na forma de digitação e não mais na escrita manual, são iphone, celulares, notebook, computadores e muitos destes aparelhos eletrônicos com corretor ortográficos que têm dado a comodidade dos produtores de textos em "relaxar" e deixar o computador corrigir os erros. Mas devemos lembrar que nem sempre o corretor ortográfico consegue identificar todos os erros, além do que nem sempre este recurso esta ativado em todos os editores de textos. O MSN tem sido um show à parte, ali o escrever errado, sem coerência é o "legal". Quando estas pessas saem dos chats e do MSN e vão produzir textos de documentos, relatórios e redações escolares e universitárias, ai se vê a desgraça...
" Por que muitas frases parecem estar desconexas? Por que os erros de pontuação, de ortografia e de acentuação são freqüentes no nível universitário? Será por causa da pouca, ou nenhuma, leitura extra-escolar? Será pelas facilidades do computador, com seu corretor ortográfico e seus softwares de concordância e regência? Será pelo relaxamento dos chats e e-mails, que sucumbem as vírgulas, os acentos e fazem uso de neologismos?."(A Importância do Ato de Escrever no Ensino de Língua Portuguesa, Cintia Barretos)
CONCURSOS PÚBLICOS
A arte de escrever bem, obedecendo as normas da língua é tão importante que praticamente em todos os concursos públicos se exige dos candidatos conhecimentos da língua nacional. Pois muitas profissões, cargos e empregos estão vinculados com ouso contante da linguagem escrita como forma de comunicação.
ELABORAR TEXTOS
Os educadores de unma forma geral deve estimular o habito do aprendiz em elaborar texto. A medida que vai se passando lição aos alunos, sempre contendo textos para leitura, deve-se exigir do aluno como resposta a produção de um texto. Seja para o aluno fazer um comentario ou um resumo da obra que ele leu.
COESÃO E COERÊNCIA
"O enunciado não se constrói com um amontoado de palavras e orações. Elas se organizam segundo princípios gerais de dependência e independência sintática e semântica, recobertos por unidades melódicas e rítmicas que sedimentam estes princípios. (BECHARA, 2001)
Escrever, exige da pessoa que esta redigindo que ela consiga criar unidade no texto, sequencia das idéais, que as frases e orações tenham sentido. Um texto pode estar gramaticalmente correto, mas sem coesão alguma. São palavras sem sentido.
" A coerência está diretamente ligada à possibilidade de se estabelecer um sentido para o texto, ou seja, ela é o que faz com que o texto faça sentido para os usuários, devendo, portanto, ser entendida como um princípio de interpretabilidade, ligada à inteligibilidade do texto."(Koch, 2001, p.21)
CLAREZA DE IDÉIAS
Parece que a primeira razão para esse "sofrimento" está naquilo que é, ao mesmo tempo, causa e efeito da crise em que se encontra a comunicação escrita: a pouca eficácia do ensino de redação nas escolas e a falta de treinamento específico para a redação científica, decorrentes de total desprestígio em que caiu a língua escrita como meio eficiente de comunicação. Hoje, "falam" os números, os dados estatísticos, as fotos, os gráficos, os VTs. (Feitosa, 1991, p.12 )
O bom aluno deve aprender a expressar-se com clareza ao colocar suas idéias no papel em forma de texo. Vivemos em uma cultura audio-visual onde estes tipos de recursos tem propiciado novas formas de comunicações, mas não podemos esquecer de dominar os fundamentos da comunicação que é a clareza de idéias na produção de textos e no diáologo oral.
DOMÍNIO DA GRAMÁTICA
A arte de escrever exige o conhecimento da gramática, e dominar a gramática protugesa não é tarefa simples. Levamos a vida inteira estudando gramatica, desde a tenra idade até o final do ensino médio. A complexidade da nossa língua e a infinidade das palavras e seus sentidos, requer um estudo periódico e contínuo da nossa gramatica.
"Não se pode deixar de lembrar que o estudo gramatical é importante para a elaboração de um "bom" texto. Assim, para se escrever "bem" o texto deve-se saber utilizar, corretamente, os sinais de pontuação, deve-se saber ortografia, acentuação; deve-se saber o uso da crase; deve-se fazer as concordâncias verbal e nominal; deve-se saber regências verbal e nominal; além de se fazer um texto com os dois elementos mais importantes: coesão e coerência. Sem estes dois elementos, o texto perde a intenção de comunicação, ou melhor, de intercomunicação."(A Importância do Ato de Escrever no Ensino de Língua Portuguesa, Cintia Barretos)
LER PARA ESCREVER
Não adianta querer escrever sobre o que não sabe. Escrever é um ato de exteriorizar, enquanto a leitura é o ato de absorver, sugar, se alimentar intelectualmente. Ao meu ver, toda literatura é aproveitavel, porque mesmo que o texto seja inaproveitável, pelo menos serviu para exercitar nossa mente e a capaicadade de analisar as idéias do escritor.
Costumo lê até as fórmulas de shampoo, tudo que lemos devemos levar para o compartimento de triagem cerebral: Onde ali passa pelo crivo das seguintes perguntas:
- É verdade o que esta escrito?
- O que isto significa?
- Isso serve-me para quê?
- Por quê o autor escreveu isso?
A leitura exercita nossa capacidade de raciocinar e discernir as coisas. Acredito que para cada linha que escrevemos de um texto qualquer sobre qualquer assunto, tenhamos gasto uma hora lendo e ouvindo sobre aquilo. Só escreve quem já leu...
Harold Bloom disse:
Uma das funções da leitura é nos preparar para uma transformação, e a transformação final tem caráter universal. Considero aqui a leitura como hábito pessoal, e não como prática educativa. A maneira como lemos hoje, quando o fazemos sozinhos, manifesta uma relação contínua com o passado, a despeito da leitura atualmente praticada nas academias. Meu leitor ideal (e herói preferido) é Samuel Johnson, que bem conhecia e tão bem expressou as vantagens e desvantagens da leitura constante. Conforme qualquer outra atividade mental, a leitura, para Johnson, devia atender a uma preocupação central, ou seja, algo que "nos diz respeito, e que nos é útil". Sr. Francis Bacon, gestor de algumas da idéias postas em prática por Johnson, ofereceu o célebre conselho: "Não leia com o intuito de contradizer ou refutar, nem para acreditar ou concordar, tampouco para ter o que conversar, mas para refletir e avaliar". A Bacon e Johnson eu acrescentaria um terceiro sábio da leitura, inimigo ferrenho da História e de todos os Historicismos, Emerson, que afirmou: "Os melhores livros levam-nos à convicção de que a natureza que escreveu é a mesma que lê". Proponho uma fusão de Bacon, Johnson e Emerson, uma fórmula de leitura: encontrar algo que nos diga respeito, que possa ser utilizado como base para avaliar, refletir, que pareça ser fruto de uma natureza semelhante à nossa, e que seja livre da tirania do tempo. (2001, p. 17-8)
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
PRONOME OBLÍQUO
As informações abaixo foram extraídas do site:
Fonte: www.nilc.icmc.usp.br
PRONOME OBLÍQUO
Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na sentença, exerce a função de complemento verbal, ou seja, objeto direto ou objeto indireto.
Sendo um pronome ele carrega consigo as características próprias a essa classe gramatical, ou seja, é uma palavra que pode:
Substituir um nome
Qualificar um nome
Determinar a pessoa do discurso
Em verdade, o pronome oblíquo é uma forma variante do pronome pessoal do caso reto. Essa variação na forma do pronome indica tão somente a função diversa que eles desempenham na oração: pronome reto marca o sujeito da oração; pronome oblíquo marca o complemento verbal da oração.
Os pronomes oblíquos sofrem variação de acordo com a acentuação tônica que possuem. Dessa forma eles podem ser:
Pronome oblíquo átono
São chamados átonos os pronomes oblíquos cuja acentuação tônica é fraca.
Os pronomes oblíquos apresentam flexão de número, gênero e pessoa, sendo essa última a principal flexão porque marca a pessoa do discurso. Dessa forma, o quadro dos pronomes oblíquos átonos é assim configurado:
- 1ª pessoa do singular (eu):me
- 2ª pessoa do singular (tu):te
- 3ª pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe
- 1ª pessoa do plural (nós):nos
- 2ª pessoa do plural (vós):vos
- 3ª pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes
O lhe é o único pronome oblíquo átono que já se apresenta na forma contraída, ou seja, houve a união entre o pronome o ou a e preposição a ou para. Por acompanhar diretamente uma preposição, o pronome lhe exerce sempre a função de objeto indireto na oração. Os demais pronomes átonos em geral funcionam como objeto direto.
Pronome oblíquo tônico
São chamados tônicos os pronomes oblíquos cuja acentuação tônica é forte.
Os pronomes oblíquos apresentam flexão de número, gênero (apenas na 3ª pessoa) e pessoa, sendo essa última a principal flexão porque marca a pessoa do discurso. Dessa forma, o quadro dos pronomes oblíquos tônicos é assim configurado:
- 1ª pessoa do singular (eu): mim, comigo
- 2ª pessoa do singular (tu): ti, contigo
- 3ª pessoa do singular (ele, ela): ele, ela
- 1ª pessoa do plural (nós): nós, conosco
- 2ª pessoa do plural (vós): vós, convosco
- 3ª pessoa do plural (eles, elas): eles, elas
Os pronomes oblíquos tônicos sempre acompanham uma preposição, em geral as preposições a, para, de e com. Por esse motivo os pronomes tônicos exercem a função de objeto indireto da oração.
Observe que as únicas formas próprias do pronome tônico são a primeira pessoa (mim) e segunda pessoa (ti). As demais repetem a forma do pronome pessoal do caso reto.
A forma contraída dos pronomes tônicos (comigo, contigo, conosco e convosco) é obrigatória na construção dos pronomes de 1ª e 2ª pessoas do singular e do plural. As terceiras pessoas do singular e plural, por possuírem uma forma iniciada por vogal (ele, por exemplo), se apresentam separadas da preposição "com" (com ele, com elas e etc.).
Os pronomes oblíquos tônicos contraídos (contigo, por exemplo) freqüentemente exercem a função de adjunto adverbial de companhia (ex.: Ele carregava este nome consigo).
Formas especiais do pronome oblíquo
O pronome oblíquo, quando exerce a função de objeto direto, adquire formas especiais conforme a posição que ocupa na sentença. Isso, porém, só é válido para os pronomes oblíquos de terceira pessoa do singular e do plural.
Quando o pronome oblíquo estiver antes do verbo (próclise, as formas utilizadas são as padrões: o, a, os, as.
Quando o pronome oblíquo estiver depois do verbo (ênclise), as formas do pronome variam de acordo com o verbo que acompanham. São duas as terminações verbais que comandam a forma do pronome oblíquo enclítico:
1. verbos terminados em -r, -s ou –z acrescenta-se "-l" antes da forma do pronome (-lo, -la, -los, -las).
Exemplo:
Todos podiam fazer o exercício em casa.
Todos podiam fazer-o em casa. [Inadequado]
Todos podiam fazê-lo em casa. [Adequado]
2. verbos terminados em ditongo nasal (-am, -em, -ão e -õe) acrescenta-se "-n" antes da forma do pronome (-no, -na, -nos, -nas).
Exemplo:
Eles tinham aquela criança como filha rebelde.
Eles tinham-a como filha rebelde. [Inadequado]
Eles tinham-na como filha rebelde. [Adequado]
O pronome em início de sentenças
O pronome reto (eu, tu, ele e etc.) ocupa sempre a posição de sujeito da oração. Já o pronome oblíquo (me, te, o, se e etc.) exerce a função de objeto da oração, complementando o verbo transitivo. Como é papel do sujeito iniciar uma sentença, o pronome oblíquo não deve ocupar essa posição inicial.
Embora seja correto o emprego do pronome oblíquo antes do verbo (próclise), se o verbo estiver iniciando sentença é aconselhável o emprego do pronome depois do verbo (ênclise).
Exemplos:
Te censuraram em público. [Inadequado]
Censuraram-te em público. [Adequado]
Me passa o sal, por favor!. [Inadequado]
Passa-me o sal, por favor!. [Adequado]
O pronome e o objeto direto
O objeto direto é formado por um nome, em geral um substantivo. Esse nome pode vir substituído por um pronome. Quando isso ocorre, o pronome empregado deve ser o pronome oblíquo (me, te, o, se e etc.).
O pronome reto (eu, tu, ele e etc) ocupa sempre a posição de sujeito da oração. Cabe, portanto, ao pronome oblíquo exercer a função de objeto da oração, complementando o verbo transitivo.
Exemplos:
Ela queria o prêmio para si.
Ela queria ele para si. [Inadequado]
Ela o queria para si. [Adequado]
...[ela = pronome reto = sujeito da oração]
...[o = pronome oblíquo = objeto direto da oração]
Chamaram Maria de santa.
Chamaram ela de santa. [Inadequado]
Chamaram-na de santa. [Adequado]
...[sujeito indeterminado do verbo "chamar"]
...[na = pronome oblíquo = objeto direto da oração]
/////////////////////////////////////////////////////////////////////
As informações abaixo foram extraídas do site:
Fonte: www.interaula.com
Fonte: www.graudez.com.br
OBJETO REPRESENTADO POR PRONOME OBLÍQUO
Os pronomes pessoais oblíquos, como foi visto no estudo da morfologia, são indicados para uso sintático de objetos.
Os pronomes o, a, os, as são utilizados para substituir o objeto direto. Já os pronomes lhe, lhes substituem o objeto indireto. Os demais pronomes oblíquos átonos (me, te, se, nos e vos) tanto podem ser empregados para substituir objeto direto quanto indireto. Neste último caso, deve-se analisar a transitividade verbal para classificar o complemento.
Exemplos
Emprestei-o / O assunto interessa-lhe / Telefonou-me / Convidaram-nos
Cabe também destacar que com a utilização dos pronomes como objeto indireto a preposição não aparece, dificultando um pouco a análise.
Exemplos
Comprei um presente a ela = comprei-lhe um presente
sábado, 3 de outubro de 2009
SOTAQUE
ACENTUAÇÃO DAS PALAVRAS
Marcos Bagno em um trecho diz:
"As pessoas que dizem Cráudia, praca, pranta pertencem a uma classe social desprestigiada, marginalizada, que não tem acesso à educação formal e aos bens culturais da elite, e por isso a língua que elas falam sofre o mesmo preconceito que pesa sobre elas mesmas, ou seja, sua língua é considerada ‘feia’, ‘pobre’,‘carente’, quando na verdade é apenas diferente da língua falada na escola" (p.39).
MARCOS BAGNO
Não concordo com o autor de que se trata de marginalização. É verdade que a maioria das pessoas que falam errado são pessoas de baixo poder aquisitivo, que tiveram pouco acesso a escola e a educação. Ao meu vê as pessoas que falam errado, possui uma linguagem verdadeiramente feia, pobre e carente.Isso não quer dizer que devemos menosprezar estas pessoas, mas quem fala "Cráudia, praca, pranta" com certeza não tem a formação educacional da elite e percebe-se que não possuem doutorado pela PUC..
O regionalismo da língua cria umas distinções linguísticas no Brasil, são os "sotaques regionais" de maneira que podemos citar alguns mais detacados como: paulista, carioca, mineiro, nordestino, e gaúcho. Essas diferenças servem para uma "gozação" que muitas vezes são preconceituosas, talves aqui tenha um "que" de preconceito. Em São Paulo ninguém quer dá emprego em um shopping para uma vendedora que fale com sotaque arrastado e forte do agreste nordestino. Neste ponto acho que existe preconceito.
Marcos Bagno em um trecho diz:
"As pessoas que dizem Cráudia, praca, pranta pertencem a uma classe social desprestigiada, marginalizada, que não tem acesso à educação formal e aos bens culturais da elite, e por isso a língua que elas falam sofre o mesmo preconceito que pesa sobre elas mesmas, ou seja, sua língua é considerada ‘feia’, ‘pobre’,‘carente’, quando na verdade é apenas diferente da língua falada na escola" (p.39).
MARCOS BAGNO
Não concordo com o autor de que se trata de marginalização. É verdade que a maioria das pessoas que falam errado são pessoas de baixo poder aquisitivo, que tiveram pouco acesso a escola e a educação. Ao meu vê as pessoas que falam errado, possui uma linguagem verdadeiramente feia, pobre e carente.Isso não quer dizer que devemos menosprezar estas pessoas, mas quem fala "Cráudia, praca, pranta" com certeza não tem a formação educacional da elite e percebe-se que não possuem doutorado pela PUC..
O regionalismo da língua cria umas distinções linguísticas no Brasil, são os "sotaques regionais" de maneira que podemos citar alguns mais detacados como: paulista, carioca, mineiro, nordestino, e gaúcho. Essas diferenças servem para uma "gozação" que muitas vezes são preconceituosas, talves aqui tenha um "que" de preconceito. Em São Paulo ninguém quer dá emprego em um shopping para uma vendedora que fale com sotaque arrastado e forte do agreste nordestino. Neste ponto acho que existe preconceito.
CONCORDÂNCIA VERBAL
Estudo extraído da gramática do professor Pasquale Cipro Neto:
- nota da ledora: anúncio da Adidas. Fotografia de uma perna, e um pé, dando destaque
ao pé descalço, pintado com as três listras que são marca registrada da Adidas, e o
seguinte texto: - 26 ossos, 200 músculos, 320 km/h na troca de mensagem com o
cérebro. Para ficar perfeito, só lhe faltam três listras.
- fim da nota.
Neste capítulo, você vai estudar um dos aspectos mais ricos da sintaxe portuguesa: a
concordância.
Você ja aprendeu nos capítulos destinados à analise dos termos essenciais da oração que
o verbo e o sujeito estão sempre ligados pelo mecanismo de concordância, mesmo que o
sujeito venha posposto ao verbo, como no anúncio ao lado (o sujeito "três listras" esta
em relação de CONCORDÂNCIA com o verbo faltavam). De acordo com essa
relação, verbo e sujeito concordam em número e pessoa:
Assumo meus inúmeros erros: sujeito da primeira pessoa do singular (eu),Assumimos
nossos inúmeros erros: sujeito da primeira pessoa do plural (nós)
Toda pessoa sensata assume os próprios erros: sujeito da terceira pessoa do singular
Pessoas sensatas assumem os próprios erros: sujeito da terceira pessoa do plural
REGRAS BÁSICAS: SUJEITO COMPOSTO
Quando o sujeito é composto e anteposto ao verbo, a CONCORDÂNCIA se faz no
plural:
Pai e filho conversaram longamente. Pais e filhos devem conversar com frequência.
Nos sujeitos compostos formados por pessoas gramaticais diferentes, a concordância no
plural obedece ao seguinte esquema: a primeira pessoa prevalece sobre a segunda
pessoa, que, por sua vez, prevalece sobre a terceira. Veja:
Teus irmãos, tu e eu/ tomaremos a decisão. primeira pessoa do plural
Tu e teus irmãos/ tomareis a decisão. segunda pessoa do plural
Pais e filhos/ precisam respeitar-se. terceira pessoa do plural
Quando o sujeito é composto, formado por um elemento da segunda pessoa e um da
terceira, é possível empregar o verbo na terceira pessoa do plural, como se vê em muitos
de nossos bons escritores. É possível, pois, aceitar a frase: "Tu e teus irmãos tomarão a
decisão.", ja legitimada por grande parte dos gramáticos.
Você percebeu que, até agora, todos os exemplos trouxeram o sujeito anteposto ao
verbo. No caso do sujeito composto posposto ao verbo, passa a existir uma nova
possibilidade de concordância: em vez de concordar no plural com a totalidade do
sujeito, o verbo pode estabelecer CONCORDÂNCIA com o núcleo do sujeito mais
próximo. Convém insistir em que isso é uma opção, e não uma obrigação. Essa dupla
possibilidade se estende aos demais casos de CONCORDÂNCIA entre verbo e sujeito
composto que você estudara mais adiante.
Faltaram coragem e competência.
Faltou coragem e competência.
Pouco falaram o presidente e os ministros.
Pouco falou o presidente e os ministros.
Quando ocorre idéia de reciprocidade, no entanto, a CONCORDÂNCIA é feita
obrigatoriamente no plural:
Abraçaram-se vencedor e vencido. Ofenderam-se o jogador e o árbitro.
CASOS DE SUJEITOS SIMPLES QUE MERECEM DESTAQUES
Há muitos casos em que o sujeito simples é constituído de formas que fazem o falante
hesitar no momento de estabelecer a CONCORDÂNCIA com o verbo. Em alguns
desses casos, a CONCORDÂNCIA puramente gramatical é contaminada pelo
significado de expressões que nos transmitem noção de plural apesar de terem forma de
singular ou vice-versa. Por isso, convém analisar com cuidado algumas delas.
Quando o sujeito é formado por uma expressão partitiva (parte de, uma porção de, o
grosso de, metade de, a maioria de, a maior parte de, grande parte de) seguida de um
substantivo ou pronome no plural, o verbo pode ficar no singular ou no plural:
A maioria dos jornalistas aprovou/aprovaram a idéia.
Metade dos candidatos não apresentou /apresentaram nenhuma proposta interessante.
Esse mesmo procedimento se aplica aos casos dos coletivos, quando especificados:
Um bando de vândalos destruiu/destruíram o monumento.
Nesses casos, o uso do verbo no singular enfatiza a unidade do conjunto; já a forma
plural confere destaque aos elementos que formam esse conjunto.
Quando o sujeito é formado por expressão que indica quantidade aproximada (cerca de,
mais de, menos de, perto de) seguida de numeral e substantivo, o verbo concorda com o
substantivo. Observe:
Cerca de mi/pessoas participaram da manifestação.
Perto de quinhentos alunos compareceram à solenidade.
Mais de um atleta estabeleceu novo recorde nas últimas Olimpíadas.
Quando a expressão mais de um se associar a verbos que exprimem reciprocidade, o
plural é obrigatório:
Mais de um deputado se ofenderam na tumultuada sessão de ontem.
Quando se trata de nomes próprios, a CONCORDÂNCIA deve ser feita levando-se em
conta a ausência ou presença de artigo.
Sem artigo, o verbo deve ficar no singular. Quando há artigo no plural, o verbo deve
ficar no plural. Observe:
Os Estados Unidos determinam o fluxo da atividade econômica no mundo.
Minas Gerais produz queijo e poesia de primeira.
- nota da ledora:
OBSERVAÇÃO
Com nome de obra no plural, com artigo no plural, o verbo ser pode ficar no singular,
desde que o predicativo do sujeito esteja no singular: "Os sertões é a obra máxima de
Euclides da Cunha".
As Minas Gerais são inesquecíveis.
Alagoas impressiona pela beleza das praias e pela pobreza da população.
Os sertões imortalizaram Euclides da Cunha.
Quando o sujeito é um pronome interrogativo ou indefinido plural (quais, quantos,
alguns, poucos, muitos, quaisquer, vários) seguido de de nós ou de vós, o verbo pode
concordar com o primeiro pronome (na terceira pessoa do plural) ou com o pronome
pessoal. Observe:
Quais de nós são/somos capazes?
Alguns de vós sabiam/sabíeis do caso?
Vários de nós propuseram / propusemos sugestões inovadoras.
Observe que a opção por uma ou outra forma indica a inclusão ou a exclusão do
emissor. Quando alguém diz ou escreve "Alguns de nós sabíamos de tudo e nada
fizemos.", está-se incluindo no grupo de omissos. Isso não ocorre quando alguém diz ou
escreve "Alguns de nós sabiam de tudo e nada fizeram.", frase que soa como uma
denúncia.
Nos casos em que o interrogativo ou indefinido estiver no singular, o verbo ficará no
singular:
Qual de nós é capaz?
Algum de vós fez isso.
- nota da ledora: desenho em quadrinho, na página. Primeiro quadro: dois homens, um
entregando uma mensagem ao outro, falando: - você não tem como errar, ele tem barba
e chifres. Segundo quadro: o mensageiro encontra um palhaço barbudo, com uma flor
no chapéu; um bode, e Hagar, pergunta em seguida: - quem de vocês é Hagar?
- fim da nota.
Não há como errar: pronome interrogativo no singular, verbo também (2o. quadro).
Quando o sujeito é formado por uma expressão que indica porcentagem seguida de
substantivo, o verbo deve concordar com o substantivo. Observe:
25% do orçamento do país deve destinar-se à Educação.
85% dos entrevistados não aprovam a administração do prefeito.
1% do eleitorado aceita a mudança.
1% dos alunos faltaram à prova.
Quando a expressão que indica porcentagem não é seguida de substantivo, o verbo deve
concordar com o número. Veja:
25% querem a mudança.
1% conhece o assunto.
Quando o sujeito é o pronome relativo que, a CONCORDÂNCIA em número e pessoa
é feita com o antecedente desse pronome. Observe:
-Fui eu que paguei a conta,
Fomos nós que pintamos o muro.
És tu que me fazes ver o sentido da vida.
Ainda existem mulheres que ficam vermelhas na presença de um homem.
- nota da ledora: propaganda da valisère ; mulher deitada sobre um homem, todo de
branco, e o seguinte texto: Ainda existem mulheres que ficam vermelhas na presença de
um homem.
- fim da nota.
Com a expressão um dos que, o verbo deve assumir a forma plural:
Ademir da Guia foi um dos jogadores de futebol que mais encantaram os poetas.
Se você é um dos que admiram o escritor; certamente lerá seu novo romance.
A tendência, na linguagem corrente, é a CONCORDÂNCIA no singular. O que se
ouve efetivamente é "Ele foi um dos deputados que mais lutou para a aprovação da
emenda.". Faça a comparação com um caso em que se use um adjetivo. Você diria "Ela
é uma das alunas mais brilhante da sala."? Claro que não! Das alunas mais brilhantes da
sala, ela é uma. Do mesmo modo, dos deputados que mais lutaram pela aprovação da
emenda, ele é um. Então o raciocínio lógico mostra que o verbo no singular é
inaceitável.
Quando o sujeito é o pronome relativo quem, pode-se utilizar o verbo na terceira pessoa
do singular ou em CONCORDÂNCIA com o antecedente do pronome.
Observe:
Fui eu quem pagou a conta.
ou
Fui eu quem paguei a conta.
Fomos nós quem pintou o muro.
ou
Fomos nós quem pintamos o muro.
CASOS DE SUJEITOS COMPOSTOS QUE MERECEM DESTAQUE
Há casos de sujeito composto que merecem estudo particular.
Quando o sujeito composto é formado por núcleos sinônimos ou quase sinônimos, o
verbo pode ficar no plural ou no singular:
núcleos sinônimos
Descaso e desprezo marcam/marca seu comportamento.
Quando o sujeito composto é formado por núcleos dispostos em gradação, o verbo pode
ficar no plural ou concordar com o último núcleo do sujeito:
Com você, meu amor uma hora, um minuto, um segundo me satisfazem/satisfaz.
No primeiro caso, o verbo no singular enfatiza a unidade de sentido que há na
combinação descaso/desprezo. No segundo caso, o verbo no singular enfatiza o último
elemento da série gradativa.
Quando os núcleos do sujeito composto são unidos por ou nem, o verbo deverá ficar no
plural se a declaração contida no predicado puder ser atribuida a todos os núcleos:
Drummond ou Bandeira representam a essência da poesia brasileira.
Nem o professor nem o aluno acertaram a resposta.
Se a declaração contida no predicado só puder ser atribuida a um dos núcleos do sujeito,
ou seja, se os núcleos forem excludentes, o verbo deverá ficar no singular. Observe:
Roma ou Buenos Aires será a sede da próxima Olimpíada.
Você ou ele será escolhido. (Só será escolhido um.)
Com as expressões um ou outro e nem um nem outro, a CONCORDÂNCIA costuma
ser feita no singular, embora o plural também seja praticado. Com a locução um e outro,
o plural é mais freqüênte, embora também se use o singular.
Não há uniformidade no tratamento dado a essas expressões por gramáticos e escritores.
Quando os núcleos do sujeito são unidos por com, o verbo pode ficar no plural.
Nesse caso, os núcleos recebem um mesmo grau de importância e a palavra com tem
sentido muito próximo ao de e:
O pai com o filho montaram o brinquedo.
O governador com o secretariado traçaram os planos para o próximo semestre.
Nesse mesmo caso, o verbo pode ficar no singular, se a idéia é enfatizar o primeiro
elemento:
O pai com o filho montou o brinquedo.
O governador com o secretariado traçou os planos para o próximo semestre.
Com o verbo no singular, não se pode falar em sujeito composto. O sujeito é simples.
As expressões "com o filho" e "com o secretariado" são adjuntos adverbiais de
companhia. Na verdade, é como se, houvesse uma inversão da ordem: "O pai montou o
brinquedo com o filho." / "O governador traçou os planos para o próximo semestre com
o secretariado.".
Quando os núcleos do sujeito são unidos por expressões correlativas como não só... mas
também; não só... como também; nao só... mas ainda; não somente... mas ainda; não
apenas... mas também; tanto... quanto, o verbo concorda de preferência no plural:
Não só a seca mas também o pouco-caso castigam o Nordeste.
Tanto a mãe quanto o filho ficaram surpresos com a notícia.
Quando os elementos de um sujeito composto são resumidos por um aposto
recapitulativo, a CONCORDÂNCIA é feita com esse termo resumidor:
Pontes, viadutos, túneis, nada disso é prioritário em uma cidade como São Paulo.
Filmes, novelas, boas conversas, nada o tirava da apatia.
O VERBO E A PALAVRA SE
Merece destaque a CONCORDÂNCIA das estruturas verbais formadas com a
participação do pronome se. Entre as várias funções que esse pronome exerce, há duas
de particular interesse para a CONCORDÂNCIA verbal: quando é índice de
indeterminação do sujeito e quando é partícula apassivadora.
Quando é índice de indeterminação do sujeito, o se acompanha verbos intransitivos,
transitivos indiretos e de ligação, que obrigatoriamente são conjugados na terceira
pessoa do singular:
Aos domingos, assiste-se a programas medonhos na televisão.
Aos sábados, costumava-se ir a bailes.
Confia-se em teses absurdas.
Era-se mais feliz no passado.
Quando se é consciente, luta-se pelo bem-estar social.
Precisa-se de governantes interessados em civilizar o país.
Quando é pronome apassivador, o se acompanha verbos transitivos diretos e transitivos
diretos e indiretos na formação da voz passiva sintética. Nesse caso, o verbo deve
concordar com o sujeito da oração:
Destruiu-se a base de uma sociedade igualitária.
Destruíram-se as bases de uma sociedade igualitária.
Construiu-se um posto de saúde.
Construiram-se novos postos de saúde. Não se pouparam esforços para despoluir o rio.
Não se devem poupar esforços para despoluir o rio.
- nota da ledora: propaganda do jornal a Folha de S. Paulo, com o seguinte texto: O
jornal que mais se compra é o que nunca se vende.
- fim da nota.
Neste anúncio, o pronome apassivador se acompanha dois verbos tansitivos diretos
(comprar e vender). Nas duas ocorrências, o sujeito é o pronome relativo que
subtituindo o jornal; por isso os verbos estão no singular.
CONCORDÂNCIA COM VERBOS DE PARTICULAR INTERESSE
HAVER E FAZER
O verbo haver, quando indica existência ou acontecimento, é impessoal, devendo
permanecer sempre na terceira pessoa do singular:
Há graves problemas sociais no país.
Havia graves problemas sociais no país.
Sempre houve graves problemas sociais no país.
Parece haver graves problemas sociais no país.
Deve ter havido graves problemas sociais no país.
Haver e fazer são impessoais quando indicam idéia de tempo (cronológico ou
meteorológico). Nesse caso, devem permanecer na terceira pessoa do singular:
Há anos não o procuro.
Faz anos que não o procuro.
Havia anos que não nos encontrávamos.
Fazia anos que não nos encontrávamos.
Deve fazer vinte anos que ela foi embora.
SER
A CONCORDÂNCIA do verbo ser é absolutamente particular, rica em detalhes. Em
várias situações, esse verbo deixa de concordar com o sujeito para concordar com o
predicativo. Em outras, pode concordar com um ou com outro, de acordo com o termo
que se queira enfatizar.
Quando colocado entre um substantivo comum no singular e outro no plural, o verbo ser
tende a ir para o plural, independentemente da ordem dos substantivos.
Poderá ficar no singular por motivo de ênfase:
No meio da chuva, o coração do seu carro são as palhetas e os limpadores do pára-brisa.
A cama são algumas tábuas retorcidas.
Quando colocado entre um nome próprio e um comum, o verbo ser tende a concordar
com o nome próprio. Entre um pronome pessoal e um substantivo comum ou próprio, o
verbo concorda com o pronome:
Garrincha foi as mais incríveis diabruras com a bola.
O professor sou eu.
Eu sou Pedro das Neves.
Pedro das Neves sou eu.
Quando colocado entre um substantivo e um pronome que não seja pessoaI, o verbo ser
tende a concordar com o substantivo:
Tudo eram sorrisos naquele ambiente hipócrita.
Isso são manias de quem não tem o que fazer.
Quem são os escolhidos?
Dos dois primeiros casos, encontram-se, sobretudo em textos literários, exemplos em
que se opta pela CONCORDÂNCIA com o pronome.
Nas expressões que indicam quantidade (medida, peso, preço, valor), o verbo ser é
invariável:
Cinco quilos é muito.
Mil reais é pouco para uma família viver em São Paulo.
Dez minutos é muito tempo.
Com você, duas horas é pouco.
Nas indicações de tempo, o verbo ser concorda com a expressão numérica mais
próxima:
É uma hora.
São duas horas.
Eram quatro e vinte.
Já é meio-dia.
Já é uma e cinqüenta e cinco.
São cinco para o meio-dia.
Hoje são trinta e um de dezembro.
(Mas, cuidado: Hoje é dia trinta e um de dezembro.)
- nota da ledora: desenhos de vários relógios mostrando diversas horas, mencionadas,
apenas como ilustração da página.
- fim da nota.
FLEXÃO DO INFINITIVO
O infinitivo expressa um processo verbal sem indicação de tempo. Em português, o
infinitivo pode ser impessoal, quando o que se considera é apenas o processo verbal, e
pessoal, quando se atribui a esse processo verbal um agente. Observe:
É proibido conversar com o motorista. (impessoal)
É bom sairmos já. (pessoal, sujeito/agente nós)
O infinitivo constitui um dos casos mais discutidos da língua portuguesa.
Estabelecer regras para o uso de sua forma flexionada, por exemplo, é tarefa difícil. Em
muitos casos, a opção é meramente estilística, como você verá adiante.
Algumas recomendações, no entanto, podem ser feitas.
A forma não flexionada deve ser usada:
a) quando o verbo é usado indeterminadamente, assumindo valor substantivo:
Dormir é fundamental para repor as energias.
Viajar é a melhor alternativa de lazer.
b) quando o infinitivo tem valor imperativo:
Direita, volver!
Honrar pai e mãe.
c) quando o infinitivo, regido de preposição de, complementa um adjetivo e assume
valor passivo:
Suas constantes manifestações de desagrado são ossos duros de roer.
(= de serem roídos)
Vivi situações difíceis de esquecer. ( de serem esquecidas)
d) quando o infinitivo é regido de preposição e funciona como complemento de um
substantivo, adjetivo ou verbo da oração anterior:
Foram obrigados a ficar.
Acusaram-nos de praticar atos suspeitos.
Eu os convenci a aceitar.
Estão dispostos a colaborar.
e) quando o infinitivo surge como verbo principal de uma locução verbal:
Queiram, por gentileza, comparecer ao estacionamento.
Precisamos lutar para podermos vencer os jogos que vamos disputar.
Estão a dizer que fui eu?
f) quando o infinitivo é empregado numa oração reduzida que complementa um verbo
auxiliar causativo (deixar, mandar, fazer) ou sensitivo (ver sentir, ouvir perceber) e tem
como sujeito um pronome oblíquo:
Faça-os ficar.
Não os vi entrar.
Deixaram-nos sair.
- nota da ledora: desenho ilustrativo da página - um homem, em postura de ordem, junto
a um grupo de pessoas.
- fim da nota.
A forma flexionada deve ser usada obrigatoriamente quando tem sujeito diferente do
sujeito da oração anterior:
Suponho serem eles os responsáveis.
Lembrei-me da recomendação médica de tomares sol todas as manhãs. (Pense no que
aconteceria se não se flexionasse o infinitivo neste caso.)
É hora de vocês passarem à ação.
Ouvi gritarem meu nome.
A flexão do infinitivo é optativa quando a oração reduzida que complementa um
auxiliar causativo ou sensitivo apresentar como sujeito um substantivo. Observe:
Mande os meninos entrarem. (ou entrar)
Ouvi os pássaros cantarem. (ou cantar)
Deixe os torcedores assistirem (ou assistir) ao treino.
Quando o sujeito da oração reduzida de infinitivo for o mesmo da oração anterior, a
flexão do infinitivo é desnecessária. Observe:
Eles irão a Brasília para apresentar sua proposta ao presidente.
Fizemos o possível e o impossível para aceitar sua indicação.
Nesse caso, a flexão do infinitivo só se justifica se existir a clara intenção e a
necessidade de enfatizar o agente do processo expresso pelo infinitivo:
Eles irão a Brasília para apresentarem sua proposta ao presidente.
Fizemos o possível e o impossível para aceitarmos sua indicação.
Os bons autores não recomendam essa flexão.
O verbo parecer pode relacionar-se de duas maneiras distintas com o infinitivo.
Observe:
Elas parecem querer.
Elas parece quererem.
Na primeira frase, parecer é verbo auxiliar de querer. Na segunda, ocorre na verdade um
período composto. Parece é o verbo de uma oração principal cujo sujeito é a oração
subordinada substantiva subjetiva reduzida de infinitivo "elas quererem". O
desdobramento dessa reduzida gera algo como "Parece que elas querem."
- nota da ledora: desenho de quadrinho, na página - um casal sentado à mesa, lendo um
cardápio. Texto: No lugar do amor: - o nosso amor começou em uma pizzaria em que
vibramos ao ver o baixo preço das pizzas. - casal se olhando nos olhos: - ( amar era
olhar par a mesma beleza)
- fim da nota.
Na oraçao reduzida "ao ver o baixo preço das pizzas" (1o. quadro), o infinitivo
dispensou flexão porque seu sujeito e' o mesmo da oração anterior ("em que [nós]
vibramos"). No 2o. quadro, os verbos são usados indeterminadamente, assumindo valor
substantivo; portanto mantêm-se na forma não flexionada.
- nota da ledora: anúncio da Adidas. Fotografia de uma perna, e um pé, dando destaque
ao pé descalço, pintado com as três listras que são marca registrada da Adidas, e o
seguinte texto: - 26 ossos, 200 músculos, 320 km/h na troca de mensagem com o
cérebro. Para ficar perfeito, só lhe faltam três listras.
- fim da nota.
Neste capítulo, você vai estudar um dos aspectos mais ricos da sintaxe portuguesa: a
concordância.
Você ja aprendeu nos capítulos destinados à analise dos termos essenciais da oração que
o verbo e o sujeito estão sempre ligados pelo mecanismo de concordância, mesmo que o
sujeito venha posposto ao verbo, como no anúncio ao lado (o sujeito "três listras" esta
em relação de CONCORDÂNCIA com o verbo faltavam). De acordo com essa
relação, verbo e sujeito concordam em número e pessoa:
Assumo meus inúmeros erros: sujeito da primeira pessoa do singular (eu),Assumimos
nossos inúmeros erros: sujeito da primeira pessoa do plural (nós)
Toda pessoa sensata assume os próprios erros: sujeito da terceira pessoa do singular
Pessoas sensatas assumem os próprios erros: sujeito da terceira pessoa do plural
REGRAS BÁSICAS: SUJEITO COMPOSTO
Quando o sujeito é composto e anteposto ao verbo, a CONCORDÂNCIA se faz no
plural:
Pai e filho conversaram longamente. Pais e filhos devem conversar com frequência.
Nos sujeitos compostos formados por pessoas gramaticais diferentes, a concordância no
plural obedece ao seguinte esquema: a primeira pessoa prevalece sobre a segunda
pessoa, que, por sua vez, prevalece sobre a terceira. Veja:
Teus irmãos, tu e eu/ tomaremos a decisão. primeira pessoa do plural
Tu e teus irmãos/ tomareis a decisão. segunda pessoa do plural
Pais e filhos/ precisam respeitar-se. terceira pessoa do plural
Quando o sujeito é composto, formado por um elemento da segunda pessoa e um da
terceira, é possível empregar o verbo na terceira pessoa do plural, como se vê em muitos
de nossos bons escritores. É possível, pois, aceitar a frase: "Tu e teus irmãos tomarão a
decisão.", ja legitimada por grande parte dos gramáticos.
Você percebeu que, até agora, todos os exemplos trouxeram o sujeito anteposto ao
verbo. No caso do sujeito composto posposto ao verbo, passa a existir uma nova
possibilidade de concordância: em vez de concordar no plural com a totalidade do
sujeito, o verbo pode estabelecer CONCORDÂNCIA com o núcleo do sujeito mais
próximo. Convém insistir em que isso é uma opção, e não uma obrigação. Essa dupla
possibilidade se estende aos demais casos de CONCORDÂNCIA entre verbo e sujeito
composto que você estudara mais adiante.
Faltaram coragem e competência.
Faltou coragem e competência.
Pouco falaram o presidente e os ministros.
Pouco falou o presidente e os ministros.
Quando ocorre idéia de reciprocidade, no entanto, a CONCORDÂNCIA é feita
obrigatoriamente no plural:
Abraçaram-se vencedor e vencido. Ofenderam-se o jogador e o árbitro.
CASOS DE SUJEITOS SIMPLES QUE MERECEM DESTAQUES
Há muitos casos em que o sujeito simples é constituído de formas que fazem o falante
hesitar no momento de estabelecer a CONCORDÂNCIA com o verbo. Em alguns
desses casos, a CONCORDÂNCIA puramente gramatical é contaminada pelo
significado de expressões que nos transmitem noção de plural apesar de terem forma de
singular ou vice-versa. Por isso, convém analisar com cuidado algumas delas.
Quando o sujeito é formado por uma expressão partitiva (parte de, uma porção de, o
grosso de, metade de, a maioria de, a maior parte de, grande parte de) seguida de um
substantivo ou pronome no plural, o verbo pode ficar no singular ou no plural:
A maioria dos jornalistas aprovou/aprovaram a idéia.
Metade dos candidatos não apresentou /apresentaram nenhuma proposta interessante.
Esse mesmo procedimento se aplica aos casos dos coletivos, quando especificados:
Um bando de vândalos destruiu/destruíram o monumento.
Nesses casos, o uso do verbo no singular enfatiza a unidade do conjunto; já a forma
plural confere destaque aos elementos que formam esse conjunto.
Quando o sujeito é formado por expressão que indica quantidade aproximada (cerca de,
mais de, menos de, perto de) seguida de numeral e substantivo, o verbo concorda com o
substantivo. Observe:
Cerca de mi/pessoas participaram da manifestação.
Perto de quinhentos alunos compareceram à solenidade.
Mais de um atleta estabeleceu novo recorde nas últimas Olimpíadas.
Quando a expressão mais de um se associar a verbos que exprimem reciprocidade, o
plural é obrigatório:
Mais de um deputado se ofenderam na tumultuada sessão de ontem.
Quando se trata de nomes próprios, a CONCORDÂNCIA deve ser feita levando-se em
conta a ausência ou presença de artigo.
Sem artigo, o verbo deve ficar no singular. Quando há artigo no plural, o verbo deve
ficar no plural. Observe:
Os Estados Unidos determinam o fluxo da atividade econômica no mundo.
Minas Gerais produz queijo e poesia de primeira.
- nota da ledora:
OBSERVAÇÃO
Com nome de obra no plural, com artigo no plural, o verbo ser pode ficar no singular,
desde que o predicativo do sujeito esteja no singular: "Os sertões é a obra máxima de
Euclides da Cunha".
As Minas Gerais são inesquecíveis.
Alagoas impressiona pela beleza das praias e pela pobreza da população.
Os sertões imortalizaram Euclides da Cunha.
Quando o sujeito é um pronome interrogativo ou indefinido plural (quais, quantos,
alguns, poucos, muitos, quaisquer, vários) seguido de de nós ou de vós, o verbo pode
concordar com o primeiro pronome (na terceira pessoa do plural) ou com o pronome
pessoal. Observe:
Quais de nós são/somos capazes?
Alguns de vós sabiam/sabíeis do caso?
Vários de nós propuseram / propusemos sugestões inovadoras.
Observe que a opção por uma ou outra forma indica a inclusão ou a exclusão do
emissor. Quando alguém diz ou escreve "Alguns de nós sabíamos de tudo e nada
fizemos.", está-se incluindo no grupo de omissos. Isso não ocorre quando alguém diz ou
escreve "Alguns de nós sabiam de tudo e nada fizeram.", frase que soa como uma
denúncia.
Nos casos em que o interrogativo ou indefinido estiver no singular, o verbo ficará no
singular:
Qual de nós é capaz?
Algum de vós fez isso.
- nota da ledora: desenho em quadrinho, na página. Primeiro quadro: dois homens, um
entregando uma mensagem ao outro, falando: - você não tem como errar, ele tem barba
e chifres. Segundo quadro: o mensageiro encontra um palhaço barbudo, com uma flor
no chapéu; um bode, e Hagar, pergunta em seguida: - quem de vocês é Hagar?
- fim da nota.
Não há como errar: pronome interrogativo no singular, verbo também (2o. quadro).
Quando o sujeito é formado por uma expressão que indica porcentagem seguida de
substantivo, o verbo deve concordar com o substantivo. Observe:
25% do orçamento do país deve destinar-se à Educação.
85% dos entrevistados não aprovam a administração do prefeito.
1% do eleitorado aceita a mudança.
1% dos alunos faltaram à prova.
Quando a expressão que indica porcentagem não é seguida de substantivo, o verbo deve
concordar com o número. Veja:
25% querem a mudança.
1% conhece o assunto.
Quando o sujeito é o pronome relativo que, a CONCORDÂNCIA em número e pessoa
é feita com o antecedente desse pronome. Observe:
-Fui eu que paguei a conta,
Fomos nós que pintamos o muro.
És tu que me fazes ver o sentido da vida.
Ainda existem mulheres que ficam vermelhas na presença de um homem.
- nota da ledora: propaganda da valisère ; mulher deitada sobre um homem, todo de
branco, e o seguinte texto: Ainda existem mulheres que ficam vermelhas na presença de
um homem.
- fim da nota.
Com a expressão um dos que, o verbo deve assumir a forma plural:
Ademir da Guia foi um dos jogadores de futebol que mais encantaram os poetas.
Se você é um dos que admiram o escritor; certamente lerá seu novo romance.
A tendência, na linguagem corrente, é a CONCORDÂNCIA no singular. O que se
ouve efetivamente é "Ele foi um dos deputados que mais lutou para a aprovação da
emenda.". Faça a comparação com um caso em que se use um adjetivo. Você diria "Ela
é uma das alunas mais brilhante da sala."? Claro que não! Das alunas mais brilhantes da
sala, ela é uma. Do mesmo modo, dos deputados que mais lutaram pela aprovação da
emenda, ele é um. Então o raciocínio lógico mostra que o verbo no singular é
inaceitável.
Quando o sujeito é o pronome relativo quem, pode-se utilizar o verbo na terceira pessoa
do singular ou em CONCORDÂNCIA com o antecedente do pronome.
Observe:
Fui eu quem pagou a conta.
ou
Fui eu quem paguei a conta.
Fomos nós quem pintou o muro.
ou
Fomos nós quem pintamos o muro.
CASOS DE SUJEITOS COMPOSTOS QUE MERECEM DESTAQUE
Há casos de sujeito composto que merecem estudo particular.
Quando o sujeito composto é formado por núcleos sinônimos ou quase sinônimos, o
verbo pode ficar no plural ou no singular:
núcleos sinônimos
Descaso e desprezo marcam/marca seu comportamento.
Quando o sujeito composto é formado por núcleos dispostos em gradação, o verbo pode
ficar no plural ou concordar com o último núcleo do sujeito:
Com você, meu amor uma hora, um minuto, um segundo me satisfazem/satisfaz.
No primeiro caso, o verbo no singular enfatiza a unidade de sentido que há na
combinação descaso/desprezo. No segundo caso, o verbo no singular enfatiza o último
elemento da série gradativa.
Quando os núcleos do sujeito composto são unidos por ou nem, o verbo deverá ficar no
plural se a declaração contida no predicado puder ser atribuida a todos os núcleos:
Drummond ou Bandeira representam a essência da poesia brasileira.
Nem o professor nem o aluno acertaram a resposta.
Se a declaração contida no predicado só puder ser atribuida a um dos núcleos do sujeito,
ou seja, se os núcleos forem excludentes, o verbo deverá ficar no singular. Observe:
Roma ou Buenos Aires será a sede da próxima Olimpíada.
Você ou ele será escolhido. (Só será escolhido um.)
Com as expressões um ou outro e nem um nem outro, a CONCORDÂNCIA costuma
ser feita no singular, embora o plural também seja praticado. Com a locução um e outro,
o plural é mais freqüênte, embora também se use o singular.
Não há uniformidade no tratamento dado a essas expressões por gramáticos e escritores.
Quando os núcleos do sujeito são unidos por com, o verbo pode ficar no plural.
Nesse caso, os núcleos recebem um mesmo grau de importância e a palavra com tem
sentido muito próximo ao de e:
O pai com o filho montaram o brinquedo.
O governador com o secretariado traçaram os planos para o próximo semestre.
Nesse mesmo caso, o verbo pode ficar no singular, se a idéia é enfatizar o primeiro
elemento:
O pai com o filho montou o brinquedo.
O governador com o secretariado traçou os planos para o próximo semestre.
Com o verbo no singular, não se pode falar em sujeito composto. O sujeito é simples.
As expressões "com o filho" e "com o secretariado" são adjuntos adverbiais de
companhia. Na verdade, é como se, houvesse uma inversão da ordem: "O pai montou o
brinquedo com o filho." / "O governador traçou os planos para o próximo semestre com
o secretariado.".
Quando os núcleos do sujeito são unidos por expressões correlativas como não só... mas
também; não só... como também; nao só... mas ainda; não somente... mas ainda; não
apenas... mas também; tanto... quanto, o verbo concorda de preferência no plural:
Não só a seca mas também o pouco-caso castigam o Nordeste.
Tanto a mãe quanto o filho ficaram surpresos com a notícia.
Quando os elementos de um sujeito composto são resumidos por um aposto
recapitulativo, a CONCORDÂNCIA é feita com esse termo resumidor:
Pontes, viadutos, túneis, nada disso é prioritário em uma cidade como São Paulo.
Filmes, novelas, boas conversas, nada o tirava da apatia.
O VERBO E A PALAVRA SE
Merece destaque a CONCORDÂNCIA das estruturas verbais formadas com a
participação do pronome se. Entre as várias funções que esse pronome exerce, há duas
de particular interesse para a CONCORDÂNCIA verbal: quando é índice de
indeterminação do sujeito e quando é partícula apassivadora.
Quando é índice de indeterminação do sujeito, o se acompanha verbos intransitivos,
transitivos indiretos e de ligação, que obrigatoriamente são conjugados na terceira
pessoa do singular:
Aos domingos, assiste-se a programas medonhos na televisão.
Aos sábados, costumava-se ir a bailes.
Confia-se em teses absurdas.
Era-se mais feliz no passado.
Quando se é consciente, luta-se pelo bem-estar social.
Precisa-se de governantes interessados em civilizar o país.
Quando é pronome apassivador, o se acompanha verbos transitivos diretos e transitivos
diretos e indiretos na formação da voz passiva sintética. Nesse caso, o verbo deve
concordar com o sujeito da oração:
Destruiu-se a base de uma sociedade igualitária.
Destruíram-se as bases de uma sociedade igualitária.
Construiu-se um posto de saúde.
Construiram-se novos postos de saúde. Não se pouparam esforços para despoluir o rio.
Não se devem poupar esforços para despoluir o rio.
- nota da ledora: propaganda do jornal a Folha de S. Paulo, com o seguinte texto: O
jornal que mais se compra é o que nunca se vende.
- fim da nota.
Neste anúncio, o pronome apassivador se acompanha dois verbos tansitivos diretos
(comprar e vender). Nas duas ocorrências, o sujeito é o pronome relativo que
subtituindo o jornal; por isso os verbos estão no singular.
CONCORDÂNCIA COM VERBOS DE PARTICULAR INTERESSE
HAVER E FAZER
O verbo haver, quando indica existência ou acontecimento, é impessoal, devendo
permanecer sempre na terceira pessoa do singular:
Há graves problemas sociais no país.
Havia graves problemas sociais no país.
Sempre houve graves problemas sociais no país.
Parece haver graves problemas sociais no país.
Deve ter havido graves problemas sociais no país.
Haver e fazer são impessoais quando indicam idéia de tempo (cronológico ou
meteorológico). Nesse caso, devem permanecer na terceira pessoa do singular:
Há anos não o procuro.
Faz anos que não o procuro.
Havia anos que não nos encontrávamos.
Fazia anos que não nos encontrávamos.
Deve fazer vinte anos que ela foi embora.
SER
A CONCORDÂNCIA do verbo ser é absolutamente particular, rica em detalhes. Em
várias situações, esse verbo deixa de concordar com o sujeito para concordar com o
predicativo. Em outras, pode concordar com um ou com outro, de acordo com o termo
que se queira enfatizar.
Quando colocado entre um substantivo comum no singular e outro no plural, o verbo ser
tende a ir para o plural, independentemente da ordem dos substantivos.
Poderá ficar no singular por motivo de ênfase:
No meio da chuva, o coração do seu carro são as palhetas e os limpadores do pára-brisa.
A cama são algumas tábuas retorcidas.
Quando colocado entre um nome próprio e um comum, o verbo ser tende a concordar
com o nome próprio. Entre um pronome pessoal e um substantivo comum ou próprio, o
verbo concorda com o pronome:
Garrincha foi as mais incríveis diabruras com a bola.
O professor sou eu.
Eu sou Pedro das Neves.
Pedro das Neves sou eu.
Quando colocado entre um substantivo e um pronome que não seja pessoaI, o verbo ser
tende a concordar com o substantivo:
Tudo eram sorrisos naquele ambiente hipócrita.
Isso são manias de quem não tem o que fazer.
Quem são os escolhidos?
Dos dois primeiros casos, encontram-se, sobretudo em textos literários, exemplos em
que se opta pela CONCORDÂNCIA com o pronome.
Nas expressões que indicam quantidade (medida, peso, preço, valor), o verbo ser é
invariável:
Cinco quilos é muito.
Mil reais é pouco para uma família viver em São Paulo.
Dez minutos é muito tempo.
Com você, duas horas é pouco.
Nas indicações de tempo, o verbo ser concorda com a expressão numérica mais
próxima:
É uma hora.
São duas horas.
Eram quatro e vinte.
Já é meio-dia.
Já é uma e cinqüenta e cinco.
São cinco para o meio-dia.
Hoje são trinta e um de dezembro.
(Mas, cuidado: Hoje é dia trinta e um de dezembro.)
- nota da ledora: desenhos de vários relógios mostrando diversas horas, mencionadas,
apenas como ilustração da página.
- fim da nota.
FLEXÃO DO INFINITIVO
O infinitivo expressa um processo verbal sem indicação de tempo. Em português, o
infinitivo pode ser impessoal, quando o que se considera é apenas o processo verbal, e
pessoal, quando se atribui a esse processo verbal um agente. Observe:
É proibido conversar com o motorista. (impessoal)
É bom sairmos já. (pessoal, sujeito/agente nós)
O infinitivo constitui um dos casos mais discutidos da língua portuguesa.
Estabelecer regras para o uso de sua forma flexionada, por exemplo, é tarefa difícil. Em
muitos casos, a opção é meramente estilística, como você verá adiante.
Algumas recomendações, no entanto, podem ser feitas.
A forma não flexionada deve ser usada:
a) quando o verbo é usado indeterminadamente, assumindo valor substantivo:
Dormir é fundamental para repor as energias.
Viajar é a melhor alternativa de lazer.
b) quando o infinitivo tem valor imperativo:
Direita, volver!
Honrar pai e mãe.
c) quando o infinitivo, regido de preposição de, complementa um adjetivo e assume
valor passivo:
Suas constantes manifestações de desagrado são ossos duros de roer.
(= de serem roídos)
Vivi situações difíceis de esquecer. ( de serem esquecidas)
d) quando o infinitivo é regido de preposição e funciona como complemento de um
substantivo, adjetivo ou verbo da oração anterior:
Foram obrigados a ficar.
Acusaram-nos de praticar atos suspeitos.
Eu os convenci a aceitar.
Estão dispostos a colaborar.
e) quando o infinitivo surge como verbo principal de uma locução verbal:
Queiram, por gentileza, comparecer ao estacionamento.
Precisamos lutar para podermos vencer os jogos que vamos disputar.
Estão a dizer que fui eu?
f) quando o infinitivo é empregado numa oração reduzida que complementa um verbo
auxiliar causativo (deixar, mandar, fazer) ou sensitivo (ver sentir, ouvir perceber) e tem
como sujeito um pronome oblíquo:
Faça-os ficar.
Não os vi entrar.
Deixaram-nos sair.
- nota da ledora: desenho ilustrativo da página - um homem, em postura de ordem, junto
a um grupo de pessoas.
- fim da nota.
A forma flexionada deve ser usada obrigatoriamente quando tem sujeito diferente do
sujeito da oração anterior:
Suponho serem eles os responsáveis.
Lembrei-me da recomendação médica de tomares sol todas as manhãs. (Pense no que
aconteceria se não se flexionasse o infinitivo neste caso.)
É hora de vocês passarem à ação.
Ouvi gritarem meu nome.
A flexão do infinitivo é optativa quando a oração reduzida que complementa um
auxiliar causativo ou sensitivo apresentar como sujeito um substantivo. Observe:
Mande os meninos entrarem. (ou entrar)
Ouvi os pássaros cantarem. (ou cantar)
Deixe os torcedores assistirem (ou assistir) ao treino.
Quando o sujeito da oração reduzida de infinitivo for o mesmo da oração anterior, a
flexão do infinitivo é desnecessária. Observe:
Eles irão a Brasília para apresentar sua proposta ao presidente.
Fizemos o possível e o impossível para aceitar sua indicação.
Nesse caso, a flexão do infinitivo só se justifica se existir a clara intenção e a
necessidade de enfatizar o agente do processo expresso pelo infinitivo:
Eles irão a Brasília para apresentarem sua proposta ao presidente.
Fizemos o possível e o impossível para aceitarmos sua indicação.
Os bons autores não recomendam essa flexão.
O verbo parecer pode relacionar-se de duas maneiras distintas com o infinitivo.
Observe:
Elas parecem querer.
Elas parece quererem.
Na primeira frase, parecer é verbo auxiliar de querer. Na segunda, ocorre na verdade um
período composto. Parece é o verbo de uma oração principal cujo sujeito é a oração
subordinada substantiva subjetiva reduzida de infinitivo "elas quererem". O
desdobramento dessa reduzida gera algo como "Parece que elas querem."
- nota da ledora: desenho de quadrinho, na página - um casal sentado à mesa, lendo um
cardápio. Texto: No lugar do amor: - o nosso amor começou em uma pizzaria em que
vibramos ao ver o baixo preço das pizzas. - casal se olhando nos olhos: - ( amar era
olhar par a mesma beleza)
- fim da nota.
Na oraçao reduzida "ao ver o baixo preço das pizzas" (1o. quadro), o infinitivo
dispensou flexão porque seu sujeito e' o mesmo da oração anterior ("em que [nós]
vibramos"). No 2o. quadro, os verbos são usados indeterminadamente, assumindo valor
substantivo; portanto mantêm-se na forma não flexionada.
terça-feira, 29 de setembro de 2009
ORAÇÕES SUBORDINADAS ADJETIVAS
Extraído da gramática de Pasquale Cipro Neto.
- nota da ledora: propaganda do jornal O Estadão, texto: - Sua última redação que fez
sucesso foi "Minhas férias na Fazenda? " - ao lado, a foto de uma vaca e a seguinte
frase, atribuída a ela: - É melhor voce começar a ler o Estadão.
- fim da nota.
Uma oração adjetiva nada mais é do que um adjetivo em forma de oração. Assim como
é possível dizer "redação bem sucedida", em que o substantivo redação é caracterizado
pelo adjetivo bem-sucedida, é possível dizer também "redação que fez sucesso", em que
a oração "que fez sucesso" exerce exatamente o mesmo papel do adjetivo bem-sucedida,
ou seja, caracteriza o substantivo redação.
1 ESTRUTURA DAS ORAÇÕES SUBORDINADAS ADJETIVAS
Como você já viu, as orações subordinadas adjetivas têm esse nome porque equivalem a
um adjetivo. Em termos sintáticos, essas orações exercem a função que normalmente
cabe a um adjetivo, a de adjunto adnominal. Observe:
Não suporto gente mentirosa.
Não suporto gente que mente.
Comparando esses períodos, é fácil perceber que a oração "que mente" e a palavra
mentirosa são morfossintaticamente equivalentes: têm papel morfológico de adjetivo e
função sintática de adjunto adnominal do substantivo gente, que é núcleo do objeto
direto da forma verbal suporto. "Que mente" e, portanto, uma oração subordinada
adjetiva.
A conexão entre oração subordinada adjetiva e o termo da oração principal que ela
modifica é feita, no caso, pelo pronome relativo que. Vale relembrar um recurso
didático largamente empregado - e já estudado neste livro, no capítulo destinado aos
pronomes - para reconhecer o pronome relativo que: ele sempre pode ser substituído por
o/a qual, os/as quais. "Gente que mente" equivale a "gente a qual mente"; "aluno
estudioso" equivale a "aluno o qual estuda".
Convém lembrar também que é fundamental diferenciar o relativo que da conjunção
integrante que, que introduz uma oração subordinada substantiva. Observe:
"Diga às pessoas que me procurarem que estarei aqui depois do almoço".
O primeiro que é pronome relativo (que = as quais). A oração "que me procurarem",
que caracteriza o substantivo pessoas, é adjetiva. O segundo que, que não pode ser
substituido por nenhum outro termo, é conjunção integrante. A oração "que estarei aqui
depois do almoço"é subordinada substantiva objetiva direta, já que funciona como
complemento direto da forma verbal diga.
Além de conectar (ou relacionar, daí o nome relativo) duas orações, o pronome relativo
desempenha uma função sintática na oração subordinada: ocupa o papel que seria
exercido pelo termo que o antecede. Observe:
É preciso comer alimentos. Esses alimentos não devem fazer mal à saúde. É preciso
comer alimentos que não façam mal à saúde.
No primeiro caso, há dois períodos simples. No primeiro período, o substantivo
alimentos exerce a função sintática de objeto direto de comer; no segundo, é núcleo do
sujeito da locução verbal devem fazer. Quando os dois períodos simples são unidos num
período composto, o substantivo alimentos deixa de ser repetido: em seu lugar,
exercendo a função de sujeito da forma verbal façam, surge o pronome relativo que.
Note que, para os dois períodos se unirem num período composto, foi preciso alterar o
modo verbal da segunda oração.
Não é só o pronome relativo “que” que desempenha função sintática. Aos demais relativos
(quem, o qual, a qual, os quais, as quais, cujo, cuja, cujos, cujas, onde, quanto, quando,
como, ) também se aplica o mesmo
raciocínio. Ainda neste capítulo, você verá as funções sintáticas desses relativos.
Quando são introduzidas por um pronome relativo e apresentam verbo no modo
indicativo ou subjuntivo, as orações subordinadas adjetivas são chamadas
desenvolvidas. Além delas, existem as orações subordinadas adjetivas reduzidas, que
não são introduzidas por pronome relativo (podem ser introduzidas por preposição) e
apresentam o verbo numa das formas nominais (infinitivo, gerúndio ou particípio).
Observe:
Ele foi o primeiro aluno que se apresentou.
Ele foi o primeiro aluno a se apresentar.
No primeiro período, há uma oração subordinada adjetiva desenvolvida, já que é
introduzida pelo pronome relativo que e apresenta verbo conjugado no pretérito perfeito
do indicativo. No segundo, há uma oração subordinada adjetiva reduzida de infinitivo:
não há pronome relativo e seu verbo está no infinitivo.
ORAÇÕES SUBORDINADAS ADJETIVAS E A PONTUAÇÃO
Você já viu que existem dois tipos de oração subordinadas adjetivas: as restritivas e as
explicativas. Como agem de forma diferente na caracterização do termo a que se ligam,
essas duas orações devem ser claramente diferenciadas na língua escrita. As orações
restritivas ligam-se intimamente ao termo cujo sentido particularizam, portanto não
podem ser separadas desse termo por vírgulas. As orações explicativas agem como uma
espécie de detalhe ou comentário adicional ao termo a que se ligam; portanto devem ser
isoladas por vírgulas. Convém lembrar que o papel restritivo ou explicativo da oração
depende muitas vezes do significado que se quer dar ao que se afirma:
O país cuja distribuição de renda é indecente não tem perspectiva de civilizar-se.
O país, cuja distribuição de renda é indecente, não tem perspectiva de civilizar-se.
Na primeira frase, a oração adjetiva restritiva é empregada para delimitar o sentido da
palavra país. A falta de perspectiva de civilizar-se aplica-se apenas àqueles países que
têm renda concentrada e mal distribuída. Na segunda, a oração adjetiva explicativa torna
explícito um dado já aceito como inerente a um país que já tinha sido citado.
- nota da ledora: quadrinho de desenho: em um barco, médico diz pra pescador, com
caniço: - olha o paciente que tem minhoca na cabeça não veio !
- fim da nota.
Para azar do pescador, faltou justamente o paciente mais precioso Este é caracterizado
pelo psicanalista numa oração adjetiva restritiva ("que tem minhoca na cabeça")
É muito comum o emprego de uma vírgula depois de orações subordinadas adjetivas
restritivas muito longas, principalmente quando o verbo dessa oração subordinada e o
verbo da oração principal são contíguos, ou seja, estão lado a lado:
Muitas das estradas com que generais megalomaníacos, tecnocratas alucinados e
empreiteiros inescrupulosos se locupletaram, estão abandonadas.
Observe que a vírgula que aparece entre locupletaram e estão separa o sujeito do
predicado. Seu emprego, consagrado como recurso de clareza, na verdade não condiz
com o papel básico que cabe à pontuação, o de organizador das relações lógicas e dos
significados. Estruturalmente, essa vírgula é inútil.
- nota da ledora: propaganda do jornal O Estadão, texto: - Sua última redação que fez
sucesso foi "Minhas férias na Fazenda? " - ao lado, a foto de uma vaca e a seguinte
frase, atribuída a ela: - É melhor voce começar a ler o Estadão.
- fim da nota.
Uma oração adjetiva nada mais é do que um adjetivo em forma de oração. Assim como
é possível dizer "redação bem sucedida", em que o substantivo redação é caracterizado
pelo adjetivo bem-sucedida, é possível dizer também "redação que fez sucesso", em que
a oração "que fez sucesso" exerce exatamente o mesmo papel do adjetivo bem-sucedida,
ou seja, caracteriza o substantivo redação.
1 ESTRUTURA DAS ORAÇÕES SUBORDINADAS ADJETIVAS
Como você já viu, as orações subordinadas adjetivas têm esse nome porque equivalem a
um adjetivo. Em termos sintáticos, essas orações exercem a função que normalmente
cabe a um adjetivo, a de adjunto adnominal. Observe:
Não suporto gente mentirosa.
Não suporto gente que mente.
Comparando esses períodos, é fácil perceber que a oração "que mente" e a palavra
mentirosa são morfossintaticamente equivalentes: têm papel morfológico de adjetivo e
função sintática de adjunto adnominal do substantivo gente, que é núcleo do objeto
direto da forma verbal suporto. "Que mente" e, portanto, uma oração subordinada
adjetiva.
A conexão entre oração subordinada adjetiva e o termo da oração principal que ela
modifica é feita, no caso, pelo pronome relativo que. Vale relembrar um recurso
didático largamente empregado - e já estudado neste livro, no capítulo destinado aos
pronomes - para reconhecer o pronome relativo que: ele sempre pode ser substituído por
o/a qual, os/as quais. "Gente que mente" equivale a "gente a qual mente"; "aluno
estudioso" equivale a "aluno o qual estuda".
Convém lembrar também que é fundamental diferenciar o relativo que da conjunção
integrante que, que introduz uma oração subordinada substantiva. Observe:
"Diga às pessoas que me procurarem que estarei aqui depois do almoço".
O primeiro que é pronome relativo (que = as quais). A oração "que me procurarem",
que caracteriza o substantivo pessoas, é adjetiva. O segundo que, que não pode ser
substituido por nenhum outro termo, é conjunção integrante. A oração "que estarei aqui
depois do almoço"é subordinada substantiva objetiva direta, já que funciona como
complemento direto da forma verbal diga.
Além de conectar (ou relacionar, daí o nome relativo) duas orações, o pronome relativo
desempenha uma função sintática na oração subordinada: ocupa o papel que seria
exercido pelo termo que o antecede. Observe:
É preciso comer alimentos. Esses alimentos não devem fazer mal à saúde. É preciso
comer alimentos que não façam mal à saúde.
No primeiro caso, há dois períodos simples. No primeiro período, o substantivo
alimentos exerce a função sintática de objeto direto de comer; no segundo, é núcleo do
sujeito da locução verbal devem fazer. Quando os dois períodos simples são unidos num
período composto, o substantivo alimentos deixa de ser repetido: em seu lugar,
exercendo a função de sujeito da forma verbal façam, surge o pronome relativo que.
Note que, para os dois períodos se unirem num período composto, foi preciso alterar o
modo verbal da segunda oração.
Não é só o pronome relativo “que” que desempenha função sintática. Aos demais relativos
(quem, o qual, a qual, os quais, as quais, cujo, cuja, cujos, cujas, onde, quanto, quando,
como, ) também se aplica o mesmo
raciocínio. Ainda neste capítulo, você verá as funções sintáticas desses relativos.
Quando são introduzidas por um pronome relativo e apresentam verbo no modo
indicativo ou subjuntivo, as orações subordinadas adjetivas são chamadas
desenvolvidas. Além delas, existem as orações subordinadas adjetivas reduzidas, que
não são introduzidas por pronome relativo (podem ser introduzidas por preposição) e
apresentam o verbo numa das formas nominais (infinitivo, gerúndio ou particípio).
Observe:
Ele foi o primeiro aluno que se apresentou.
Ele foi o primeiro aluno a se apresentar.
No primeiro período, há uma oração subordinada adjetiva desenvolvida, já que é
introduzida pelo pronome relativo que e apresenta verbo conjugado no pretérito perfeito
do indicativo. No segundo, há uma oração subordinada adjetiva reduzida de infinitivo:
não há pronome relativo e seu verbo está no infinitivo.
ORAÇÕES SUBORDINADAS ADJETIVAS E A PONTUAÇÃO
Você já viu que existem dois tipos de oração subordinadas adjetivas: as restritivas e as
explicativas. Como agem de forma diferente na caracterização do termo a que se ligam,
essas duas orações devem ser claramente diferenciadas na língua escrita. As orações
restritivas ligam-se intimamente ao termo cujo sentido particularizam, portanto não
podem ser separadas desse termo por vírgulas. As orações explicativas agem como uma
espécie de detalhe ou comentário adicional ao termo a que se ligam; portanto devem ser
isoladas por vírgulas. Convém lembrar que o papel restritivo ou explicativo da oração
depende muitas vezes do significado que se quer dar ao que se afirma:
O país cuja distribuição de renda é indecente não tem perspectiva de civilizar-se.
O país, cuja distribuição de renda é indecente, não tem perspectiva de civilizar-se.
Na primeira frase, a oração adjetiva restritiva é empregada para delimitar o sentido da
palavra país. A falta de perspectiva de civilizar-se aplica-se apenas àqueles países que
têm renda concentrada e mal distribuída. Na segunda, a oração adjetiva explicativa torna
explícito um dado já aceito como inerente a um país que já tinha sido citado.
- nota da ledora: quadrinho de desenho: em um barco, médico diz pra pescador, com
caniço: - olha o paciente que tem minhoca na cabeça não veio !
- fim da nota.
Para azar do pescador, faltou justamente o paciente mais precioso Este é caracterizado
pelo psicanalista numa oração adjetiva restritiva ("que tem minhoca na cabeça")
É muito comum o emprego de uma vírgula depois de orações subordinadas adjetivas
restritivas muito longas, principalmente quando o verbo dessa oração subordinada e o
verbo da oração principal são contíguos, ou seja, estão lado a lado:
Muitas das estradas com que generais megalomaníacos, tecnocratas alucinados e
empreiteiros inescrupulosos se locupletaram, estão abandonadas.
Observe que a vírgula que aparece entre locupletaram e estão separa o sujeito do
predicado. Seu emprego, consagrado como recurso de clareza, na verdade não condiz
com o papel básico que cabe à pontuação, o de organizador das relações lógicas e dos
significados. Estruturalmente, essa vírgula é inútil.
QUEM
Extraído da gramática de Pasquale Cipro Neto.
Como você já sabe, o pronome quem refere-se a pessoa ou a coisa personificada, no
singular ou no plural. É sempre precedido de preposição, podendo exercer diversas
funções sintáticas:
a) objeto direto preposicionado: Drummond, a quem admiro muito, influenciou-me
profundamente.
b) objeto indireto: Este é o jogador a quem me refiro sempre.
c) complemento nominal: Este é o jogador a quem sempre faço referência.
d) agente da passiva: O médico por quem fomos assistidos é um dos mais renomados
especialistas.
e) adjunto adverbial (no caso, de companhia): A mulher com quem ele mora é grega.
Como você já sabe, o pronome quem refere-se a pessoa ou a coisa personificada, no
singular ou no plural. É sempre precedido de preposição, podendo exercer diversas
funções sintáticas:
a) objeto direto preposicionado: Drummond, a quem admiro muito, influenciou-me
profundamente.
b) objeto indireto: Este é o jogador a quem me refiro sempre.
c) complemento nominal: Este é o jogador a quem sempre faço referência.
d) agente da passiva: O médico por quem fomos assistidos é um dos mais renomados
especialistas.
e) adjunto adverbial (no caso, de companhia): A mulher com quem ele mora é grega.
O QUAL, OS QUAIS, A QUAL, AS QUAIS
Extraído da gramática de Pasquale Cipro Neto.
O qual, a qual, os quais e as quais são usados com referência a pessoa ou coisa.
Desempenham as mesmas funções que o pronome que; seu uso, entretanto, é bem
menos frequente. Observe dois exemplos:
a) sujeito: Conhecemos uma das irmãs de Pedro, a qual trabalha na Alemanha.
Neste caso, o relativo a qual evita ambiguidade. Se fosse usado o relativo que, não seria
possível determinar quem trabalha na Alemanha.
b) adjunto adverbial: Não deixo de cuidar da grama, sobre a qual as vezes gosto de um
bom cochilo.
A preposição sobre, dissilábica, tende a exigir o relativo sob as formas o/a qual, os/as
quais, rejeitando a forma que.
O qual, a qual, os quais e as quais são usados com referência a pessoa ou coisa.
Desempenham as mesmas funções que o pronome que; seu uso, entretanto, é bem
menos frequente. Observe dois exemplos:
a) sujeito: Conhecemos uma das irmãs de Pedro, a qual trabalha na Alemanha.
Neste caso, o relativo a qual evita ambiguidade. Se fosse usado o relativo que, não seria
possível determinar quem trabalha na Alemanha.
b) adjunto adverbial: Não deixo de cuidar da grama, sobre a qual as vezes gosto de um
bom cochilo.
A preposição sobre, dissilábica, tende a exigir o relativo sob as formas o/a qual, os/as
quais, rejeitando a forma que.
QUE
Extraído da gramática de Pasquale Cipro Neto.
PRONOMES RELATIVOS: USOS E FUNÇÕES
QUE
Por seu largo emprego, o relativo que é considerado relativo universal. Esse pronome pode ser usado
para substituir pessoa ou coisa, que estejam no singular ou no plural.
Sintaticamente, o relativo que pode desempenhar várias funções:
a) sujeito: O homem que pensa vale por dois.
b) objeto direto: "Bebi o café que eu mesmo preparei". (Manuel Bandeira)
c) objeto indireto: "Alegria, alegria" é uma das músicas de que mais gosto.
d) complemento nominal: As teses a que me mantenho fiel são muito polêmicas.
e) predicativo: O pessimista que eu era deu lugar a um insuportável sonhador.
f) agente da passiva: As teses por que você foi seduzido são puro delírio.
g) adjunto adverbial (no caso, de lugar): A cidade em que nasci fica no Vale do Paraíba.
Pelos exemplos acima, percebe-se que o pronome relativo deve ser precedido da
preposição apropriada a cada função que exerce. E o caso do objeto indireto (gostar de
algo), do complemento nominal (fiel a algo), do agente da passiva (ser seduzido por
alguém ou algo) e do adjunto adverbial de lugar (nascer em algum lugar). Na língua
escrita formal, a omissão da preposição nesses casos é considerada erro.
- nota da ledora: propaganda da TVA, televisão à cabo, apresentando na foto, um casal
sentado no sofá, o homem dormindo e a mulher assistindo televisão, entediada. Texto: -
Foi essa a vida de aventura que você prometeu a ela?
- fim da nota.
Neste anúncio, o pronome relativo que desempenha a função sintática de objeto direto.
PRONOMES RELATIVOS: USOS E FUNÇÕES
QUE
Por seu largo emprego, o relativo que é considerado relativo universal. Esse pronome pode ser usado
para substituir pessoa ou coisa, que estejam no singular ou no plural.
Sintaticamente, o relativo que pode desempenhar várias funções:
a) sujeito: O homem que pensa vale por dois.
b) objeto direto: "Bebi o café que eu mesmo preparei". (Manuel Bandeira)
c) objeto indireto: "Alegria, alegria" é uma das músicas de que mais gosto.
d) complemento nominal: As teses a que me mantenho fiel são muito polêmicas.
e) predicativo: O pessimista que eu era deu lugar a um insuportável sonhador.
f) agente da passiva: As teses por que você foi seduzido são puro delírio.
g) adjunto adverbial (no caso, de lugar): A cidade em que nasci fica no Vale do Paraíba.
Pelos exemplos acima, percebe-se que o pronome relativo deve ser precedido da
preposição apropriada a cada função que exerce. E o caso do objeto indireto (gostar de
algo), do complemento nominal (fiel a algo), do agente da passiva (ser seduzido por
alguém ou algo) e do adjunto adverbial de lugar (nascer em algum lugar). Na língua
escrita formal, a omissão da preposição nesses casos é considerada erro.
- nota da ledora: propaganda da TVA, televisão à cabo, apresentando na foto, um casal
sentado no sofá, o homem dormindo e a mulher assistindo televisão, entediada. Texto: -
Foi essa a vida de aventura que você prometeu a ela?
- fim da nota.
Neste anúncio, o pronome relativo que desempenha a função sintática de objeto direto.
ORAÇÕES RESTRITIVAS E EXPLICATIVAS
Extraído da gramática de Pasquale Cipro Neto.
Na relação que estabelecem com o termo que caracterizam, as orações subordinadas
adjetivas podem atuar de duas maneiras diversas. Há aquelas que restringem o sentido
do termo antecedente, individualizando-o - são as chamadas subordinadas adjetivas
restritivas - e aquelas que realçam um detalhe ou amplificam dados sobre o antecedente,
que já se encontra suficientemente definido - são as subordinadas adjetivas explicativas.
Observe:
jamais teria chegado aqui, não fosse a gentileza de um homem que passava naquele
momento.
O homem, que se considera racional, muitas vezes age animalescamente.
No primeiro período, a oração "que passava naquele momento" restringe e particulariza
o sentido da palavra homem: trata-se de um homem específico, único, que se
caracteriza, no caso, por estar passando por um determinado lugar num determinado
momento. A oração, na verdade, limita o universo de homens, isto é, não se refere a
todos os homens. E, portanto, uma oração subordinada adjetiva restritiva. No segundo
período, a oração "que se considera racional" não tem sentido restritivo em relação à
palavra homem: na verdade, essa oração apenas explicita uma idéia que já sabemos
estar contida no conceito de homem. A oração não faz referência a um determinado
homem, e sim ao conjunto de homens, a todos os homens, a qualquer homem. Trata-se,
portanto, de uma oração subordinada adjetiva explicativa.
Se você ler atentamente em voz alta os dois períodos acima, vai perceber que a oração
subordinada adjetiva explicativa é separada da oração principal por uma pausa, que, na
escrita, é representada pela vírgula. É comum, por isso, que a pontuação seja indicada
como forma de diferenciar as orações explicativas das restritivas: de fato, as
explicativas vêm sempre isoladas por vírgulas; as restritivas, não. Essa diferença é
facilmente perceptível quando se está diante de um período escrito por outrem; no
entanto, quando é preciso redigi-lo, é necessário levar em conta as diferenças de
significado que as orações restritivas e as explicativas implicam (afinal, é quem está
escrevendo que vai ter de colocar as vírgulas nesse caso!). Em muitos casos, a oração
subordinada adjetiva será explicativa ou restritiva de acordo com o que se pretende
dizer. Observe:
Mandei um telegrama para meu irmão que mora em Roma.
Mandei um telegrama para meu irmão, que mora em Roma.
No primeiro período, é possível afirmar com segurança que a pessoa que fala ou escreve
tem, no mínimo, dois irmãos, um que mora em Roma e um que mora em outro lugar. A
palavra irmão, no caso, precisa ter seu sentido limitado, ou seja, é preciso restringir seu
universo. Para isso se usa uma oração subordinada adjetiva restritiva. No segundo
período, é possível afirmar com segurança que a pessoa que fala ou escreve tem apenas
um irmão, o qual mora em Roma. A informação de que o irmão mora em Roma não é
uma particularidade, ou seja, não é um elemento identificador, diferenciador, e sim um
detalhe que se quer realçar.
Observe as diferenças de sentido produzidas nos períodos seguintes pelo uso de orações
subordinadas adjetivas restritivas e explicativas:
O país que não trata a educação como prioridade não pode fazer parte do rol das nações
civilizadas.
O país, que não trata a educação como prioridade, não pode fazer parte do rol das
nações civilizadas.
No primeiro período, faz-se uma afirmação de caráter genérico, irrestrito, que se aplica
a todo e qualquer país que não trata a educação como prioridade.
Restringindo a palavra país, a oração subordinada adjetiva restritiva limita, particulariza
seu sentido, tornando-a aplicável a determinado grupo de países. No segundo período,
faz-se referência a um pais cuja situação é bem conhecida por quem fala e por quem
ouve. No caso, a informação de que ele não trata a educação como prioridade é
considerada um fato notório, a que se quer dar destaque.
Os homens cujos princípios não são sólidos acabam se corrompendo.
Os homens, cujos princípios não são sólidos, acabam se corrompendo.
No primeiro período, está-se afirmando que apenas alguns homens aqueles que não têm
princípios sólidos são corruptíveis. O termo homens tem seu sentido particularizado,
limitado pela oração subordinada adjetiva restritiva ("cujos princípios não são sólidos",
introduzida pelo relativo cujos). No segundo período, faz-se uma afirmação de caráter
genérico: todos os homens de um determinado universo (um clube, um partido político,
uma escola, uma cidade, um país ou até mesmo o planeta todo) são corruptíveis, porque
se considera a falta de solidez dos princípios uma característica comum a todo e
qualquer homem de um determinado conjunto, que, como já foi dito, pode até ser o
planeta todo. A oração subordinada adjetiva é, nesse caso, explicativa.
A empresa tem duzentos funcionários que moram em Guaratinguetá.
A empresa tem duzentos funcionários, que moram em Cuaratinguetá.
No primeiro período, afirma-se que a empresa tem mais de duzentos funcionários, dos
quais duzentos moram em Guaratinguetá. A oração "que moram em Cuaratinguetá"
limita, restringe o sentido da palavra funcionários. É subordinada adjetiva restritiva. No
segundo período, afirma-se que a empresa tem exatamente duzentos funcionários e que
todos, absolutamente todos, moram em Guaratinguetá. A oração subordinada adjetiva é
explicativa.
Na relação que estabelecem com o termo que caracterizam, as orações subordinadas
adjetivas podem atuar de duas maneiras diversas. Há aquelas que restringem o sentido
do termo antecedente, individualizando-o - são as chamadas subordinadas adjetivas
restritivas - e aquelas que realçam um detalhe ou amplificam dados sobre o antecedente,
que já se encontra suficientemente definido - são as subordinadas adjetivas explicativas.
Observe:
jamais teria chegado aqui, não fosse a gentileza de um homem que passava naquele
momento.
O homem, que se considera racional, muitas vezes age animalescamente.
No primeiro período, a oração "que passava naquele momento" restringe e particulariza
o sentido da palavra homem: trata-se de um homem específico, único, que se
caracteriza, no caso, por estar passando por um determinado lugar num determinado
momento. A oração, na verdade, limita o universo de homens, isto é, não se refere a
todos os homens. E, portanto, uma oração subordinada adjetiva restritiva. No segundo
período, a oração "que se considera racional" não tem sentido restritivo em relação à
palavra homem: na verdade, essa oração apenas explicita uma idéia que já sabemos
estar contida no conceito de homem. A oração não faz referência a um determinado
homem, e sim ao conjunto de homens, a todos os homens, a qualquer homem. Trata-se,
portanto, de uma oração subordinada adjetiva explicativa.
Se você ler atentamente em voz alta os dois períodos acima, vai perceber que a oração
subordinada adjetiva explicativa é separada da oração principal por uma pausa, que, na
escrita, é representada pela vírgula. É comum, por isso, que a pontuação seja indicada
como forma de diferenciar as orações explicativas das restritivas: de fato, as
explicativas vêm sempre isoladas por vírgulas; as restritivas, não. Essa diferença é
facilmente perceptível quando se está diante de um período escrito por outrem; no
entanto, quando é preciso redigi-lo, é necessário levar em conta as diferenças de
significado que as orações restritivas e as explicativas implicam (afinal, é quem está
escrevendo que vai ter de colocar as vírgulas nesse caso!). Em muitos casos, a oração
subordinada adjetiva será explicativa ou restritiva de acordo com o que se pretende
dizer. Observe:
Mandei um telegrama para meu irmão que mora em Roma.
Mandei um telegrama para meu irmão, que mora em Roma.
No primeiro período, é possível afirmar com segurança que a pessoa que fala ou escreve
tem, no mínimo, dois irmãos, um que mora em Roma e um que mora em outro lugar. A
palavra irmão, no caso, precisa ter seu sentido limitado, ou seja, é preciso restringir seu
universo. Para isso se usa uma oração subordinada adjetiva restritiva. No segundo
período, é possível afirmar com segurança que a pessoa que fala ou escreve tem apenas
um irmão, o qual mora em Roma. A informação de que o irmão mora em Roma não é
uma particularidade, ou seja, não é um elemento identificador, diferenciador, e sim um
detalhe que se quer realçar.
Observe as diferenças de sentido produzidas nos períodos seguintes pelo uso de orações
subordinadas adjetivas restritivas e explicativas:
O país que não trata a educação como prioridade não pode fazer parte do rol das nações
civilizadas.
O país, que não trata a educação como prioridade, não pode fazer parte do rol das
nações civilizadas.
No primeiro período, faz-se uma afirmação de caráter genérico, irrestrito, que se aplica
a todo e qualquer país que não trata a educação como prioridade.
Restringindo a palavra país, a oração subordinada adjetiva restritiva limita, particulariza
seu sentido, tornando-a aplicável a determinado grupo de países. No segundo período,
faz-se referência a um pais cuja situação é bem conhecida por quem fala e por quem
ouve. No caso, a informação de que ele não trata a educação como prioridade é
considerada um fato notório, a que se quer dar destaque.
Os homens cujos princípios não são sólidos acabam se corrompendo.
Os homens, cujos princípios não são sólidos, acabam se corrompendo.
No primeiro período, está-se afirmando que apenas alguns homens aqueles que não têm
princípios sólidos são corruptíveis. O termo homens tem seu sentido particularizado,
limitado pela oração subordinada adjetiva restritiva ("cujos princípios não são sólidos",
introduzida pelo relativo cujos). No segundo período, faz-se uma afirmação de caráter
genérico: todos os homens de um determinado universo (um clube, um partido político,
uma escola, uma cidade, um país ou até mesmo o planeta todo) são corruptíveis, porque
se considera a falta de solidez dos princípios uma característica comum a todo e
qualquer homem de um determinado conjunto, que, como já foi dito, pode até ser o
planeta todo. A oração subordinada adjetiva é, nesse caso, explicativa.
A empresa tem duzentos funcionários que moram em Guaratinguetá.
A empresa tem duzentos funcionários, que moram em Cuaratinguetá.
No primeiro período, afirma-se que a empresa tem mais de duzentos funcionários, dos
quais duzentos moram em Guaratinguetá. A oração "que moram em Cuaratinguetá"
limita, restringe o sentido da palavra funcionários. É subordinada adjetiva restritiva. No
segundo período, afirma-se que a empresa tem exatamente duzentos funcionários e que
todos, absolutamente todos, moram em Guaratinguetá. A oração subordinada adjetiva é
explicativa.
domingo, 27 de setembro de 2009
PRECONCEITO E INCLUSÃO NA NORMA CULTA DA LÍNGUA
SOBRE O PRECONCEITO:
Sinceramente não percebo nenhuma espécie de preconceito linguístico. É óbvio que se o erro de português for escancarado e primário, o mesmo é objeto de escárnio, mas queria o quê??? Olhar a foto acima e não dar risada é no mínimo demonstração de mau-humor. Ninguém esta acima da gramática e não há quem se aventure a escrever um longo texto que não cometa algum erro relativo a norma culta.
Há pessoas que devido a sua atividade profissional não demonstram nenhum interesse em aprender e em melhorar sua redação. Outros o fazem por necessidade imperiosa, mas não vejo ninguém sendo excluído de um grupo por não saber escrever corretamente.
INCLUSÃO NA NORMA CULTA DA LÍNGUA:
Com a atual facilidade de adquirir uma gramática, qualquer pessoa pode melhorar seu nível de escrever e falar corretamente a língua portuguesa, mas como já disse cada um procura o que acha melhor para si. Uma cozinheira, um pedreiro, um motorista de ônibus pode não ter motivação alguma para compatibilizar sua redação com a norma culta, e daí???
Um professor, um advogado, um repórter, estes sim, devem melhorar e aperfeiçoar sua redação para que possam excetuar suas atividades profissionais sem pelo menos correr o risco de "fazer feio".
sexta-feira, 25 de setembro de 2009
QUANTO, COMO, QUANDO - PRONOME RELATIVO
INFORMAÇÃO DO SITE:
http://www.cursoaprovacao.com.br/cms/artigo.php?cod=592
∙ O relativo quanto (e suas flexões) refere-se a pessoa ou coisa. Quando precedido
de tudo, tanto, tem significado quantitativo indefinido.
Exemplos
Falou tudo quanto queria.
Coloque tantas quantas forem necessárias.
/////////////////////////////////
O pronome "quanto" só poderá ser usado após as palavras "tudo", "todos" ou "todas".
(DÍLSON CATARINO é professor de língua portuguesa e poeta. Ele leciona em Londrina )
///////////////////
POR PASQUALE CIPRO NETO:
Quanto, quantos e quantas são pronomes relativos quando seguem os pronomes
indefinidos tudo, todos ou todas. Atuam principalmente como sujeito e objeto direto.
a) sujeito: Tente interrogar todos quantos participaram da selvageria.
b) objeto direto: Comeu tudo quanto queria.
Como e quando exprimem noções de modo e tempo, respectivamente; atuam, portanto,
como adjuntos adverbiais de modo e de tempo:
É estranho o modo como ele me trata.
É a hora quando o sol começa a deitar-se.
http://www.cursoaprovacao.com.br/cms/artigo.php?cod=592
∙ O relativo quanto (e suas flexões) refere-se a pessoa ou coisa. Quando precedido
de tudo, tanto, tem significado quantitativo indefinido.
Exemplos
Falou tudo quanto queria.
Coloque tantas quantas forem necessárias.
/////////////////////////////////
O pronome "quanto" só poderá ser usado após as palavras "tudo", "todos" ou "todas".
(DÍLSON CATARINO é professor de língua portuguesa e poeta. Ele leciona em Londrina )
///////////////////
POR PASQUALE CIPRO NETO:
Quanto, quantos e quantas são pronomes relativos quando seguem os pronomes
indefinidos tudo, todos ou todas. Atuam principalmente como sujeito e objeto direto.
a) sujeito: Tente interrogar todos quantos participaram da selvageria.
b) objeto direto: Comeu tudo quanto queria.
Como e quando exprimem noções de modo e tempo, respectivamente; atuam, portanto,
como adjuntos adverbiais de modo e de tempo:
É estranho o modo como ele me trata.
É a hora quando o sol começa a deitar-se.
ONDE - PRONOME RELATIVO
INFORMAÇÕES EXTRAÍDAS DO SITE:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/colunas/noutraspalavras/ult2675u2.shtml
24/12/2004
Uso do "onde" requer muita atenção
THAÍS NICOLETI DE CAMARGO
Colunista da Folha Online
O que dá ensejo à coluna de hoje é uma curiosa frase publicada nesta semana em um jornal paulista. A idéia era noticiar a possibilidade de um astronauta brasileiro viajar em uma espaçonave russa apesar de receber treinamento nos Estados Unidos.
O texto do jornalista dizia o seguinte: "O astronauta brasileiro Marcos Cesar Pontes pode embarcar para a Estação Espacial Internacional em uma espaçonave russa. Pontes deveria viajar com os americanos, onde treina desde 98, mas problemas nos dois países tornaram isso pouco provável." A estranheza da construção acima advém do emprego equivocado da palavra "onde" (no caso, um pronome relativo), que deveria retomar uma expressão de lugar, mas não o faz.
Na verdade, o "onde" remete a uma idéia de lugar que não está explicitada no período, ou seja, a de que Pontes treina nos EUA. A melhor correção, entretanto, seria a substituição desse termo por "com quem" --afinal, Pontes treina com os americanos. A palavra "quem" (pronome relativo) deve ser precedida pela preposição que completa o sentido do verbo "treinar", pois o pronome "quem" retoma o antecedente "americanos". Assim, Pontes deveria viajar com os americanos, com quem (ou com os quais) treina.
É relativamente freqüente o uso incorreto do "onde". Vejamos outro fragmento, também extraído de jornal. Agora o assunto é a "sogra": "Versos, anedotas, provérbios, pilhérias, em todas as línguas do mundo, tornam a sogra objeto de ridículo feroz (...). Era o mesmo entre gregos e romanos e será difícil encontrar um povo onde a sogra não seja tema de perversidade e raiva constantes". Mais uma vez, o problema está no fato de o termo "onde" retomar uma palavra que não indica lugar, no caso "povo".
Pode o redator ter feito uma associação entre "povo" e "país". Mais adequado seria, nesse caso, empregar uma construção como: "(...) encontrar povos entre os quais a sogra não seja tema de perversidade e raiva constantes".
Uma parte da confusão nasce da crença na equivalência entre "onde" e "em que". É fato que "onde" pode ser substituído por "em que" ("país onde nasci" ou "país em que nasci", por exemplo), mas o inverso nem sempre é possível. Um exemplo desse equívoco está no trecho seguinte: "Só uma humanidade onde reine a civilização do amor poderá gozar da paz autêntica e duradoura".
Nesse trecho, caberia "em que" ou "na qual", mas não "onde", já que "humanidade" não é um lugar. O ideal, nesse caso, seria "uma humanidade em que reine a civilização do amor".
Caso semelhante a esse aparece no seguinte trecho: "O padrão de mulher mais velha do que o homem é mais encontrado entre as uniões consensuais, onde representa 25% do total. Nos casamentos civis e religiosos, essa porcentagem cai para 16%". A expressão "uniões consensuais" poderia ser retomada por meio das construções "em que" ou "nas quais". Assim: "O padrão de mulher mais velha do que o homem é mais encontrado entre as uniões consensuais, nas quais (em que) representa 25% do total. Nos casamentos civis e religiosos, essa porcentagem cai para 16%".
Por vezes, o problema pode estar no uso da preposição que antecede o "onde". Quando equivale a "em que", o "onde" não requer anteposição de preposição, mas, quando o verbo ou o nome exigir outra preposição, esta deverá anteceder o "onde". A ausência da preposição é o defeito da construção a seguir: "O 'aleph', o ponto mágico onde conflui todo o universo, é uma dessas extraordinárias máquinas mínimas". Ora, o universo conflui para um determinado ponto.
Portanto "o 'aleph' [é] o ponto mágico para onde conflui todo o universo". Melhor ainda seria usar "para o qual", expressão que valoriza a especificidade do local (o ponto). Assim: "O 'aleph' [é] o ponto mágico para o qual conflui todo o universo".
Quando a preposição que antecede o "onde" é o "a", ocorre a combinação de "a" com "onde", que resulta na forma "aonde". Assim, perguntamos "Onde está você?" (pois você está em algum lugar), mas "Aonde você vai?" (pois você vai a algum lugar).
Entendido que "onde" sempre retoma uma idéia de lugar, o estudante escreve em sua redação: "A faculdade onde freqüentava ficava em Guarulhos". E agora? Apesar de "a faculdade" ser um lugar, o emprego do "onde" está incorreto. Isso porque o substantivo "faculdade" é, semanticamente, denotador de lugar, mas o pronome que o retoma na segunda oração do período ("onde") não exerce a função sintática de adjunto adverbial de lugar.
Trocando isso em miúdos, o verbo "freqüentar" requer um objeto direto (afinal, freqüentamos algo), não um adjunto adverbial de lugar (afinal, ninguém freqüenta em que). A construção correta, então, é a seguinte: "A faculdade que freqüentava ficava em Guarulhos", e o pronome relativo "que" exerce na oração a que pertence a função de objeto direto. Na condição de pronome relativo, o "onde" sempre exerce a função de adjunto adverbial de lugar.
////////////////////////////////////////////////
POR PASQUALE CIPRO NETO:
Onde só é pronome relativo quando equivale a em que. Quando se diz "Onde você
nasceu?", não é possível pensar em pronome relativo; afinal, o período é simples, e você
sabe que o pronome relativo só aparece no período composto, para substituir numa
oração subordinada um termo da oração principal. No caso, onde é advérbio
interrogativo.
Quando pronome relativo, onde só pode ser usado na indicação de lugar, atuando
sintaticamente como adjunto adverbial de lugar:
Quero uma cidade tranqüila, onde possa passar alguns dias em paz.
A cidade onde nasci fica no Vale do Paraíba.
- nota da ledora: propaganda da camionete Pajero, em paisagem semelhante a Chapada
dos Guimarães, região de grande beleza rústica, com o seguinte texto:- Ideal num país
onde os prefeitos iniciam estradas e os sucessores param no meio.
- fim da nota.
Onde substitui o termo um país e desempenha na oração subordinada adjetiva a função
sintática de adjunto adverbial de lugar.
Onde substitui o termo um país e desempenha na oração subordinada adjetiva a função
sintatica de adjunto adverbial de lugar.
Há uma forte tendência, na língua portuguesa atual, em usar onde como relativo
universal, um verdadeiro cola-tudo. Esse uso curiosamente tende a ocorrer quando um
falante de desempenho lingüistico pouco eficiente procura "falar dífícil". Surgem então
frases como:
Vai ser um jogo muito díficil, muito disputado, onde nós vamos tentar conseguir mais
um resultado positivo.
Vivemos uma época muito difícil, onde a violência gratuita é dominante.
Não me alimentei bem, dormi mal, onde hoje não consegui uma boa marca.
A economia está em franco processo de recessão, os salários estão congelados, onde a
classe média não pode mais comprar como antes.
Na língua culta, escrita ou falada, onde deve ser limitado aos casos em que há indicação
de lugar físico, espacial. Quando não houver essa indicação, deve-se preferir em que, no
qual (e suas flexões na qual, nos quais, nas quais) e, nos casos da idéia de causa / efeito
ou de conclusão, portanto:
Vivemos uma época muito difícil, em que (na qual) a violência gratuita impera.
A economia está em franco processo de recessão, os salários estão congelados, portanto
(por isso) a classe média não pode mais comprar como antes.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/colunas/noutraspalavras/ult2675u2.shtml
24/12/2004
Uso do "onde" requer muita atenção
THAÍS NICOLETI DE CAMARGO
Colunista da Folha Online
O que dá ensejo à coluna de hoje é uma curiosa frase publicada nesta semana em um jornal paulista. A idéia era noticiar a possibilidade de um astronauta brasileiro viajar em uma espaçonave russa apesar de receber treinamento nos Estados Unidos.
O texto do jornalista dizia o seguinte: "O astronauta brasileiro Marcos Cesar Pontes pode embarcar para a Estação Espacial Internacional em uma espaçonave russa. Pontes deveria viajar com os americanos, onde treina desde 98, mas problemas nos dois países tornaram isso pouco provável." A estranheza da construção acima advém do emprego equivocado da palavra "onde" (no caso, um pronome relativo), que deveria retomar uma expressão de lugar, mas não o faz.
Na verdade, o "onde" remete a uma idéia de lugar que não está explicitada no período, ou seja, a de que Pontes treina nos EUA. A melhor correção, entretanto, seria a substituição desse termo por "com quem" --afinal, Pontes treina com os americanos. A palavra "quem" (pronome relativo) deve ser precedida pela preposição que completa o sentido do verbo "treinar", pois o pronome "quem" retoma o antecedente "americanos". Assim, Pontes deveria viajar com os americanos, com quem (ou com os quais) treina.
É relativamente freqüente o uso incorreto do "onde". Vejamos outro fragmento, também extraído de jornal. Agora o assunto é a "sogra": "Versos, anedotas, provérbios, pilhérias, em todas as línguas do mundo, tornam a sogra objeto de ridículo feroz (...). Era o mesmo entre gregos e romanos e será difícil encontrar um povo onde a sogra não seja tema de perversidade e raiva constantes". Mais uma vez, o problema está no fato de o termo "onde" retomar uma palavra que não indica lugar, no caso "povo".
Pode o redator ter feito uma associação entre "povo" e "país". Mais adequado seria, nesse caso, empregar uma construção como: "(...) encontrar povos entre os quais a sogra não seja tema de perversidade e raiva constantes".
Uma parte da confusão nasce da crença na equivalência entre "onde" e "em que". É fato que "onde" pode ser substituído por "em que" ("país onde nasci" ou "país em que nasci", por exemplo), mas o inverso nem sempre é possível. Um exemplo desse equívoco está no trecho seguinte: "Só uma humanidade onde reine a civilização do amor poderá gozar da paz autêntica e duradoura".
Nesse trecho, caberia "em que" ou "na qual", mas não "onde", já que "humanidade" não é um lugar. O ideal, nesse caso, seria "uma humanidade em que reine a civilização do amor".
Caso semelhante a esse aparece no seguinte trecho: "O padrão de mulher mais velha do que o homem é mais encontrado entre as uniões consensuais, onde representa 25% do total. Nos casamentos civis e religiosos, essa porcentagem cai para 16%". A expressão "uniões consensuais" poderia ser retomada por meio das construções "em que" ou "nas quais". Assim: "O padrão de mulher mais velha do que o homem é mais encontrado entre as uniões consensuais, nas quais (em que) representa 25% do total. Nos casamentos civis e religiosos, essa porcentagem cai para 16%".
Por vezes, o problema pode estar no uso da preposição que antecede o "onde". Quando equivale a "em que", o "onde" não requer anteposição de preposição, mas, quando o verbo ou o nome exigir outra preposição, esta deverá anteceder o "onde". A ausência da preposição é o defeito da construção a seguir: "O 'aleph', o ponto mágico onde conflui todo o universo, é uma dessas extraordinárias máquinas mínimas". Ora, o universo conflui para um determinado ponto.
Portanto "o 'aleph' [é] o ponto mágico para onde conflui todo o universo". Melhor ainda seria usar "para o qual", expressão que valoriza a especificidade do local (o ponto). Assim: "O 'aleph' [é] o ponto mágico para o qual conflui todo o universo".
Quando a preposição que antecede o "onde" é o "a", ocorre a combinação de "a" com "onde", que resulta na forma "aonde". Assim, perguntamos "Onde está você?" (pois você está em algum lugar), mas "Aonde você vai?" (pois você vai a algum lugar).
Entendido que "onde" sempre retoma uma idéia de lugar, o estudante escreve em sua redação: "A faculdade onde freqüentava ficava em Guarulhos". E agora? Apesar de "a faculdade" ser um lugar, o emprego do "onde" está incorreto. Isso porque o substantivo "faculdade" é, semanticamente, denotador de lugar, mas o pronome que o retoma na segunda oração do período ("onde") não exerce a função sintática de adjunto adverbial de lugar.
Trocando isso em miúdos, o verbo "freqüentar" requer um objeto direto (afinal, freqüentamos algo), não um adjunto adverbial de lugar (afinal, ninguém freqüenta em que). A construção correta, então, é a seguinte: "A faculdade que freqüentava ficava em Guarulhos", e o pronome relativo "que" exerce na oração a que pertence a função de objeto direto. Na condição de pronome relativo, o "onde" sempre exerce a função de adjunto adverbial de lugar.
////////////////////////////////////////////////
POR PASQUALE CIPRO NETO:
Onde só é pronome relativo quando equivale a em que. Quando se diz "Onde você
nasceu?", não é possível pensar em pronome relativo; afinal, o período é simples, e você
sabe que o pronome relativo só aparece no período composto, para substituir numa
oração subordinada um termo da oração principal. No caso, onde é advérbio
interrogativo.
Quando pronome relativo, onde só pode ser usado na indicação de lugar, atuando
sintaticamente como adjunto adverbial de lugar:
Quero uma cidade tranqüila, onde possa passar alguns dias em paz.
A cidade onde nasci fica no Vale do Paraíba.
- nota da ledora: propaganda da camionete Pajero, em paisagem semelhante a Chapada
dos Guimarães, região de grande beleza rústica, com o seguinte texto:- Ideal num país
onde os prefeitos iniciam estradas e os sucessores param no meio.
- fim da nota.
Onde substitui o termo um país e desempenha na oração subordinada adjetiva a função
sintática de adjunto adverbial de lugar.
Onde substitui o termo um país e desempenha na oração subordinada adjetiva a função
sintatica de adjunto adverbial de lugar.
Há uma forte tendência, na língua portuguesa atual, em usar onde como relativo
universal, um verdadeiro cola-tudo. Esse uso curiosamente tende a ocorrer quando um
falante de desempenho lingüistico pouco eficiente procura "falar dífícil". Surgem então
frases como:
Vai ser um jogo muito díficil, muito disputado, onde nós vamos tentar conseguir mais
um resultado positivo.
Vivemos uma época muito difícil, onde a violência gratuita é dominante.
Não me alimentei bem, dormi mal, onde hoje não consegui uma boa marca.
A economia está em franco processo de recessão, os salários estão congelados, onde a
classe média não pode mais comprar como antes.
Na língua culta, escrita ou falada, onde deve ser limitado aos casos em que há indicação
de lugar físico, espacial. Quando não houver essa indicação, deve-se preferir em que, no
qual (e suas flexões na qual, nos quais, nas quais) e, nos casos da idéia de causa / efeito
ou de conclusão, portanto:
Vivemos uma época muito difícil, em que (na qual) a violência gratuita impera.
A economia está em franco processo de recessão, os salários estão congelados, portanto
(por isso) a classe média não pode mais comprar como antes.
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